O Sporting é uma das melhores escolas de futebolistas do mundo. Pacífico. Mais, nos últimos 20 anos deu mais brilho à magia do futebol que qualquer outro clube no mundo. Figo e Ronaldo são os reis. Mas Simão, Quaresma e Nani fazem coisas que os tornam diferentes entre iguais. E por iguais entende-se a super-classe média do futebol. Todos na esteira de Futre… o pequeno pioneiro do Montijo na arte moderna formada em Alvalade. Não está em causa apenas os títulos, as vitórias, a competitividade… é a magia, a finta, a revienga, a chicuelina.
Mas há um mito nisto. O Sporting é uma das melhores escolas de futebolistas do mundo. Mas não é uma das melhores escolas de formação do mundo. Pelo contrário. É das piores entidades formadoras de homens do planeta. Em comum as vedetas que saem de Alvalade têm duas coisas: técnica genial e ganância. Dinheirinho. Money. São demasiados exemplos para ser coincidência: o Figo quis mais ser milionário; o Simão quis ser lampião; o Quaresma quis fugir; o Nani quis ser o Ronaldo. E o Ronaldo é parvo. É genial, mas parvo.
Esforço, dedicação, devoção e glória. O Figo disse um dia que é o lema da sua carreira. Mas não é. Esforço e dedicação, ninguém duvida. Glória parece-me óbvio. Mas da devoção nenhum dos formados em Alvalade demonstra ter um pingo. Para o Sporting isto podia ser indiferente: tens os louros de formar craques, recebe quantias razoáveis de forma regular. E siga, em busca de novos craques. Mas é grave. Porque se perpetua uma cultura que fere de morte a alma do clube. O Sporting não tem símbolos contemporâneos. E cada candidato rapidamente se transforma noutro vazio. Moutinho, Veloso e Djaló. E já há novos candidatos: Carriço, Patrício, Adrien e Pereirinha. Mas o que será que esta gente tem na cabeça? Ok, o futebol português é fraco, eles são jovens e há muito dinheiro para ganhar. Mas e o verde e branco? O estádio aos urros? O Marquês de Pombal? O escudo nas camisolas? O delírio da galera? E o clube que lhes deu tudo e só pediu (alguma) fidelidade e paixão?
A culpa não é só deles, a cultura contabilística das SAD ajuda e muito. Aposta-se tanto na formação para quê? Para fazer milionários? Não será melhor contratar uns quantos sociólogos lá para a Academia, para explicar aos meninos alguma noção de valores que não o preço do euro? Dizem-me que os putos do Sporting reflectem a sociedade portuguesa desfocada pelo materialismo… talvez, mas ficar no Sporting não é propriamente ir viver para uma gruta na praia.
Uma coisa parece certa: o primeiro herói que ficar no Sporting contra a tentação de mais uns milhares de euros tem os adeptos aos pés. Para sempre. Se não houver nenhum, fica o Sporting de joelhos, sem alma, identidade, sem ídolos e completamente à mercê dos carreiristas do nosso futebol.