Parabéns, sr. presidente

Esteja descansado, sr. presidente que, apesar de me recusar a tratá-lo com “pê grande”, estou aqui para elogiar a sua sinceridade ao longo de todo o processo eleitoral. Aliás, caro presidente, o sr. terá sido aquele que menos dúvidas deixou relativamente ao que poderia oferecer.

– Um discurso sem chama, sem garra, sem personalidade, incapaz de entusiasmar adeptos tão sedentos de alma nova;
– Um vazio de ideias que, depois dos recadinhos no iPad, foi enchendo, a custo, aproveitando o que os outros iam dizendo;
– Um projeto assente em dois nomes: Duque e Freitas, Freitas e Duque. Ah, e uma bomba de gasolina;
– Uma vontade de mudar o estádio cuja construção foi teve muito da sua responsabilidade;
– Um cativar de votos assente na difamação dos restantes candidatos ao ponto de o sr ter sido obrigado a pedir desculpa, em direto, devido a uma das suas invenções;
– Uma utilização dos meios de comunicação social do mais ordinário que pode haver mandando, por exemplo, o gajo que era da mudança mas que agora é do que lhe dá jeito, afirmar que a lista que mais sombra lhe fazia iria contratar um avançado holandês de 34 anos e salário astronómico (e não era este gajo que queria trazer, por exemplo, o Nedved?); mandando alguém escrever que o seu principal opositor ia comprar um jogador em final de contrato que, afinal, tinha mais um ano de contrato; deixando, até, o tal do seu amigo Barbosa dar a entender que não ganha um tusto do ACP (e que o Audi A8 lhe saiu numas rifas da feira de são mateus); mandando o seu bonequinho da michelin achincalhar os jogadores que compõem o actual plantel;
– Um atirar de nomes de jogadores para as capas do jornais que, no dia após ser eleito, se transformou numa lista de “vamos ver se é preciso”;

Por tudo isto e por muito mais, que agora não me apetece acrescentar, tenho a certeza de que quem votou em si não foi enganado.
Também por tudo isto, é natural que o sr seja o presidente eleito por uma minoria votante, nas mais tristes eleições da história do Sporting, e que comece o seu mandato a esconder-se como um rato.

p.s. – o seu mandato é de três anos o que significa que, se ficar até final, corro o risco de receber o Leão de Prata das suas mãos. Não sei se ria, não sei se chore…

Até quando, esta democracia de merda?

1500 votantes. É esta a diferença que separa Bruno Carvalho de Godinho Lopes.
Curiosamente, foi o tal do Godinho que ganhou as eleições.
Deixando para segundas núpcias a discussão das falácias que sustentam este acto eleitoral, acreditemos que o resultado final se explica pelos votos dos sócios com maior antiguidade.
E, perante isso, é impossível não perguntar: mas, afinal, o Sporting é dos sócios ou é de alguns sócios? Mas que merda de clube é este, onde o presidente escolhido pela maioria acaba por não ser eleito?

Cada um tem o clube que merece

Dez para as seis da manhã. Quatro horas de paciência, impaciência, sono, desespero, gargalhadas, riso histérico, alegria, tensão, surpresa, choque, vergonha, tristeza, melancolia, várias horas depois de se ter passado o inimaginável, finalmente o momento em que seríamos esclarecidos, em que alguém, oficial, do Sporting se dignava a dar satisfações aos sócios, adeptos e até rivais. Durante os vinte minutos seguintes, o relativamente obscuro presidente da mesa da AG em exercício deu uma explicação. Não sobre os resultados, mas sobre o que é o Sporting neste momento.

Primeiro, um “intróito”. Sobre si. Sobre o presidente demissionário, acerca do qual a história fará justiça (!), sobre o seus 15 minutos de fama. Seis da manhã! Milhares de pessoas à espera de alguém que trouxesse à terra um clube onde o presidente eleito tinha fugido dos sócios e o candidato vencido subido ao palanque e gritado Vivó Sporting, para júbilo dos sócios. Finalmente os resultados, carinha sorridente, mãezinha orgulhosa, Lino não sei do quê (who gives a fuck?), lá debitou os resultados que sabemos, sem deixar de esclarecer que cumpria os estatutos (e que estatutos tão bons que temos) ao fazê-lo perante os sócios, a família e os membros da lista do godinho, todos sócios naturalmente.

Falou em afinações. Que não tinha havido recontagens. Que suspirou fundo antes de atacar o último bloco de boletins. Que o seu sucessor recusou estar ali. Agradeceu aos profissionais, tão bons que eles são, só demoraram oito horas a contar 14.000 votantes. E chamou o godinho, todo sorrisos, venha-daí-amigo-que-vamos-ficar-por-aqui-mais-uns-aninhos. Para o fim, o inevitável agradecimento à família. O homem agradeceu à família!

Cada um tem o clube que merece. Este é o clube que todos merecemos. O clube não é dos sócios, é desta gente, que se acha no direito de usar metade do mais importante anúncio eleitoral da história do clube para dedicar o tempo a falar de si e dos seus amigalhaços. E esta gente não sai de lá. Está agarrada à cadeira, sem o Sporting a maioria vai carregar tacos de golfe de estrangeiros pelos greens do Algarve. Estão às centenas (todos votantes), todos agarradinhos ao fluxo de moedas que continua a vir lá de cima, onde estão as lapas maiores, agarradinhas, fortes, poderosas. Perder estas eleições era perder tudo o que construíram durante tantos anos. E isso não podia acontecer.

E não aconteceu. O Carvalho – ou outro qualquer – precisava de uma vitória esmagadora, para sobreviver às “afinações” e ao que viria a seguir, aos ataques cegos de ódio, às rasteiras e ao terrorismo interno permanente. Tinha o povo para o defender, mas o povo quer é pão e circo, a partir de determinada altura. Conseguiu o impensável, criar “outro” Sporting, o Sporting dos putos, dos anónimos, dos desinteressados, dos esclarecidos, dos que querem o clube de volta. Esse “outro” Sporting vai levá-lo a presidente do clube, assim o queira, agora ou daqui a uns anos. Mas ele também tem o clube que merece. Se tivesse sido mais humilde, mais presidenciável, talvez tivesse conseguido vencer já os fantasmas.

O Abrantes Mendes também tem o clube que merece. O Dias Ferreira também tem o clube que merece. Onde estavam? Onde estão? Então e o “rigor” e a “paixão” que apregoavam? São os maiores culpados disto, porque deviam ter “aprumado” os estatutos, desistido a favor da mudança que queriam e feito disto a segunda volta que o clube merecia… Há coisas mais importantes que brincar às administrações de condomínio.

E eu também tenho o clube que mereço. Tenho o clube com o pior presidente da história do futebol português. Sim, pior que o Bettencourt, num mano-a-mano. O que vale é que não vai mandar nada, é um “puppet”. Mas só de olhar para o seu carisma, fico sem vontade de pensar no Sporting. Um feito ao alcance de muitos poucos. E é isso mesmo que vou fazer, vou deixar de pensar no Sporting. Vou desligar a ficha, o cérebro, o raciocíonio… Para já, é com isso que fico. Com o cérebro desligado, à espera de um sinal…. que não seja o sr. presidente a ajeitar a placa com a língua durante o discurso de vitória, o pior discurso de vitória de sempre…

Um beijinho para a família de Lino de Castro, que sofreu tanto com a noite de ontem, coitadinha…

Adenda: Os sócios que votaram no godinho, tinham medo de quê? De alguém que pegasse no clube e o usasse para os seus fins pessoais, em detrimento do bem comum, que alterasse as regras do jogo para lucrar em benefício próprio e prejuízo do clube, que alimentasse uma rede de interessados, sem ligação aos sócios, que deixasse o estádio vazio e o clube a meio da tabela? Era disso que tinham medo? Do Vale e Azevedo? O Vale e Azevedo ao pé dos que estão no Sporting há anos, é um menino… e burro. Cada um tem o clube que merece… e quem teve a coragem de fazer a cruzinha no godinho tem o que merece.

Polaroid da Vergonha

Memorizem a melhor fotografia do nosso clube. Guardem o melhor shot do Sporting actual.

De um lado, praça cheia e uma multidão em delírio à espera de celebrar com o novo Presidente. Do outro, meia dúzia de pessoas (filho, primo e tio, talvez) numa sala fechada e um Presidente cobarde a proclamar a medo o discurso de vitória. É um clube centenário com 3 milhões de adeptos. Parecia uma família na leitura do testamento a fazer partilhas.

Agora, mais do que nunca, é tempo de reflectir. Somos nós que podemos fazer a diferença. Os sócios mais novos. Os não sócios. Todos os que podem tomar o relevo dos mais antigos na mudança geracional. Só assim se pode assegurar que diferenças residuais que possam ser maquilhadas com jogos de bastidores não aconteçam. Quando todos os que somos do Sporting assumirmos que a desilusão sentida não deve dar lugar ao abandono. O Sporting precisa de ter sócios. Que paguem (a vida é difícil, eu sei) e que votem pela mudança.

O Sporting Somos Nós!

Num dia que se espera de mudança, não nos podemos esquecer que o Sporting é maior do que qualquer candidato ou presidente que venha a ser eleito. Apesar de me sentir um comunista de 86 como o Cintra tão bem descreveu, não deixarei de ser do Sporting após o acto eleitoral. Um clube desta dimensão não se pode dar ao luxo de ter cerca de 35 mil sócios pagantes. Bem sei que não sou ninguém para dar lições de Sportinguismo. O contexto de crise e os sucessivos fracassos apelam à desmobilização. Mas nós somos o Sporting. E se queremos ser grandes, temos que nos comportar como tal, independentemente de não vermos o nosso ponto de vista reflectido na futura Direcção.

O circo

Acabou o último debate e já dá para fazer um balanço: ainda bem que acabou, mais uma semana disto e estes senhores tinham acabado com os poucos milhares de sócios que ainda restam.

Miserável campanha feita por gente que, à excepção de um, não está à altura do cargo a que concorrem. Mal preparados alguns, sem carisma outros, sem programa a maioria, com ideias demasiado genéricas o Abrantes Mendes.

O Sporting não foi debatido, foi atacado. Estava pelo chão e quase, quase ficou enterrado. Fomos todos ao circo e, em vez de vermos leões, só vimos palhaços. Ricos, pobres, tristes, alegres, palhaços.

Só há um homem com perfil presidenciável, na lógica em vigor em Portugal. Um Sousa Cintra. Depois de vários debates e entrevistas, anúncios e entrevistas, promessas e entrevistas, quem quiser o Sousa Cintra de volta, pode votar Dias Ferreira. Ganhou a campanha. E isso diz tudo do circo que foi montado. Tem o melhor treinador, mexeu-se para contratar jogadores, foi o único a mostrar paixão, a gritar Vivó Sporting, a atacar os rivais, exala história e manhas nas diatribes do dirigismo indígena. Está preparado para o palco do teatro do futebol português, do deprimente futebol português.

Dos outros, sobra um enigma.

O Baltazar e o Godinho aniquilaram-se a eles próprios. O Baltazar não convence nem os amigos. O Godinho não convence nem o espelho. São os palhaços das festas de crianças, que ao terceiro truque já estão a levar com arroz doce na cara. Mas são ruins. Atacam pela calada, cobardes, usam todos os meios para justificar os fins. Os seus fins, que estão próximos.

O Carvalho, aquele a quem dei o meu voto em antecipação, desinchou em mim. É o único elegível. Tem programa, tem ideias, tem dinheiro. Mas terá? Parece que sim, mas não se explica convincentemente. Pelo menos, para mim. E é parvo, cagão. Tem o benefício da dúvida porque foi atacado de forma violenta e sem dó. Só por isso, merece ficar à frente dos palhaços maus. Mas merece ganhar? É um voto de fé. É o meu voto de fé.

Portanto, o Sporting sai pior disto. No sábado, tudo será limpo, como um milagre. Crescerão esperanças, fés, o balão subirá, subirá, subirá… e acabará por rebentar, deixando os palhaços encharcados na sua própria bílis.

Quando rebentar o balão, se tiver ganho o Godinho ficamos todos na mesma, com um clube rebentado, dependente do próximo Jardel ou João Pinto. Se ganhar o Baltazar, temos eleições daqui a um ano. Se ganhar o Abrantes Mendes, estamos todos doidos. Se ganhar o Dias Ferreira, temos eleições daqui a uns meses. E se ganhar o Carvalho? Não sei.

E é por não saber, que voto. Querem pior motivação?

Dia N

Ao que tudo indica, hoje será o dia N desta campanha eleitoral. N de nomes de jogadores.
Diz-se que Dias Ferreira vai apresentar três internacionais. Que Bruno de Carvalho deverá apresentar, pelo menos, dois nomes. Que Godinho poderá lançar mais uns nomes para cima da mesa (sem confirmar nada, claro). Que Baltazar poderá assumir o interesse em Adriano. E que Abrantes Mendes fará nova revelação surpreendente (ou não).

Posto isto, e depois de estarem definidos os treinadores (de Zico a Dunga, passando por Van Basten, Rijkaard e Domingos), não posso deixar de aproveitar este dia N para falar de algo que, sinceramente, tem-me feito confusão: o facto de constatar que vários Sportinguistas estão a escolher o futuro presidente com base nos nomes dos treinadores e dos jogadores anunciados.
É importante? Sim, é.
Mas parece-me bem mais importante colocar a cruz de voto na pessoa cujo discurso nos transmite algo, na pessoa com as ideias que julgamos as mais acertadas para o clube e, em terceiro na minha escala de importância, na pessoa que reúne uma equipa de trabalho na qual queremos acreditar (mal comparando, faria sentido votar num Passos Coelho que critica o PEC que ele permitiu entrar em vigor, mesmo que ele fosse capaz de trazer um Marcello Lippi?).

Posto isto, passo a explicar o porquê de ir votar Bruno Carvalho. Que, curiosamente, tem uma pinta meio abetalhada que aborrece um bocado e faz-me lembrar um gajo que andava comigo na secundária e que apanhava algumas vezes… só porque sim.  
Desde logo, porque é o único realmente independente dos jogos de bastidores que, em minha opinião, conduziram o Sporting ao estado em que está, transmitindo-me a ideia (lá está, transmite-me algo, ele, o candidato) de que aquilo que defende tem muito do que eu defenderia se concorresse às eleições. Sim, é verdade que Inácio e Virgílio (e, provavelmente, Couceiro), não são nomes fascinantes, mas também é verdade que são nomes para os quais olho como garantia de trabalho, de profissionalismo e de Sportinguismo. 
Mas, mais importante do que tudo isto, é o único que encaixa no meu desejo de mudança. Se para bem, se para mal, só depois se verá mas, ora foda-se, se eu tive que levar durante mais de uma década com presidentes que nada me diziam, se tive que engolir elegerem um gajo sem programa e sem ideias, exceptuando um inacreditável forever, acham mesmo que não estou disposto a uma tentativa de revolução?

No lado completamente oposto, está Godinho Lopes. Não me transmite nada. Ou melhor, transmite-me um vazio de ideias (e adora aproveitar as dos outros), uma ausência de carisma, uma clara vontade de continuar a depender da banca e uma equipa cheia de gente que está farta de fazer mal ao meu Sporting. Pior, transmite-me a ideia de descabida ansia de poder, comportando-se como um louco que acredita que quantos mais nomes sonantes incorporar na lista, mais próximo estará de ganhar e, pior, deixa clara a postura de que tudo vale para lá chegar, com uma vergonhosa campanha de difamação e de falta de respeito não só para com outros candidatos como para com os próprios jogadores que fazem parte do actual plantel (e, depois, tem que fazer o triste papelinho de pedir desculpas em directo).
Por outras palavras, mesmo que Godinho tivesse anunciado Guus Hiddink  mais três ou quatro jogadores “daqueles”, eu não votava nele.

No meio, estão Abrantes Mendes, Dias Ferreira e Pedro Baltazar.
Abrantes transmite-me a ideia de ser um gajo porreiro, Sportinguista sério e preocupado, que eu não desdenharia que fizesse parte de uma futura direcção. Como candidato, no entanto, fico com certeza de que seria trucidado no mundo dos pintos e dos vieiras.
Dias Ferreira irrita-me, logo, seria impossível votar nele. Não ponho em causa o seu Sportinguismo nem algumas das suas ideias, mas não me revejo naquela postura. Talvez o problema seja meu.
Quanto a Pedro Baltazar, passa-me a ideia de não saber o que esperar dele. Tão depressa diz algo que parece interessante, como logo a seguir não fundamenta o que diz. Leviano, talvez seja a palavra mais correcta para definir o que ele me transmite.

Assim sendo, até sábado.