Memórias

Será difícil não elegermos aqueles inesquecíveis 2-0, com golos de André Cruz e de Acosta, como sendo a melhor memória dos confrontos caseiros frente ao fcporto.
Assim sendo, a piada será recuperar outros episódios (é esse o desafio que vos lanço).

No meu caso, há uma imagem que guardo com especial carinho (peço a quem tiver melhor cabeça que eu, que me diga ao certo a época em que isto aconteceu).
Num dos clássicos mais quezilentos de que tenho memória, em que o fcporto defendeu o 0-1 praí desde os cinco minutos e a arbitragem foi uma salada de fruta, a rede do topo sul foi mandada abaixo. Alvalade, em peso, gritava “invasão, invasão”. No relvado, Douglas, o enorme Douglas, farto daquela palhaçada, acelera em direcção a André (sim, esse mesmo nojento), e o esperado carrinho transforma-se num voo, coroado com uma tesoura à cintura.

p.s. – dizem-me que tenho as memórias todas enrodilhadas… olha, safem vocês o post. eu vou continuar a acreditar que aquela tesoura se passou à minha frente, em Alvalade (não me lixem mais as memórias, please).

Aquecer o clássico

«A questão do Izmailov é uma questão de honestidade, ou se calhar eu não soube tirar tudo dele…”, começou por responder, prosseguindo no mesmo tom irónico: “Olhando à intensidade com que ele joga hoje, alguém estava mal. Ou o departamento médico, ou o departamento técnico ou então o profissionalismo dele.», Domingos, in O Jogo, reproduzindo declarações proferidas no programa Grande Área, da RTP.

Das três, uma. E estou mais inclinado a acreditar na terceira (cabrão do Costinha deve estar farto de rir-se).

Bela forma de lançar o clássico

«Até houve um comentador que ontem referiu que dava a sensação de que ele queria desmoralizar o Patrício, para que ele fosse desmoralizado para o jogo com o fcporto. E nós sabemos que o professor Jesualdo treinou o fcporto e nós não queremos infiltrados no Sporting», Carlos Severino, aqui, a propósito das críticas de Jesualdo Ferreira a Rui Patrício e Wolfswinkel, no final do jogo com o Estoril.

E…e… eu acho, que se é para agitares ainda mais as águas em torno da equipa, valia mais estares calado.

Gira-discos (porque o estado de alma leonino também se canta)

Nada me parece mais apropriado, ao que resulta da apreciação da caixa de comentários anterior. Importa é cavar fundo, cada vez mais fundo, procurando ossadas que, após análise forense, permitam espetar um prego num dos candidatos. Como quero todos felizes, proponho um momento de terapia conjunta: dancem que nem loucos (ou loucas, que até já a Gattuzza cá comenta), enquanto imaginam a cara do gajo em quem não vão mesmo votar, e cantem I love to hate you I love to hate you I love to hate you I love to hate youuuuuuuuuuuu!

ABC

Arrancou oficialmente a campanha eleitoral para a presidência do Sporting. Falta cerca de um mês para tentarmos perceber o que pode, efectivamente, valer cada uma das listas. Assim sendo, e porque me parece bastante cedo para se chegar a conclusões, começaria por dizer que os títulos escolhidos são cada um pior do que o outro: Salvar o Sporting; Sporting no coração, confiança no futuro; Falar verdade, todos pelo Sporting; são… de fugir. O mais normal acaba por ser o Independência. Rigor. Verdade, associado à lista encabeçada por Vicente Caldeira Pires, com candidatura independente ao Conselho Fiscal e Disciplinar.

Depois, colocaria as coisas neste patamar:

Lista A, encabeçada por Carlos Severino a todos os Órgãos Sociais
A favor:
– o facto de ser um outsider pode ser bom. É-lhe atribuída pouca relevância, o que amplia a ambição de , correndo por fora, provocar uma surpresa. Mas já se sabe que “estórias” bonitas, como a da Dinamarca, em 92, acontecem poucas vezes (e Severino não tem nem Schmeichel nem Brian Laudrup);
– já esteve durante vários anos no Sporting, oito, como responsável pela comunicação, o que lhe dá algum conhecimento do terreno que pisa;
– tem a noção do tipo de imprensa e jornalismo desportivo que se faz no nosso país;
– não quer nem mais um tostão emprestado pela banca;

Contra:
– o facto de ser um outsider também pode ser uma merda. Fala-se na sua lista e os votantes encolhem os ombros como quem diz “esse não conta”pode ser bom;
– a ideia de criar um protocolo com o Barcelona faz-me tremer, recordando um suposto protocolo com o Manchester United

Lista B, encabeçada por Bruno de Carvalho a todos os Órgãos Sociais
A favor:
– está associado ao corte radical com todo o passado recente do clube, que o conduziu a este estado;
– discurso assertivo e bem estruturado, sendo difícil de bater em debates com outros candidatos;
– um programa estruturado desde o início (tal como há dois anos);
– o crescente descontentamento de vários sócios que até tinham votado na lista de Godinho Lopes;
– as constantes suspeitas, lançadas sobre si, podem funcionar a seu favor. Pelo menos enquanto não surgirem provas que confirmem uma dessas suspeitas;
– promete manter a maioria do capital da SAD no clube

Contra:
– o estilo truculento, tal como o estilo abetalhado, afasta algumas pessoas;
– as constantes suspeitas lançadas sobre si. Mesmo sem provas, já se sabe que o português gosta de emprenhar pelos ouvidos (e há outros que, perante factos, como os problemas judiciais de Godinho ou Duque, se estão marimbando);
– os nomes apontados para tomarem conta do futebol, Virgílio e Inácio (faltando anunciar um), fazem muita gente torcer o nariz. Mas é bom não esquecer que o Augusto é um dos “misters” que melhor se move entre os tentáculos do polvo da arbitragem.

Lista C, encabeçada por José Couceiro à mesa de Assembleia-geral, Conselho Directivo e Conselho Fiscal e Disciplinar
A favor:
– é um nome muito bem visto no universo leonino, passando imagem de profissional competente;
– passou pelo clube há bem pouco tempo, quando o barco já começava a afundar, o que lhe dá conhecimento de causa;
– tem conhecimentos futebolísticos como, provavelmente, nenhum outro presidente teve.

Contra:
– já foi quase tudo no mundo do futebol: jogador, presidente do Sindicato de Jogadores, director desportivo, director geral e treinador. Pese o estilo homem dos sete ofícios, contam-se pelos dedos as reais conquistas;
– tem o apoio público de Roquette, Bettencourt e Godinho Lopes, o que obrigará a esforço extra no sentido de anular a ideia de continuidade;
– é apoiado pela banca, que já afirmou ver as entidades bancárias como um parceiro na resolução dos problemas. Será fundamental que esclareça se continua a trabalhar com os mesmos bancos, ou se tem outra carta na manga;

 
p.s.: diz que João Pedro Paiva dos Santos vai contratar batedores para, no dia 23 de Março, conseguir chegar antes do fecho das urnas…

Sem vergonha, até ao último suspiro

De acordo com o jornal A Bola, o presidente demissionário, Godinho Lopes, no seguimento das críticas/ameaças deixadas por Bruno de Carvalho e José Couceiro, terá enviado uma carta ao líder da Mesa da Assembleia Geral (MAG), Eduardo Barroso, onde, basicamente, limpa as mãos de toda a merda que fez.
«Estamos assim todos perfeitamente cientes de que se vive uma situação de verdadeira emergência, a exigir atuações urgentes e decididas, que o Conselho Diretivo demissionário não está em condições e não pode mesmo tomar. Até às eleições, o Conselho Diretivo mantém-se no seu posto e não enjeita responsabilidades, embora com possibilidades de atuação pelas circunstâncias já descritas muito limitadas […] Assim que seja conhecido o resultado das eleições, os eleitos deverão imediatamente entrar em funções, assumindo plenamente cargos e responsabilidades. Terão a legitimidade e os meios com que necessariamente se muniram para as soluções que certamente terão e para cuja implementação se candidatam.» Godinho Lopes, que revela ter fornecido «aos candidatos toda a informação sobre a situação do clube», lembra que os estatutos, agora, permitem que a tomada de posse dos novos órgãos sociais possa acontecer não imediatamente a seguir à divulgação dos resultados das eleições mas durante um período de quinze dias. Mas avisa que uma demora «só pode agravar ainda mais os problemas», causando um vazio de poder no seio do emblema de Alvalade. Godinho Lopes considera também que o processo que conduziu à sua renúncia fou «incendiário» e lembra que alertou para os riscos da mudança nesta altura.

Inacreditável…

Vitamina B – O professor

Sinto-me completamente descomprometido, para falar de Jesualdo Ferreira. Nunca fez parte do meu leque de treinadores de eleição, tanto em termos técnicos, como em termos de personalidade. E se esta segunda vertente começa a suavizar-se bastante mais com as suas últimas conferências de imprensa, confesso que continuo com bastantes dúvidas no que toca às suas capacidades técnicas. É mau? Não, não é. Mas também me parece que não será um treinador de topo.

A questão é, agora, saber se será ele o nome certo para conduzir os putos. Por aquilo que me parece, o balneário está com ele, e isso é algo muito importante. E o próprio Jesualdo já deu o mote: será necessário contratar três ou quatro jogadores de alto calibre, que sustentem o crescimento dos mais novos; não pedir aos mais novos que carreguem sobre os ombros toda a responsabilidade. No fundo, Jesualdo quer ovos, até porque sabe que foi com ovos como Lucho, Lisandro, Quaresma, Bosingwa, Hulk ou Falcão que fez as melhores omeletes da sua vida (tal como nós sabemos que foi com Schmeichel, André Cruz, Duscher, Pedro Barbosa, Acosta, João Pinto, Jardel, Rui Jorge ou Babb que Inácio e Boloni deram ares de chef)

Posto isto, creio que posso resumir a minha posição da seguinte forma: não sei se valerá a pena estar a “deitar fora” o trabalho que Jesualdo já começou e continuará a fazer até ao final da época, para trazer um Leonardo Jardim ou, bem pior, inventar um novo Mourinho indo buscar um Marco Silva ou um Paulo Fonseca. Mas desconfio que viraremos mais uma página da nossa história sem atacar aquela que, para mim, seria a solução: contratar um Van Gaal, um gajo capaz de ser superior a todas as tricas que dão ritmo ao nosso futebol, um gajo capaz de, efectivamente, ensinar futebol a jogadores de todas as idades, um gajo capaz de dar verdadeiros banhos tácticos (e não de levar, como nos tem acontecido) e de reduzir à sua mediania a maioria dos treinadores que por cá trabalha.

Um treinador bom custa dinheiro. Mais, exige bons jogadores. E, tendo em conta o estado das nossas finanças, até tem dado bastante jeito o desfile de treinadores que trabalham não com o que querem, mas com o que lhes dão.