Entre melões apepinados e reguadas injustas

«Para ganhar jogos em qualquer Liga, tem de se ter atitude cem por cento em todos os momentos. Na primeira parte não viemos, faltámos à escola».

As palavras são de Jesualdo Ferreira, logo após o empate em Coimbra. E são verdadeiras. O problema é que, o que se passou nessa miserável primeira parte, é imensamente mais culpa do professor do que dos alunos. Faz-me espécie, como diria a minha avó, que um treinador a quem é apontada a experiência como um dos pontos a seu favor, entre em campo com aquele onze. Caro Jesualdo, desculpe, mas é inadmissível! Por mais que me custe, até porque sou defensor que a identidade de uma equipa não deve ter oscilações e, mais, que o ADN do Sporting devia obrigar a jogar para ganhar a quase totalidade dos jogos, ainda consigo compreender que se prepare uma táctica diferente para enfrentar um adversário como o da semana passada. Agora, pegar nessa táctica para enfrentar… a Académica? Sabe, Professor, pensando bem, até acho que o senhor está enganado. Nós não faltámos à escola; nós apresentámos na aula prática à imagem do que a estratégia representou na cabeça dos jogadores.

Depois, a outra tirada da noite. «[…] esta equipa é um pouco como os melões. Quando vão para a mesa, não se sabe bem o que vai estar lá dentro. É a fotografia desta equipa, cheia de jovens com qualidade, ainda desaproveitada». Tudo muito bonito, tudo muito eng. Sousa Veloso no cabrão do Tv Rural que me lixava os desenhos animados. É, eu ontem estava numa de ver desenhos animados, mas o Professor serviu-me TV Rural. Sabe, meu caro, se isto fosse agarrar no melão e colocar em cima da mesa, qualquer um seria treinador. Mas o que lhe pedem, Professor, é que seja capaz de escolher o melhor melão antes de colocá-lo na mesa, não ir à horta ao intervalo e fazer coisas tão básicas como recolocar o Eric Dier a central (que aquele parva ideia de o tornar num Beckenbauer em sentido inverso termine depressa) ou o André Martins a jogar.

E com este melão indigesto, acabámos por comprovar a máxima que eu tinha utilizado na vitória em Barcelos: a sorte conquista-se. Ora, nós acabámos por ser castigados, principalmente por não termos sabido ser Sporting desde o primeiro minutos. Por, uma vez mais, provarmos que estamos onde estamos não pela qualidade dos adversários, que cumprem o seu papel e que, bem vistas as coisas, têm os pontinhos que habitualmente têm. O problema fomos nós, para não variar. Nem conseguimos ter positiva no teste, pese a agradável composição final; nem conseguimos sair satisfeitos da mesa, pese as talhadas finais menos apepinadas.