Ilusões

(A propósito de uma escaramuça, aqui no Cacifo, sobre a influência de jogadores medíocres no alicerçar da alma Leonina.) 

 

Eu gostava do Meszaros porque ele era excêntrico.

Durante o jogo tinha truques hilariantes – simulava que enviava a bola para o lado esquerdo e ao largá-la prematuramente, endereçava-a para o lado direito. A equipa adversária era completamente enganada e o estádio ria-se em uníssono.

Fumava no balneário, num célebre Sporting-Benfica, como estava nervoso, deu uma passa no cigarro de um fotógrafo, em pleno jogo!!

Foi o primeiro guarda-redes que vi jogar de calções compridos, tinha 10 anos, tornou-se um ídolo. Apesar de não ter sido o melhor guarda-redes da nossa história, cimentou o meu jovem Sportinguismo.

 

Outros há, que nunca atingindo o brilhantismo de Ferenc, o magiar, também ajudaram à doença, embora… noutra vertente.

 

Marlon Brandão- Este pequeno brasileiro foi anunciado como a salvação. A transferência demorou a ser efectivada e o correspondeste de “ A Bola” no Brasil, Jaime não-sei-o-quê, relatava os magníficos feitos desta jovem certeza do futebol mundial, tri-semanalmente.

Numa crónica, garantiu que na cidade do Recife já havia um suco com o seu nome, tal era a loucura!

Dentro de mim gerou-se uma expectativa enorme, foram semanas de ansiedade.

O Marlon chegou, jogou… e afinal o suco era uma merda.

Jogador jeitoso para equipas pequenas, como se confirmou no Boavista.

 

Infelizmente este caso não é único;

 

Bela Katzirz, o keeper que no aquecimento tocava com o pé na barra da baliza.

UAU, exclamava o estádio no dia da apresentação.

A seguir foi o que se viu… não apanhava bolas rente ao solo, uma miséria, uma anedota de guarda-redes.

 

Rudolfo Rodriguez, titular da selecção do Uruguai, uma unha do leão de Jorge Gonçalves, o bigodes. Um flop.

 

Kmet, melhor jogador do torneio de Toulon pela selecção Argentina, um balúrdio, uma bosta proporcional ao preço.

 

Gimenez, Leandro, Carlos Miguel, Porfírio, Peixe….

 

Isto é uma lista que não tem fim.

O sentimento era amargo, por vezes, até ridículo e cómico. Foi com estes artistas que cresci como adepto do Sporting, foi das ilusões geradas à volta da sua valia, que também se alimentou o bicho verde que há dentro de mim.

Não sou do Sporting por causa deles, mas estes pernas-de-pau, bem ou mal, contribuíram.

 

4 thoughts on “Ilusões

  1. Caro Meszaros,

    Já que referes grandes esperanças que se tornaram amargas desilusões, quero destacar um exemplo bem mais recente, que trilhou o caminho inverso e faz parte da minha lista de imortais: Beto Acosta, El Matador!

    Abraço Leonino!

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