Pesos e medidas

Sim, este post é sobre o Rochemback. Não, não vou falar sobre as medidas especiais deste médio que, em tempos, foi dos mais ovacionados pelas bancadas de Alvalade.

Acontece que, depois dos recadinhos deixados pelo seu empresário, o Fábio, entre três garfadas de farofa, resolveu fazer queixinhas ao pai, o tal que criou um circuito de manutenção na fazenda para que o seu filho chegasse a Alvalade sem correr o risco de ser metido no saco de bolas carregado pelo Paulinho.

Pai extremoso, o bom do Juarez não perdeu tempo em tomar as dores do filho e, vai daí, dispara recadinhos:

na Bola: “O Fábio não está satsifeito. Não entende a razão pela qual não joga. Até ao momento, só por uma vez foi titular [jogo frente ao Nacional] e saiu ao intervalo. Depois disso, o treinador não lhe deu qualquer explicação para a sua saída da equipa e ele gostava de saber a razão por que não joga. Isso o Fábio tem-me dito. […] Parece-me que o treinador está um pouco perdido. Estou no Brasil mas tenho assistido aos jogos. No último jogo, estava a perder e trocou lateral por lateral. É sinal de alguma desorientação

no Jogo “Ele tem lugar na equipa e sem ele a equipa não está a conseguir resultados. Só lhe peço que continue a trabalhar e vão ver que tem condições para jogar. Com uma sequência de jogos fica em forma

no Mais Futebol “Tenho 14 anos de experiência no futebol e sei como se monta uma equipa. Às vezes pergunto ao meu filho: Fábio, quem está contigo no banco de suplentes? Ele diz-me que só tem lá laterais e avançados. Como pode ser isso? […] Não tenho nada contra o Miguel Veloso, que está a jogar naquela posição, mas se o Sporting não ganhava, a culpa não era do Fábio […] Não pode ser apenas um médio a defender. Os outros dois estão a jogar demasiado abertos. Como fica um médio para três ou quatro adversários? Há coisas que não entendo. Aquele menino, o Adrien, que jogou bem quando o Fábio não estava, agora nem é convocado!”

 

Portanto, e voltando ao título deste post, estou curioso para ver que reacção Paulo Bento e a restante estrutura que gere o nosso futebol vão ter a todos estes recadinhos, enviados em véspera de um jogo muito importante e em nada diferentes de, por exemplo, aqueles que foram enviados pelo irmão de Stojkovic ou pelo pai de Miguel Veloso.

p.s. – ao que parece o Corinthians é o clube que está disposto a comprar o Rochemback. Tendo em conta a relação ordenado/produção futebolística deste rapaz, eu diria quem os nossos dirigentes nem deviam pensar duas vezes. Vendam-no! Com o ordenado do menino conseguem pagar dois ou três.

Obrigado Paulo Bento

Desde Munique, estamos imparáveis… após cada jogo mais marcante, novo fôlego leonino, nova marca para a história, sempre a superarmo-nos, sempre em grande. Há disputas internas, motivações intestinas, momentos de génio, há trabalho de casa, também. É verdade que se sentia que estávamos a crescer, desde o final do ano passado, sobretudo. Mas desde aquele dia, depois daquele jogo, tocámos um bocadinho na história. E, desde então, o céu é claramente o limite.

Tudo resulta quando há trabalho, muita dedicação, muita devoção, culminando, em dias como o de hoje, numa saborosa glória.

Podíamos estar a falar do Sporting, mas não estamos. Falamos do Cacifo. Sim, porque o Cacifo voltou hoje a bater um recorde. E, por isso, agradecemos ao Paulo Bento. É grande a sua responsabilidade. Paulo suscita a discussão, tem defensores, tem críticos, é incompetente, mas tem carisma, é teimoso, mas é um gajo porreiro. É uma contradição. Como o próprio Cacifo.

Em jeito de tímido balanço, fica um número: zero. Zero pessoas vieram cá parar por escrever “papanicolau”, o que é uma manifesta injustiça, não tanto pelo sumo pontífice, mas mais pelas imagens mentais que o dito exame clínico sugere. Mas também zero é o número de títulos de campeão ganhos desde que existe o Cacifo, já lá vai ano e meio. Desde que existe o treinador Paulo Bento.

Contudo, já muito boa gente escreveu “amadoras” e veio cá parar. Gente desiludida, seguramente. Por aqui, há muito pouco amadorismo na arte ou engenho de pensar, discutir, escrever, gritar, cuspir o que se pensa sobre o Sporting. No bem ou no mal. Batemos mais recordes quando a revolta é maior? Sim. Porque temos hábitos democráticos de discussão, porque o espaço público para essa discussão definhou nas suas formas tradicionais, porque a doença verde-e-branca dá-nos na barriga, no peito, nos pés, na cabeça, mas não afecta a capacidade de raciocinar e muito menos os tomates. E a democracia nos clubes (ou nos países) serve tanto para eleger o Paulo Bento com 90% como para colocá-lo com uma maçã na cabeça, todo nú, ao dispor de todos nós. No Sporting é assim. No Cacifo é assim. Não há censura (calminha aí, ó Dinis, não abuses) e autocracia, como noutros códigos-postais. Há vontade de pensar. Quando se perde, pensa-se mais. Quando se ganha, sente-se mais e pensa-se muito pouco.  

Aposto que quando formos campeões, o Cacifo não terá nem uma visita… a não ser que haja wireless no Marquês… Para já, batemos recordes. Obrigado Paulo.

Vai mas é fazer dieta, gordo!

Vifran Pompeu, empresário de Rochemback, diz que o médio está farto de ser suplente, que não está gordo, que teve um filho e está mais maduro, que é bom profissional, mas que se é para continuar no banco o melhor é sair, sendo que há boas propostas para tal.
Curioso… não foi este gordo, amante de picanha e chopinho, que criticou publicamente o Miguel Veloso por este ter dito que queria sair? Vai-te foder, oh badocha!

Composto de mudança

paulo-bento

Mais do que reforçar o meio-campo (onde anda Diogo Rosado?);
mais do que reforçar a defesa num misto de qualidade e poder atlético (embora quem manda continue a achar, à semelhança dos últimos três anos, que tal coisa não faz falta);
mais do que ter um esquema de jogo alternativo ao losango (que não um 4-3-3 manhoso com o Liedson a descair para a esquerda e o Yannick, que nos júniores era muitas vezes extremo esquerdo, à direita);
mais do que deixar o especialista contratado neste defeso bater uma única bola parada, nem que seja um canto;
mais do que levar a equipa toda ao psicólogo;
mais do que encontrar a fórmula milagrosa que permita recuperar os jogadores fisicamente do mau planeamento a pré-época;
mais do que deixar o Caicedo numa alcofa à porta do Man City;
mais do que cumprir promessas eleitorais e deixar de agendar jogos para Alvalade depois das nove da noite;

não seria mais urgente, e visto que o homem está agarrado que nem uma lapa ao tacho e recusa-se a colocar o lugar à disposição, trocar de treinador?

REGRESSO AO FUTURO

Apetece-me pouco falar do Sporting. Deste Sporting. Porque é sempre igual. Já estou cansado do que eu próprio penso e escrevo sobre o Sporting. É sempre a mesma coisa. Sempre os mesmo erros. Este jogo acrescentou apenas algo relativamente novo, depois do que se viu contra a Fiorentina: a incógnita sobre se a equipa não tem preparador físico ou se é um caso grave de debilidade psicológica. Eu inclino-me para a segunda, associada, como por aqui se disse já tanta vez, a evidentes problemas de incompetência, insensatez e teimosia. E à já tradicional impunidade.

Individualmente, só se destacaram a exibição de Miguel Veloso e o golo do Floribela, desejosos ambos de se pirarem daqui para fora. Arrepia a forma do Liedson e assusta a intermitência do Mati. Já o Caicedo é o que se temia… citando uma voz de bancada, “não tem categoria”.

Alguém tem dúvidas que se esta equipa fosse novamente a Munique, jogar nas mesmas circunstâncias, arriscava-se a levar as mesmas sete batatas. E nada muda? Até quando?

O Bloco de Notas do Gabriel Alves – 2ª jornada

É um estádio bonito, novo… arejado
Sporting – Sp. Braga
22 Agosto 2009, 21h15, Estádio José Alvalade

Uma humidade relativa, muito superior a 100%
Eu gostava mesmo que me explicassem porque raio o nosso primeiro jogo em casa é a esta hora ridícula? É Verão, está bom tempo, há vontade de ir à bola e, principalmente, o nosso presidente disse que ia empenhar-se em alterar estes horários sem jeito nenhum.

A selecção do Mali tem um futebol com perfume selvagem e com um odor realmente fresco…
O Braga chega a Alvalade como líder do campeonato, depois de ter arrancado a ferros três pontinhos na ronda inicial, frente à Académica. A exibição não convenceu, muito menos fez esquecer a eliminação europeia frente ao modesto Elfsborg, mas serviu para moralizar uma equipa que chega a Alvalade ainda à procura de adaptrar-se à mudança de treinador.

Este homem é um Mister
Domingos, apesar de continuar a ser um tripeirão de primeira, tem uma postura simpática enquanto treinador e considero que justificou a oportunidade de treinar uma equipa como o Braga. Tem a tarefa complicada de substituir Jorge Jesus, mas a seu favor joga o facto de a equipa praticamente não ter sido alterada: no 4-4-2 apenas duas caras novas; Hugo Viana e Diogo Valente.

Ele é excelente nestes lances porque a bola está morta e passa a estar viva
Meyong foi o herói do primeiro jogo e é um avançado perigoso. Hugo Viana regressa a Alvalade e por certo vai fazer suspirar de saudades todos aqueles sportinguistas que acham que já o devíamos ter trazido de volta (eu não acho). Rodriguez é um bom central e Eduardo um guarda-redes irritante que teima em fazer bons jogos contra o Sporting.

 A vantagem de ter duas pernas!
Alan é o Djaló da cidade dos arcebispos. João Pereira um pequeno arruaceiro com a mania que é melhor que o Cafu (provoquem o gajo que ele não dura 60 minutos em campo). Moisés é aquele central que foi corrido de Alvalade por ter apresentado documentos… menos correctos.

E agora entram as danças sevilhanas da Catalunha
Paulo, a história da humanidade tem sido pródiga em acontecimentos onde aqueles inicialmente considerados mais fracos conseguem sair vencedores. Regra geral, esses momentos são gerados pela capacidade estratégica de quem lidera e/ou pela capacidade de mobilizar aqueles que o seguem, fazendo-os acreditar que, por maior que seja a desvantagem, a vitória não é uma miragem.

É num cenário deste género que arrancámos para esta época, como uns outsiders na luta pelo título, onde Porto e Benfica, pese a notória dificuldade de uns em substituir dois dos seus mais importantes jogadores e os disparates dos outros em contratar “futuros Maicons” que já nem são opção ou craques brasileiros que não tiveram férias e vão ter problemas musculares durante toda a época, partem como grandes favoritos.

Nesta batalha, e vendo em ti o nosso comandante, não posso considerar-te um estratega, um treinador capaz de resolver jogos com brilhantes alterações tácticas ou substituições surpreendentes que se tornam em momentos únicos. A época passada e o início desta, levou-me a pensar que a tua capacidade de mobilizar os que te seguem estava, também ela, acabada. Jogadores amorfos, sem crença, sem sangue nas veias, sempre a abanar a cabeça ao primeiro falhanço e a olhar o céu buscando ajuda divina. Primeiras partes desesperantes, sem garra, sem nada. 

Afinal, e tendo em conta o jogo de terça-feira, parece que, felizmente, me enganei. A equipa entrou em campo como sempre devia entrar: ao ataque e à procura do golo, parecendo de vez mentalizada que os jogos começam a resolver-se de início. Os jogadores deram tudo o que tinham para dar, jogaram o que tinham a jogar e, com isso, conquistaram as bancadas.

E é nisso que devias pensar, Paulo. Quem joga ao ataque, que procura fazer golos está, inegavelmente, mais próximo de ganhar. E, em consequência, está mais perto de conquistar os adeptos.
É isso, Paulo.
Podes não ter um presidente especialista em fruta e em distribuir jogadores por mais de metade dos clubes da Liga.
Podes não ter as comissões disto e daquilo a vestirem as tuas cores nem os directores de jornais desportivos a criticarem quem rouba pontos à sua equipa preferida.
Mas tens os melhores adeptos do mundo dispostos a apoiar-te. Basta que nos mostres que também queres ganhar e que percebes o que representa vestir a camisola verde e branca.
Amanhã é um excelente dia para nos mostrares que percebes isso perfeitamente e que o jogo com a Fiorentina foi apenas o início de uma caminhada para mais tarde recordar.
 

 Vamos jogar no Totobola
Sporting – Braga    1

HÁ SPORTING!

Sporting – 2 (Vuk e Veloso), Viola (Vargas e Gilardino)

Nível de endorfinas: Em montanha-russa. Nos picos, sublinho o prazer. O prazer, tão raro nos últimos anos, de ver jogar à bola. O prazer, raríssimo nos últimos anos, em jogar à bola vestido de verde e branco. Alguns jogadores tiveram 90 minutos em que gozaram o facto de terem concretizado o seu sonho de criança. Veloso acima de todos. Moutinho e Liedson a espaços, Vuk e Mati sempre, jogaram com gozo.

Depois há o suor. Todos suaram tudo. Deram tudo. Amanhã, alguns terão as pernas doridas de manhã, o que dirá muito da preparação física em Alvalade. Mas ninguém se cortou. E está tudo ligado à adrenalina que, quando focada dá coisas fantásticas, mas quando em descontrolo leva aos baixios da montanha-russa que foi este jogo.

Ou seja, nos baixios, destaco a ânsia… tanta ânsia… tantos nervos no último passe, no remate decisivo, nos passes transviados a meio-campo, nas hesitações a cobrir os centros ou os passes em ruptura.

E pior, a azelhice. De Pedro Silva, de Postiga, de Polga, de André Marques, os patinhos feios deste Sporting, versão equipa-que-joga-profissionalmente-à bola, por oposição ao Sporting grupo-de-turistas-pagos-e-muito-bem-pagos. Num mundo perfeito, ou numa equipa de sonho, nenhum deles teria lugar.

Deixo para especial comentário as duas pessoas mais importantes deste jogo para mim: Mati Fernandez e Paulo Bento.

Momento do jogo: O empate 2-2. Reduziu a percentagem de sucesso do Sporting nesta eliminatória abaixo dos dígitos duplos. Erro de Polga, falta de coragem táctica de Paulo Bento, mas sobretudo um grande, grande ponta-de-lança… com um destes em Alvalade, o Sporting arriscava-se a ser campeão regularmente.

Prémio Gladstone: Vuk. Estúpido. E não digo mais porque estas coisas de acordar de um sonho bom no meio de um balde de merda custa-me especialmente.

Prémio Zé Piqueno: centrais da Fiorentina: cínicos e maldosos, como é da escola italiana. Estão no seu direito, mas devem pagar por isso. Não pagaram porque Itália é Itália… e Portugal é Portugal.

Prémio El Dieguito: Mati. Mati. Mati. Mati! Lálá lálálálálá Maaaatias Fernandez! Um jogador destes não aterra em Alvalade todos os dias… Não perde uma bola, pensa antes dos outros (e de quem está a ver), tem um-para-um demolidor, passa de olhos fechados e para onde ninguém espera, remata com peso, faz chiquelinas, tenta – com eficiência – bicicletas à entrada da área, recupera bolas, pressiona… é humilde e tem um sentido colectivo do futebol… só é melhor que o Vuk – na minha paixão pelo jogo – pelas duas últimas qualidades… de resto, uma equipa com jogadores como o Mati e o Vuk pode acreditar em tudo… assim os deixem jogar nos sítios onde rendem mais. E não os deixam.

Uma magia do chileno ficou-me na retina: o passe, a dez minutos do fim, para a corrida do Obikwelu da Floribela, depois de um drible cego a um adversário. Coisas destas só se vêem noutras paragens…

Visão Zeman: O losango funciona quando há suor, adrenalina e prazer. Quando há rapidez de raciocínio, se joga a dois toques e com técnica. Quando se joga contra grandes (mas não demasiado grandes) na Champions ou encostado à parede. “Chapeau”, sr. Bento… o seu Sporting ainda existe. Mas a dúvida persiste: e agora? contra o Braga, contra o Leixões, nos jogos de domingo às 21h15, com chuva e frio? Sem os olhos da Europa, sem o espectro do despedimento, sem a pressão da espada e da parede? Contra treinadores que conhecem o losango de cor e salteado?

Depois, aquela indecisão a seguir ao golão do Veloso… sr. Bento? Virou o jogo na raiva, no sacrifício, na adrenalina e depois? Não se faz nada, só se troca de defesa esquerdo? Eu posso ter um bitaite, vale pouco… mas o sr. é treinador e é para isso que é também é pago… precisava-se de um golpe de asa, uma decisão de profissional… e não se faz nada até, até, até, olha, olha, olha, polga! foda-se! levamos um golo. E depois mete-se o namorado da Floribela, quando no banco está o avançado contratado à pressa para ajudar precisamente nesta eliminatória… um tipo forte, rápido e com alguma técnica… aliás, do outro lado até estava um treinador a sério que mexeu logo na equipa para segurar o empate… pois.

Vivó Sporting… até morrer!: a standing ovation no final da 1ª parte mostra que os adeptos são aquilo que a equipa quiser fazer deles. Damos tudo, apoiamos tudo, quando o merecem. O estádio depois do golo do Veloso é a alma do Sporting! E não há alma mais forte e poderosa que a de verde e branco… porque é pura, genuína, selvagem até… de quem sofre para glorificar!

Com um meio campo com este Veloso (hoje há happy hour de refrigerantes lá em casa), este Mati Fernandez (a médio volante), o verdadeiro Moutinho (a 10 no ataque e a 8 a defender), um são Izmailov… mais dois finalizadores como o Vuk e o Liedson, dá para acreditar… se for em aceleração constante… porque se não for, se for em contenção, então teremos um Sporting igual ao de sempre, com uma defesa composta apenas por um central e um jovem guarda-redes ainda a crescer, já que o resto é muito, muito fraco. Façam-se as apostas, que eu já fiz a minha e não me importava nada de a perder…

O Bloco de Notas do Gabriel Alves – Champions League, play-off

É um estádio bonito, novo… arejado
Sporting – Fiorentina
18 Agosto 2009, 19h45, Estádio José Alvalade

Uma humidade relativa, muito superior a 100%
Numa noite de Verão, a grande curiosidade será ver até que ponto os sportinguistas conseguirão esquecer os espectáculos deprimentes que lhes têm sido servidos neste arranque de época, e rumar a Alvalade para assistir a um jogo que, em situação normal, faria sentar nas bancadas 35 a 40 mil pessoas.

A selecção do Mali tem um futebol com perfume selvagem e com um odor realmente fresco…
Italianos, novamente os italianos. É, efectivamente o Sporting não se dá bem com o futebol cínico destas equipas, mas também é verdade que a Fiorentina faz parte dos momentos felizes vividos contra equipas italianas: em 67/68, na Taça das Cidades com Feira, empatámos 1-1 em Florença e ganhámos 2-1 em Lisboa.

Agora os tempos são outros e esta Fiorentina, que renasceu das cinzas depois de ter aberto falência e começado tudo de novo a partir da série C2, apresenta-se em Alvalade após ter sido quarta classificada no campeonato italiano. Curiosamente, e tal como o Twente, voltamos a defrontar uma equipa que assenta na táctica que eu defendo para o actual plantel do Sporting, 4-2-3-1, e que deverá alinhar de início com Frey; Comotto, Dainelli, Gamberini e Pasqual; Zanetti e Montolivo; Marchionni, Mutu e Vargas; Gilardino.

Este homem é um Mister
Já por diversas vezes considerado o melhor treinador do campeonato italiano, Cesare Prandelli tem feito um execelente trabalho à frente da Fiorentina, onde chegou em 2005. Foi quarto classificado logo na primeira época, mas viu o acesso à Champios fugir-lhe devido ao escândalo Calciopoli, tendo ainda que começar a época seguinte com 15 pontos negativos. Isso não o impediu de alcançar o sexto lugar e o acesso à UEFA onde, na época seguinte, viria a ser eliminado nas meias-finais. A isto junta dois quartos lugares nas duas últimas épocas e chega a Alvalade dizendo que espera um jogo aberto. A ver vamos.

Ele é excelente nestes lances porque a bola está morta e passa a estar viva
A Fiorentina perdeu Felipe Melo para a Juventus, mas manteve Gilardino e Mutu na frente de ataque. Montolivo, Jorgensen e Kuzmanovic, são outros dos nomes a ter em atenção. E não esquecer o capitão e defesa central Dainelli.

 A vantagem de ter duas pernas!
Olho para a Fiorentina e não vejo nenhum Douglas (Twente) nem nenhum Clebão (Nacional). Mas jogar bola pelo chão poderá ser uma boa ideia contra uma equipa onde a média de alturas deverá rondar o 1,83.

E agora entram as danças sevilhanas da Catalunha
Paulo, fiquei à beira das lágrimas (de raiva) com a tua conferência de imprensa de ontem. Disseste que a equipa cresceu frente ao Nacional. Que foi mais organizada. Que soube reagir a momentos adversos e, pior, que não ganhámos nenhum dos três jogos oficiais, mas que também não perdemos nenhum. Quando ouvi isto apeteceu-me partir-te a cana do nariz com uma cabeçada. Depois acalmei-me, e percebi que esta frase explica a nossa forma de estar em campo, as primeiras partes que não existem e a nossa ambição mais expressa em palavras do que em actos.

Sabes, Paulo, a mim sempre me ensinaram que jogam os melhores. Vuk e Matias no banco é uma afronta a qualquer sportinguista e, acredita, espero sinceramente que te tenhas dado ao trabalho de preparar este jogo convenientemente. É que se hoje jogarmos o que temos jogado, não vai haver sorte que te valha.

 Vamos jogar no Totobola
Fiorentina – Sporting    1 x 2

Ao que nós chegámos

O Cintra já tinha alertado para a azia que o empate lampião provocou na redacção do jornal A Bola, hoje por hoje o mais vergonhoso diário desportivo nacional. No entanto, e confirmando a regra de que quando falamos de lampionices (lampionice: assunto relacionado com o clube SLB ou com os seus adeptos aka lampiões) a vergonha não tem limites, esse mesmo jornal inicia hoje uma campanha que só vai terminar quando o Peçanha voltar à Luz para o Cardoso poder repetir o penalti.

Leiam com os vossos próprios olhos e vomitem.

“Soares Dias falhou ao não sancionar Miguelito e Coentrão por terem violado o perímetro restrito ao marcador, no penalty defendido por Peçanha. A lei diz que, quer a bola entre quer não, o castigo máximo tem de ser repetido
Jogo complicado para Artur Soares Dias, na Luz. O árbitro do Porto, além do erro que cometeu ao não assinalar uma grande-penalidade contra o Marítimo, quando estavam decorridos dois minutos do tempo de compensação na segunda parte, por mão de Fernando, esteve ainda envolvido num caso aparentemente inexplicável, porque viu tudo o que aconteceu e nada fez.
Aos 75 minutos, quando Óscar Cardozo bateu o penalty que viria a ser defendido por Peçanha, Miguelito (Nacional) e Fábio Coentrão (Benfica) estavam a cerca de três metros do marcador, quando eram obrigados a estar a 9,15 metros. Nestes casos, quando se verifica uma infracção cometida por jogadores das duas equipas, a lei (ver página 125 do regulamento) manda que o castigo máximo seja obrigatoriamente repetido, quer a bola entre ou não. Ou seja, se Cardozo tem feito golo naquele momento, a grande penalidade deveria também ser repetida, em função do posicionamento irregular de Miguelito e Fábio Coentrão.
Trata-se de um erro grave de Artur Soares Dias, que está a ver perfeitamente os dois infractores, nada discretos, que já estão na mesma linha do árbitro quando o paraguaio Tacuara bate a bola.”

Já agora, tinha ficado bem a estes senhores terem recordado que o penalti que eles querem ver repetido nem devia ter existido. Ou fui só eu que vi o Saviola provocar o contacto com o defesa?

Dores de Crescimento

Quando se atinge um determinado nível e se almeja algo mais é necessário procurar soluções que nos façam crescer sem comprometer o que de bom ficou para trás. O Sporting das tacinhas precisava de crescer e toda agente o dizia. O Paulo Bento fez o diagnóstico e achou que tinha condições para mais. Se calhar, erradamente, pensou ele e os que mandam que tinha recursos para crescer. Se calhar, equivocadamente, considerou ele e os amigos que o próprio conseguia dar mais de si.

O Sporting da Choupana é o exemplo perfeito do que acontece a quem quer dar um passo maior do que a perna. Quando agarrou a equipa, PB conferiu-lhe maior rigor defensivo. Era essa a principal lacuna do Sproting versão Peseiro. Fez disso uma imagem de marca da equipa. Controlo do jogo. Claro que isso acabou por custar pontos em algumas situações. Essa obsessão pelo rigor acabou por fazer esquecer que para se ganhar é preciso atacar.

A par de tudo isto veio o losango. Vértice de jogo no meio e um 10 que se associava aos interiores e ao lateral ou avançado para criar superioridade nas linhas. Deixou de ser perfeito quando o efeito surpresa acabou e os adversários adivinhavam o que se ia passar. Resultado: Melhor controlo defensivo e falta de acutilância ofensiva traduzida em alguns pontos perdidos que custaram campeonatos. É o velho problema das mantas curtinhas. Não dá para tapar tudo.

E agora? O Sporting actual tenta dar o salto. Para onde? Por este andar vamos direitinhos ao abismo. Não tem ADN, desintegrou-se. É uma equipa com medo de errar e sem rumo à vista. Não sabe ao que joga. Onde defendia bem, agora mete água por todo o lado. Onde se tornava prevísivel para os adversários pelas amarras tácticas, agora é um conjunto de jogadores loucos a trocarem de posição sem sentido.

O PB tentou mudar para fazer a equipa crescer porque, finalmente, entendeu que o modelo de jogo anterior já tinha teias de aranha. Até a mulher a dias do Manuel Machado já deve ter ouvido falar no losango. Vai daí e não foi de modas. Apresenta um 4-3-3 inócuo e sem treino no primeiro jogo do campeonato.

Se queria mudar, os jogos de preparação servem para isso mesmo. Por que razão se jogou tão pouco na pré-época? Se quer experimentar este sistema por que razão, escolhe aqueles jogadores? Postiga e Liedson a trocarem de posição entre a meia-esquerda e o centro? Djaló como extremo direito? Como é possível um 4-3-3 sem extremos? O Vuk não faria melhor que Djaló na posição onde diz que mais e melhor pode render? Matias no banco? O nosso estratega. O homem que sabe pensar o jogo e, provavelmente, um dos melhores sentadinho a apreciar a serra madeirense?

Sejamos honestos. A equipa não está apetrechada para mudar como devia. Mas tem jogadores para jogar melhor. Indiscutivelmente. O Sporting pode e deve fazer mais. É preciso que o treinador saiba explorar o plantel e pare de dar tiros nos pés. Actue com bom-senso e critério. Se fizer isto, as coisas vão melhorar. E ninguém lhe poderá apontar um dedo que seja.

Para onde vamos crescer? Talvez o Paulo Bento não seja o homem ideal para conduzir essa mudança. Pela amostra parece que não sabe mais do que isto. Para já é com isto que temos que conviver. Ou nos conformamos com as taças e os segundos lugares ou mudamos para pior.