Madalena, uma singular rapariga Sportinguista, assina pelo Cacifo

 

O amor da minha vida, by Madalena*

Gajas e futebol = sucesso garantido.

Foi o que me disseram, quando comecei o meu blog. Disseram que até podia dizer até que nem sabia o que era um fora de jogo, que podia dizer que o Porto não é corrupto, que podia dizer que o Messi era o melhor do mundo. Básica e resumidamente, que podia dizer qualquer barbaridade, que era uma “gaja” a falar de futebol. Alias a única associação que se faz entre gajas e futebol, normalmente são aquelas dos concursos daquele jornal Rascord, da sexy bola ou coisas assim. O problema, e foi aí que se enganaram, é que eu não sou uma gaja a falar de futebol. Sou uma rapariga. Uma mulher. Uma jovem, vá até aceito. Mas uma gaja? Não.

Comecei a escrever depois de alguns amigos me dizerem que devia ter um blog, especialmente porque o meu facebook já se tornava cansativo com os meus posts futebolísticos. “Arranja um blog e deixa lá os nossos feeds em paz!” Diziam-me eles.
Ao principio acho que tinha os meus visitantes apenas por curiosidade. Afinal, não é assim tão comum ver uma rapariga a gostar tanto de um tema tão maioritariamente masculino. Não só a gostar, mas a saber minimamente o que diz. Sim, eu sei o que é um fora de jogo, sei que o Porto é corrupto e sei que o Cristiano Ronaldo é o melhor do mundo. Mas mais do que tudo isso eu sei o que é o Sporting.

Aos 16 anos dei o meu primeiro beijinho. Sim, um bocado tarde de idade, a maior parte das pessoas  com aquela idade já não era se quer virgem, mas também, verdade seja dita, na minha pre adolescência não era muito dada a beleza.
Depois arranjei um namorado. Um “namorico” chamemos-lhe assim. Depois outro, depois outro. Mas havia algo que não batia certo. Aquilo nunca resultava muito para mim, a minha dedicação nunca estava lá a 100% e também nunca costumavam entusiasmar demasiado. Ao principio é sempre tudo bonito, claro. Muito amor e muitas promessas de um eterno que nunca chegou. Ja achei que tinha encontrado o amor da minha vida, mas nunca passava de consequência de ser uma romântica. Falávamos de como iam ser os nossos filhos, os netos, os bisnetos e os natais lá em casa. Que graça..

Há quem deprima a pensar em ex namorados. Eu? Eu já nao faço mais do que sorrir e pensar que eu era mas era parva. Como é que achavam que ia resultar, se nao aceitavam que eu já era casada?

No dia 1 de Julho deste ano, o meu pai riu-se quando viu a quem chamei o amor da minha vida. Disse que estava era maluca, que já estava a levar isto demasiado longe. Mas eu expliquei “Pai, quantos namoricos já viste passar pela minha vida? 3. E quanto é que eles duraram?”
Um ano ou assim, mas não estou a perceber onde é que queres chegar, respondeu ele.
Pai, há quanto tempo é que sou do Sporting? A quantos é que o Sporting sobreviveu?

Eu sou Sporting, e o Sporting somos nós. Ha quem não perceba este amor a um clube. Porque é que haveremos de dedicar tanto tempo a algo que apenas nos traz tristezas, que não nos traz nada de bom, que é apenas futebol. Não ha nenhuma razão lógica, não vale a pena procurá-la, porque o amor em si não tem de ser lógico.

Eu sou Sporting, e o Sporting somos nós. Por isso é que já não  me afectam os moutinhos, os izmas, os que vinham mas afinal foram para o Porto, ou os que teimam em não querer renovar apenas porque estão com um défice de atenção e estão a gostar de dar entrevistas todos os dias. Não me afectam porque sei que o Sporting vai continuar, apenas teve uns pequenos percalços com umas namoradas esquisitas. Mas também, quem é que não tem a sua bagagem?

Eu sou Sporting, e o Sporting somos nós. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza.

 

*Madalena é a autora do blogue Singularidades de uma Rapariga Sportinguista e assina, semanalmente, um post no Cacifo