[…] Talvez a forma como se integram os jovens tenha que ser um pouco mais pensada e um pouco mais lenta, para haver uma mescla maior entre juventude e experiência […] Chegar à equipa principal do Sporting tem que ser um fim. Não pode ser um trampolim“, JEB in O Jogo, sobre os jovens jogadores olharem a equipa principal como uma forma de darem o salto para outro campeonato.
Mês: Maio 2009
Um treinador que vende camisolas
Foi desta forma que Paulo Cristóvão promoveu a sua conferência de imprensa desta tarde (19h), onde apresentará um treinador estrangeiro com experiência. O Cacifo fez uma ronda pelo “diz que pode ser este” da nossa imprensa e deixa-vos uma lista de nomes para quem quiser juntar uma aposta aos números do euromilhões:
Rijkaard, Klinsmann, Laudrup, Co Adriaanse, Trapattoni, Mancini, Balakov, Scolari, Van Gaal, Jozic, Pekerman, Zico, Radomir Antic, Bernd Schuster, Ruud Gullit, Luiz Fernandez… e há até quem diga que esta pode ser uma manobra de diversão para apresentar Jesus.
O Bolton espera por ti
Quer-me parecer que o Miguel Veloso colocou um ponto final no seu percurso como jogador do Sporting. “O Miguel não é defesa esquerdo nem gosta de jogar a defesa esquerdo […] Querem fazer do Miguel pode expiatório […] Se o mister quer que o Miguel vá embora, é uma opção dele, não minha”, são apenas algumas das frases que podem ser vistas aqui e que deixam este futuro Hugo Viana com os dois pés fora do Sporting.
Futebol feliz
Depois de anos a penar, com Mourinhos, Benitez ou Ancelottis, finalmente o futebol está feliz. Uma obra de dois homens, dois iluminados. Dois catalães cujas decisões e competência fizeram mais pelo futuro do futebol que 20 anos de Champions League. Guardiola e Laporta são as personagens mais importantes do futebol de fato e gravata do século XXI. No mínimo.
A vitória do Barça teve duas ironias: primeiro, não devia ter acontecido, porque foram altamente beneficiados contra o Chelsea. Mas até aí foi uma qualificação para a história, contra o poder que inflacionou o futebol nos últimos anos, destruindo a democracia inerente; depois, ganhou contra-natura, a defender, a controlar… mas com a mesma inteligência táctica, mestria técnica, alma colectiva e rigor mental com que revolucionou o futebol de ataque. E, agora, o futebol moderno.
Para além da incomparável competência do treinador, que junta à capacidade de trabalho e à formação futebolística de excelência, um nível de bom senso raro, este Barça também goza de algo inigualável no futebol moderno: uma gigantesca alma! Um amor à camisola, ao símbolo, à história. Futebolística (Dream Team) e cultural (catalã).
Finalmente, a vitória deste Barça é a vitória da improbabilidade genética. É uma vitória da esquerda. Não somos todos geneticamente iguais, felizmente. Mas somos todos iguais à luz da lei, somos todos iguais no direito de acesso às oportunidades de sermos melhores, os melhores. Somos todos iguais por precisarmos sempre dos outros, do outro, mesmo do que é diferente. Os pequenos, deformados e feios do Barça impuseram-se aos perfeitos, altos e bonitos do Man U. Porque jogam um futebol que precisa do outro, porque as suas limitações físicas são, de facto, uma vantagem, porque os artistas não são perfeitos. São geniais.
A discussão entre Messi e Ronaldo promete eternizar-se. São dois fenómenos. Mas os dois melhores jogadores de futebol do Mundo, hoje, são o Iniesta e o Xavi. Os motores futebolísticos das duas melhores equipas do mundo, clube e selecção.
Eu tive o privilégio de ver o Barça jogar ao vivo, este ano. Nunca tive tanto prazer em ver o Sporting goleado. Porque só num estádio é que se percebe a dimensão futebolística deste Barça, especialmente no ataque. A perfeição táctica, as jogadas ensaiadas de futebol corrido, o posicionamento militar, o toque e a liberdade para criar, sem complexos. Só no estádio é que percebi que esta é a melhor equipa de futebol que eu vi jogar na minha vida, até hoje. A boa notícia é que, com esta Champions, a probabilidade de ser superada na história aumentou consideravelmente.
PS: Que não se justifique com o exemplo do Barça a aposta do Sporting na formação. Não só é patético, como absolutamente ilusório… Para o Barça é uma questão cultural, para o Sporting é um mero meio de financiamento, que enche o bolso sempre aos mesmos e que dá poucas alegrias aos adeptos. Até nisso, pode ser que a moda do Barça mude alguma coisa em Alvalade (os percursos de Paulo Bento e Guardiola não deixam de ser curioso: circunstancialmente paralelos, mas na essência não podiam ser mais distintos).
É pena
José Eduardo Bettencourt recusou um debate televisivo com Paulo Pereira Cristóvão, que colocaria frente a frente os dois candidatos.
Bettencourt perde uma excelente oportunidade de perguntar ao Cristóvão que é o benemérito que vai oferecer-lhe o terreno para a construção do pavilhão.
Cristóvão perde uma excelente oportunidade de chamar maricas ao Bettencourt, depois deste dar a entender que uma das razões para ficar com Paulo Bento é termos pouco tempo para preparar a pré da Champions e a próxima época.
Nós, adeptos, perdemos uma oportunidade de tirar algumas dúvidas ou, pelo menos, de ouvir o Cristóvão completar o que começou a dizer ontem, na SIC: “O Sporting precisa de um treinador com mais experiência. Não gosto de segundos lugares e não me preenche ficar à frente do Benfica. O que me preocupa é ficar sempre atrás do FC Porto. Paulo Bento, enquanto homem, fez muito pelo Sporting e teve de fazer o que outros, por inépcia, não fizeram, como lhes competia, mas Paulo Bento não será o meu treinador, que anunciarei nos próximos dias, quando tiver tudo acertado“.
Qualquer dia estamos a jogar com extremos!
“A época mal terminou, mas Paulo Bento, de 39 anos, não perdeu tempo e já começou a definir com a estrutura do futebol leonino os contornos do plantel da próxima época, caso continue no comando técnico do Sporting […] De saída de Alvalade estão Rodrigo Tiuí, Ronny e Romagnoli, fruto de uma temporada menos conseguida. O herói da Taça de Portugal da última época deverá ser cedido por empréstimo, enquanto o lateral-esquerdo e o argentino, ambos com apenas mais um ano de contrato, poderão sair a título definitivo.”, in Record
p.s. – podiam juntar o Abel aos três estarolas…
Dissemos adeus à oitava jornada
Podem falar do empate na Trofa. Da derrota em casa, com o Braga. Ou, se quiserem ser líricos, do empate em Coimbra.
Para mim, e completando o balanço da época feito pelo Douglas no post anterior (e com o qual concordo em quase tudo), a confirmação de que não seríamos campeões deu-se à oitava jornada, quando perdemos em casa com o Leixões. Não agarrámos a liderança e, pior, foi um balde de água fria para aquela que, muito provavelmente, foi a melhor assistência da época, em Alvalade.
2º LUGAR FOREVER
Não me apetece. Esta é a melhor forma de resumir a época 2008/2009 do Sporting. Não me apetece fazer um balanço de mais um “primeiro lugar dos últimos”. Quatro anos sempre em segundo. Quem quiser contentar-se com taças e Champions, está à vontade… No primeiro ano, depois da catástrofe Peseiro, é positivo. No segundo ano, é aceitável. No terceiro ano, já daria motivo para mudar tudo. No quarto, com a melhor equipa deste ciclo, é inaceitável. É mau. E indesculpável. Porquê?
– o Sporting só ganhou um jogo contra uma equipa igual ou melhor.
– o losango eternizou-se, sem alternativa.
– os jogadores com mais potencial não evoluíram, alguns regrediram.
– fomos historicamente humilhados na Europa por decisões puramente técnicas.
– fizemos apenas uma meia-hora entusiasmante em toda a época.
– fomos objectivamente prejudicados pela arbitragem, numa atitude corporativista do apito motivada pelos comportamentos do treinador do Sporting.
– não temos jogadas estudadas nos lances de bola parada.
– Abel, Ronny, Veloso, Romagnoli e Tiuí ainda fazem parte do plantel e são escolhidos (uns mais que outros) para jogar a titulares do Sporting.
Estas são as razões de mais um segundo lugar. E são razões para acabar com o ciclo, embora já tarde… Aparentemente, não é isso que vai acontecer. No ano passado, por esta altura, eu acreditava – a medo – que o Paulo Bento ia aprender com os erros e saber evoluir. Depois desta época, deixo cair o benefício da dúvida. Para 2009/2010, espero mais do mesmo, talvez com uma (importante) maior dose de bom senso na pessoa que dirige o clube, que pode minimizar alguns erros deste ano. Mas, se o FC Porto voltar a fazer a mesma gestão para dentro (plantel, organização) e para fora (pressões, mecenato), duvido muito que consigamos mais que um segundo lugar. Outra vez.
Dito isto, há momentos e personagens de 2008/2009 para recordar:
Liedson: eu tenho a mania que as camisolas do Sporting que compro têm de ser especiais. Com nomes especiais nas costas. Tenho uma do Sá Pinto. Com o escudo na manga. Tive momentos de dúvida (sobretudo na última época em que jogou), mas agora tenho a certeza que é uma boa camisola, que poderei mostrar com orgulho aos meus netos. Tenho outra do Moutinho. Estava convicto quando a comprei. Português (um critério importante), feito no Sporting, capitão precoce, jogador com potencial fabuloso. Hoje, tenho momentos de dúvida. E desde aquele maldito dia no Algarve, nunca mais a usei. Arrependi-me de não ter uma do Acosta. Depois desta época, não tenho dúvidas: assim que o nome dele estiver no papel, eu meto-me no Metro, saio no Campo Grande, entro na Loja e peço “uma camisola, se faz favor. O nome? Liedson, minha senhora, um dos melhores jogadores da história do nosso clube”.
Vukcevic: depois de tantos meses encostado contra a parede com orelhas de burro, aquelas semanas do regresso foram das mais entusiasmantes da época. Então quando jogou na frente, voltou a mostrar que é o jogador com mais potencial do plantel. O Vuk é, para o Sporting, o que o Hulk é para o Porto. O brasileiro teve um treinador que o ajudou a crescer, psicologica e tacticamente. O Vuk teve o Paulo Bento. Se ficar muitos anos no Sporting, será um ídolo tão grande como o Balakov ou o Sá Pinto. Já é o meu ídolo. Porque tem técnica, garra, golo e é louco. E tem uma capacidade inata de gerar empatia leonina. Priceless…
“Lembras-te daquela segunda parte contra os lampiões?”: quando se falar desta época, a única coisa (positiva) que ficará para a história serão esses absolutamente fabulosos 45 minutos. Muito pouco… mas bom.
Golo do Liedson contra os lampiões: o momento futebolístico do ano em Alvalade.
Primeiros oitavos de final na Champions: alguém acha mesmo que valeu a pena?
Mais uma fornada: Adrien, Patrício, Carriço, Pereirinha… nasceu o futuro do Sporting. Mas que futuro? Um Sporting estagnado, corporizado por Moutinho, Veloso e Djaló? Ou um Sporting feliz, em que estes jogadores, daqui a 12 meses, valham, futebolisticamente, o dobro do que valem agora? Eis o Grande Dilema…
O Bloco de Notas do Gabriel Alves – Jornada 30
OS ÚLTIMOS DEZ
Sporting – Paços de Ferreira 2-0
Sporting – Rio Ave 2-0
Leixões – Sporting 0-1
Sporting – Naval 3-1
Vit. Guimarães – Sporting 1-2
Sporting – Estrela da Amadora 2-1
Académica – Sporting 0-0
Sporting – Vit. Setúbal 2-1
Marítimo – Sporting 1-2
Sporting – Nacional
(domingo 24; 19h00)
Chega hoje ao fim a época em que conquistámos o tetra da segunda posição. Guardando balanços para outras núpcias, chegamos ao último jogo com metade do plantel entrevado ou castigado, o que obrigará Paulo Bento a apresentar a seguinte equipa: Patrício (ou Tiago); Tonel, Polga, Carriço e Ronny; Adrien, Pereirinha, Romagnoli e Yannick; Liedson e Derlei.
A adaptação de Tonel a defesa-direito não causará grandes problemas, pois o que Abel faz não será complicado de igualar, mas tenho pena que não seja uma oportunidade para Cedric jogar.
Já agora, e e tendo em conta que o Paulo Bento vem ler o Cacifo, arrisco a deixar uma sugestão: quando a equipa atacar, o Tonel que se junte a Polga e Carriço, formando uma linha de três, permitindo a Ronny subir à linha média e Yannick assumir-se como extremo esquerdo. É capaz de surpreender o MM.
p.s. – não posso deixar de achar curioso que nenhum dos quatro júniores convocados seja extremo ou jogue junto à linha (tirando o defesa-direito Cedric, claro). Diogo Amado joga ao meio, mais defensivo, Rabiu e Renato Neto são mais ofensivos, com este último a descair várias vezes para a direita. Tudo bem que, por exemplo, o Diogo Rosado estava nos sub-19, mas temo que este seja mais um exemplo da filosofia de jogo de PB: losango forever!
(já agora, Portugal ganhou 3-0, com um golo de Rosado, boa exibição de Wilson Eduardo e uma dupla de centrais saída de Alcochete, Pedro Mendes e Nuno Reis, que também marcou. Ah, e o tal de Rui Fonte, avançado que acabou de crescer no Arsenal e vai voltar a Alvalade, inaugurou o marcador).
Para sempe Leão
“”Não sei quando será formalizada a renovação. Estamos todos tranquilos e aguardamos por indicações do Sporting. Ficou tudo acordado na última reunião. As pessoas são sérias e não gostam de falar antes de tudo assinado. Só falta mesmo a assinatura, e o processo eleitoral não vai prejudicar em nada. Há seriedade no Sporting. Tenho muito respeito e carinho por José Eduardo Bettencourt, Miguel Ribeiro Telles e Rita Figueira… Todos eles vão continuar, logo haverá continuidade“, Gilmar Veloz, in O Jogo.
“Sim, Liedson vai ser do Sporting por mais três anos“, Gilmar Veloz, in A Bola.