Recordar e repetir

Agora que despachámos a Lazio, comecemos a centrar atenções no jogo de Domingo. Ora eu lembro-me bem do que aconteceu da última vez que nos quiseram “enrabar com Paixão, no castelo de Guimarães”. Depois de termos feito uma bela primeira parte, anulou-se um golo limpo ao Carriço, em cima do intervalo, momento supremo de numa arbitragem enervante deste cabrão que, de cada vez que sorri, só dá vontade de partir o focinho. A segunda parte foi sofrível, mas Derlei e Liedson deram a volta ao resultado ( http://videos.sapo.pt/AODnPyDUuikp56tCl9U3 ).
Repetir a conquista dos três pontos é a única resposta que podemos dar a mais esta provocação dos senhores do apito.

 

As estrelinhas, o tango e o calcanhar do lobo

Pelas bancadas de Alvalade, cada vez mais verdes, há um cântico que começa a fazer-se ouvir. “Isto é Sporting”, incita o topo sul, convidando o resto do estádio a entoar algo que vai para lá do mero ritmo de claque. Isto é um sentimento que, de jogo para jogo, se vai apoderando de todos nós, leões que encontram na sua equipa o espelhar da máxima que tem passado de geração em geração. O esforço, a devoção, a dedicação estão lá, combinadas de tal forma que somos obrigados a acreditar que cada um destes passos tem tudo para conduzir-nos à glória.

E, hoje, frente ao nosso adversário direto no grupo, a coragem foi o primeiro sentimento a ser transmitido. Domingos lançava Matias a titular (bom jogo, trabalhando para a equipa como nunca o vi fazer), mandando às malvas aquela forma de estar tão portuguesa que faz com que, em jogos contra equipas mais complicadas, se altere a identidade em função de um demasiado respeito e de um exasperante sentimento de inferioridade. Pese a mensagem, até nem entrámos bem. Receosos, diria mesmo, oferecendo os dez primeiros minutos a uma Lazio que parecia mais bem encaixada em nós do que vice versa.

O safanão veio do pé esquerdo de um argentino, Insua, cada vez mais aquele lateral que nos enche as medidas. A bomba foi parada pelo redes, mas ficou o aviso. Pouco depois, do pé direito de Capel (que saudades de ver alguém saber centrar) sairia o centro para o desvio artístico (agora é que te foderam, oh Postiga) do lobo com nome de caçador de vampiros. Alvalade agitava-se (que saudades de ver tanta cara feliz), enquanto a réplica italiana dos manos Tweedle-Dee e Tweedle-Dum praguejava. Tanto ou tão pouco, que um fantasma antigo acabaria por fazer-se convidado. Livre, tudo a dormir, golo daquele cabrão alemão.

Durou pouco, a visita, logo espantada pelo movimento de uma cobra peruana (há ali tanto de Nani, não há?) que lançou veneno para os pés do lobo. A bola saiu a razar o poste direito da baliza italiana, o mesmo que, volvidos dois minutos, viu nova bomba de Insua só parar presa nas redes. Equipa e adeptos unidos num festejo sincero, que nos levou para o intervalo com a certeza de que a noite seria nossa.

A fé foi posta à prova logo a abrir a segunda metade, quando o tal argentino canhoto foi expulso (vá lá saber-se porque é que o Cissé e o André Dias não viram segundo amarelo), mas por essa altura já Rinaudo estava em todo o lado (há quem lhe chame Deus, não é verdade?), já o Capitão Ogushi usava o escudo para rechaçar toda e qualquer bola, já Schaars vestia a pele de homem-invisível, já Polga encarnava qualquer outro super herói (Kick Ass?) e, imagine-se, até a estrelinha, que não a do escudo do capitão américa, vestia de verde e branco, desviando para a barra e para fora dois lances de golo feito. Nas bancas, mais de trinta mil gargantas faziam o resto, mostrando que aquela célebre frase “o Sporting somos nós”, faz todo o sentido se completada com um sentido e sincero “todos!”.

Há muito para ganhar

«Só uma grande equipa pode ganhar a esta Lázio».
A frase é de Domingos e, para além do lado de verdade, parece-me servir, também, para refrear um pouco a euforia que se apoderou de uma larga franja de adeptos. Claro que o jogo de sábado, frente ao Setúbal, entusiasmou, fruto de um futebol que há meses andava arredado de Alvalade, mas hoje o nível é outro. Mesmo que entremos a marcar (o que seria perfeito, até porque, actualmente, a Lazio não é a equipa mais auto-confiante do mundo).

Do outro lado estará uma equipa recheada de grandes valores individuais. Ledesma, Matuzalém e Hernanes, no meio-campo, Klose e Cissé, na frente, só para citar os nomes mais sonantes. Face a isto, creio que vai ser fundamental a forma como o nosso meio-campo encaixar no deles, nomeadamente a forma como vamos ser capazes de limitar a influência do Hernanes, principal municiador dos dois gajos da frente (e já se sabe que o cabrão do Klose é menino para não falhar as oportunidades que tenha). E, muito sinceramente, tenho quase a certeza de que Domingos vai apostar em André Santos ao lando de Rinaudo e de Schaars.
Claro que a Lazio não são só virtudes, como o comprova os resultados que vai alcançando desde o início da época (e até nem começou mal, com um empate, a dois, em San Siro), sendo a defesa (estranho, sendo uma equipa italiana) o sector que mais dores de cabeça dá ao técnico Reja. Basta ver que, em cinco jogos já disputados, apenas o central André Dias tem sido sempre titular. O resultado é um entrosamento longe da perfeição, que teremos que tentar explorar ao máximo (ponha-se os olhos no que o Vaslui fez em pleno Olímpico), não esquecendo a apetência que o lateral direito, Konko, tem para subir e criar desequilíbrios.

Por tudo isto, está mais do que visto que há jogo grande agendado para logo à noite (é uma pena Elias estar de fora). Um jogo onde, creio, há muito a ganhar: escancarar o apuramento para a fase seguinte da Liga Europa, colocar o universo futebolístico de olhos postos em nós, elevar ainda mais os nossos índices de confiança, continuar a aproximar os adeptos da equipa.
Resta esperar que a equipa mantenha a mesma atitude, que a relva aguente e que os adeptos (tirando os imbecis que continuam a ir ao estádio só para assobiar), percebam as palavras de Domingos. «A equipa já provou que consegue fazer coisas boas e que consegue entusiasmar os adeptos. Continuem a acreditar que é possível e a incentivar estes jovens que chegaram».

SPOOOOOOOOOOOOOOORTING!

p.s. – espero que as nossas claques tenham a decência de não tentar nenhuma aproximação, a não ser que seja para ir-lhes aos cornos, a estes cabrões de extrema-direita que vão estar em Alvalade
p.s.2 – não me sai da cabeça a capa do Jogo. Que maravilha…

Se não fosse tão patético, eu até me ria…

«A Sporting Clube de Portugal – Futebol SAD e o jogador Luís Aguiar chegaram a acordo para a suspensão do contrato, até 30 de Junho de 2012. Devido a problemas pessoais do jogador, relacionados com a gravidez da mulher, a Sporting Clube de Portugal – Futebol SAD entendeu que o Uruguai, onde o jogador irá jogar a partir de Janeiro de 2012, é o local ideal para sua recuperação futebolística

O que vale é que nós somos mesmo uns porreiraços. Bem, antes isto do que deixar o Pongolle andar a resolver os problemas com as suas duas ou três mulheres…
Ah, e se não for pedir muito, para além de irem buscar um central (ou curarem o Rodriguez de vez), tragam mais um médio centro quando o mercado reabrir (ou metam uma botija de nitro no cu do Matías e nos cus dos Andrés).

p.s. – apesar de continuar tudo envolto em mistérios, parece que a contratação deste rapaz foi um dos motivos que levou às mudanças no departamento médico. Ponto para o ex-doutor.

Eu é que jogo no lugar do Elias!

A frase poderá passar pela cabeça de André Santos, de Pereirinha e de Matías Fernandez. E passaria, seguramente, pela cabeça de Luis Aguiar, estivesse ele a, pelo menos, 70%. Mas o mais importante é saber o que passará pela cabeça de Domingos.

Para mim, Pereirinha não tem intensidade para o lugar, ainda por cima tendo que substituir um dos mais rotativos da equipa. O jogo de Zurique foi claro exemplo disso. Sobram André Santos e Matías e, caso fosse eu a optar, começava o jogo com o chileno. Está com pouco ritmo, é verdade. Não dos gajos que mais pressiona, pois que também é verdade. É fraco no choque, é sim senhor. Mas está aqui a oportunidade de entregar-lhe um papel semelhante ao que desempenha (e tão bem que o faz), na selecção, tendo oportunidade de partir mais atrasado, e com mais tempo para pensar, para encarar os médios defensivos e defesas contrários de frente.
Schaars e Rinaudo vão ter que pedalar ainda mais, até porque o meio-campo da Lázio tem valor inquestionável, mas Matías poderá dar aquele toque de magia que faz a diferença.

p.s. – quanto à situação de Rodriguez, cheira-me que a resolução do problema passa por ir buscar outro central, na reabertura de mercado. Até porque, parece-me, dos quatro que temos é o único talhado para jogar à esquerda.

Agora, já todos sabem como ele se chama

E não me refiro, apenas, aos adeptos de clubes adversários. A carapuça serve, também, para todos os Sportinguistas que, ao fim de poucos minutos em campo, sem rotinas de jogo e com a angústia de ser suplente do Postiga, apelidaram de “uma merda” (para ser simpático) este avançado holandês.
Agora, Wolfswinkel já é bom. Um grande avançado. Um espectáculo. Uma máquina de fazer golos. Até os jornais já o colocam entre os melhores avançados da história do Sporting.

Nada de novo, é verdade, portanto foquemo-nos no que importa: o Sporting encontrou, finalmente, um avançado capaz de ocupar o lugar deixado em aberto por Liedson. Os golos que marca, e como os marca (falta ver fazê-lo de cabeça), não deixam margem para dúvidas de que se trata de alguém com apurado sentido de baliza e frieza necessária para concretizar quando a situação assim o exige (duvido que sem o deslumbre com que já jogava, não tivesse conseguido fazer o hat trick, no sábado). A forma como se movimenta, dentro e fora da área, indiciam escola de número 9, consciente de que o posicionamento e o jogo de corpo é meio caminho andando para tirar o defesa da jogada e facilitar a chegada ao golo. E, aos poucos, vê-se que sabe perfeitamente descer para servir de pivot às movimentações ofensivas, voltando a ocupar o seu lugar na área à espera que a bola lhe chegue.

É um prazer saber que temos alguém que marca golos, redobrado quando penso que, como opções, há um Bojinov que só precisa de afinar com a baliza para ganhar a confiança que lhe falta e um Rubio que tem inegável qualidade. Ah, e Wolfswinkel tem apenas 22 anos. Espero é que esteja preparado para voltar a ser apelidado de “merda”, quando passar dois jogos sem marcar.

p.s. – o destaque da semana podia ter ido para Elias. Impressionante, a rotatividade do homem durante o jogo de sábado. Ah, e uma menção honrosa para Insua também não fica mal.

Quero Alvalade de volta!

«O Sporting está melhor, vem de duas vitórias fora, mas vamos tentar colocar pressão na sua casa, onde ainda não ganhou», disse Bruno Ribeiro, treinador do Vitória de Setúbal, na antevisão ao jogo de amanhã.

Não posso deixar de considerar inacreditável, ouvir o treinador de um clube do meio da tabela dizer que vem a Alvalade para colocar pressão… no Sporting. Sempre me habituei, desde pequeno, a assumir que jogar em Alvalade era sinónimo de vitória. Claro que fui levando enormes baldes de água gelada pelo caminho (acho que o primeiro de que me recordo é uma derrota, em casa, 1-2, com o Porto e com dois frangos do Vital, no final da década de 80) mas, ainda assim, sempre olhei para Alvalade como a nossa casa, aquela onde nem me passava pela cabeça ser derrotado. O Ajax de Menzo e do jovem Bergkamp levou 4 batatas, recebi o Maradona dizendo-lhe que o Douglas ia metê-lo no bolso a ele e ao Careca, vi o Oceano desperdiçar vários golos frente ao Inter de Zenga e dos alemães, o Real a ter que roubar forte e feio para eliminar-nos e o Niculae bombardear a baliza do Milan.

Mas também vi esse sentimento de “aqui mandamos nós”, ir sendo colocado em causa. Nós adeptos, questionamos. E, pior, os próprios jogadores parece que olham para os jogos em casa como se fossem jogar com 50 mil turcos nas bancadas, sem rede e sem fosso. Perante isto, temos que levar com qualquer mija na escada a achar-se em condições de vir a Alvalade bater o pé.

De quem é a culpa? De todos. De quem dirige e, nos últimos anos, passou a achar que ficar em segundo é uma maravilha. De quem treina, sem a preparação para perceber a grandeza do clube onde está. De quem contrata, que nos brindas com craques que nem para carregar as bolas do Paulinho serviriam. De quem joga, incapaz de perceber que um Leão não tem colhões de lagarto. De quem está na bancada, mais interessado em assobiar e em criticar do que em ver algo de positivo (e, por aquilo que aconteceu em Vila do Conde, parece que a doença está a alastrar a outros estádios). Até o cabrão do relvado resolveu deixar de ser o que era, salvo erro desde o tempo em que demos 3-0 ao Mónaco a jogar numa espécie de praia relvada.

Posto isto, acabo de ouvir Domingos dizer que «ao jogarmos perante os nossos adeptos, não é que haja uma dívida, mas há uma grande mentalidade de querer mudar o rumo dos últimos tempos e uma grande vontade de ganhar o jogo, e isso passa por uma equipa competitiva». É bonito, sim que é, mas, oh Domingos, a equipa tem que ser mais do que competitiva. Competitivo tem que ser o adversário, que na sua cabeça tem que pensar que perder por menos de 2 é um bom resultado, e que empatar é como ir à final da Champions. Nós, nós temos que ser aquele clube que manda em Alvalade e que apenas desperta no adversário o seguinte pensamento: «foda-se, vamos jogar com o Sporting!”

Não devias ter sido o único a falar

«É absolutamente falso que eu pretenda requerer junto do Tribunal de Trabalho uma pensão por incapacidade. Uma tal pretensão implicaria que eu abandonasse definitivamente a minha actividade profissional, o que é totalmente absurdo. Acabo de completar 29 anos de idade e penso jogar futebol como profissional durante mais alguns anos. Não tem, pois, fundamento, a notícia que alega que um eventual processo irá dar entrada no tribunal do trabalho. Tenho tido alguns problemas no meu joelho, mas espero resolvê-los rapidamente, para poder dar o meu melhor contributo à equipa», Izmailov, em comunicado.  

Muito sinceramente, penso que faltou este comunicado ser acompanhado, de viva voz, por alguém da direcção, com uma simples declaração. Qualquer coisa como “o jornal Record já mostrou, por mais do que uma vez, que tem tanta credibilidade como um zero à esquerda. A capa de hoje (ontem), onde estampam mais uma mentira é, apenas, novo exemplo da pequenez e falta de ética daquilo a que mais não pode chamar-se do que pasquim”.

No fundo, é em momento como este que o Duque e companhia têm que mostrar que “acabou o Sportinguezinho”.

ACTUALIZAÇÃO
Afinal o Sporting respondeu e eu não dei por nada. Entre apagar o post e assumir a bacorada, prefiro a segunda. Pronto, podem “biqueirar-me”.

resposta do Sporting no site oficial
A notícia publicada esta quinta-feira no Jornal “Record” com o título: “Izmailov quer pensão por incapacidade” prejudica gravemente o jogador e a estabilidade da equipa profissional de futebol da Sporting SAD. O atleta já afirmou em comunicado, que a informação é “absolutamente falsa”.
A importância e repercussões dos factos relatados exigiriam do referido órgão de comunicação um cuidado acrescido na confirmação dos factos, o que poderia ter sido facilmente alcançável contactando o jogador, o seu empresário ou a Sporting SAD, o que incompreensivelmente não foi feito.
A Sporting SAD não deixará de defender os seus profissionais e regista o momento que foi escolhido para destabilizar a equipa de futebol.

 

De volta à relva

Depois de dois dias a olhar para o alto onde o Ogushi acertou na bola, é hora de voltar a colocar os pés na relva e apontar o dedo a algo inquestionável: a forma como, de um momento para o outro, o nosso meio-campo deixa de fazer pressão, obrigando Rinaudo a ser o único apoio para os defesas.
Isto já tinha acontecido em Zurique e voltou a acontecer em Vila do Conde, o que indicia algo que pode ser bastante complicado quando defrontarmos equipas mais fortes e com melhores executantes.

Não podemos, e isto é algo que o Domingos deve resolver rapidamente, passar largas fatias do jogo a jogar numa espécie de 4-1-5, onde aquele um do meio-campo é Rinaudo, de um momento para o outro totalmente desacompanhado por Schaars, Elias, Carrillo e Capel. Quem se lixa, para além do argentino, são os defesas, que levam com os adversários de frente e embalados. Basta recordar a bola no poste, em Zurique, ou o segundo golo do Rio Ave. E basta pensar que não temos centrais propriamente rápidos e que o lateral direito é melhor a atacar do que a defender.

Sim, é verdade que gostamos de ver o Sporting que, durante cerca de 30 minutos, marcou dois golos a abrir e teve oportunidades para ampliar mais duas ou três vezes, mostrando vontade de matar logo ali o jogo. Mas, e quem gosta de futebol também saberá apreciar isto, não tendo conseguido fazê-lo, e perante o claro levantar de cabeça do adversário, temos que saber cerrar fileiras. Isso passará, penso eu, por inverter o triângulo de meio-campo, colocando Elias ao lado de Rinaudo (o brasileiro faz isso na selecção, funcionando como segundo trinco quando as circunstâncias a tal obrigam), e garantindo uma maior pressão sobre o portador da bola. Isso não só diminuirá os lances em que os adversários surgem embalados, de frente, como dará maior margem de tempo a que os restantes jogadores recuperem no terreno.

No fundo, e agora que já descobrimos o caminho para a baliza adversária, temos que descobrir o caminho para fechar a nossa.