Arrancou oficialmente a campanha eleitoral para a presidência do Sporting. Falta cerca de um mês para tentarmos perceber o que pode, efectivamente, valer cada uma das listas. Assim sendo, e porque me parece bastante cedo para se chegar a conclusões, começaria por dizer que os títulos escolhidos são cada um pior do que o outro: Salvar o Sporting; Sporting no coração, confiança no futuro; Falar verdade, todos pelo Sporting; são… de fugir. O mais normal acaba por ser o Independência. Rigor. Verdade, associado à lista encabeçada por Vicente Caldeira Pires, com candidatura independente ao Conselho Fiscal e Disciplinar.
Depois, colocaria as coisas neste patamar:
Lista A, encabeçada por Carlos Severino a todos os Órgãos Sociais
A favor:
– o facto de ser um outsider pode ser bom. É-lhe atribuída pouca relevância, o que amplia a ambição de , correndo por fora, provocar uma surpresa. Mas já se sabe que “estórias” bonitas, como a da Dinamarca, em 92, acontecem poucas vezes (e Severino não tem nem Schmeichel nem Brian Laudrup);
– já esteve durante vários anos no Sporting, oito, como responsável pela comunicação, o que lhe dá algum conhecimento do terreno que pisa;
– tem a noção do tipo de imprensa e jornalismo desportivo que se faz no nosso país;
– não quer nem mais um tostão emprestado pela banca;
Contra:
– o facto de ser um outsider também pode ser uma merda. Fala-se na sua lista e os votantes encolhem os ombros como quem diz “esse não conta”pode ser bom;
– a ideia de criar um protocolo com o Barcelona faz-me tremer, recordando um suposto protocolo com o Manchester United
Lista B, encabeçada por Bruno de Carvalho a todos os Órgãos Sociais
A favor:
– está associado ao corte radical com todo o passado recente do clube, que o conduziu a este estado;
– discurso assertivo e bem estruturado, sendo difícil de bater em debates com outros candidatos;
– um programa estruturado desde o início (tal como há dois anos);
– o crescente descontentamento de vários sócios que até tinham votado na lista de Godinho Lopes;
– as constantes suspeitas, lançadas sobre si, podem funcionar a seu favor. Pelo menos enquanto não surgirem provas que confirmem uma dessas suspeitas;
– promete manter a maioria do capital da SAD no clube
Contra:
– o estilo truculento, tal como o estilo abetalhado, afasta algumas pessoas;
– as constantes suspeitas lançadas sobre si. Mesmo sem provas, já se sabe que o português gosta de emprenhar pelos ouvidos (e há outros que, perante factos, como os problemas judiciais de Godinho ou Duque, se estão marimbando);
– os nomes apontados para tomarem conta do futebol, Virgílio e Inácio (faltando anunciar um), fazem muita gente torcer o nariz. Mas é bom não esquecer que o Augusto é um dos “misters” que melhor se move entre os tentáculos do polvo da arbitragem.
Lista C, encabeçada por José Couceiro à mesa de Assembleia-geral, Conselho Directivo e Conselho Fiscal e Disciplinar
A favor:
– é um nome muito bem visto no universo leonino, passando imagem de profissional competente;
– passou pelo clube há bem pouco tempo, quando o barco já começava a afundar, o que lhe dá conhecimento de causa;
– tem conhecimentos futebolísticos como, provavelmente, nenhum outro presidente teve.
Contra:
– já foi quase tudo no mundo do futebol: jogador, presidente do Sindicato de Jogadores, director desportivo, director geral e treinador. Pese o estilo homem dos sete ofícios, contam-se pelos dedos as reais conquistas;
– tem o apoio público de Roquette, Bettencourt e Godinho Lopes, o que obrigará a esforço extra no sentido de anular a ideia de continuidade;
– é apoiado pela banca, que já afirmou ver as entidades bancárias como um parceiro na resolução dos problemas. Será fundamental que esclareça se continua a trabalhar com os mesmos bancos, ou se tem outra carta na manga;
p.s.: diz que João Pedro Paiva dos Santos vai contratar batedores para, no dia 23 de Março, conseguir chegar antes do fecho das urnas…