Faz hoje precisamente um ano que te estreaste como titular. Nessa altura já tinhas defendido um penalti, naquele célebre jogo nos Barreiros, contra o Marítimo, onde entraste a substituir um lesionado Ricardo. Nessa altura, para mim e para milhares de Sportinguistas, tu podias representar algo há muito desejado: ter um guarda-redes formado em Alvalade a defender as nossas cores e como titular da selecção nacional.
O tempo foi passando e sobre ti surgiram dúvidas, muitas dúvidas, alimentadas pelos constantes tremeliques durante os jogos, pelos golos (mal) sofridos, pela presença de um fantasma chamado Stojkovic, um guarda-redes com maior maturidade e exibições que faziam dele o natural titular. Eu fui um dos que te criticou e questionou várias vezes o porquê de continuares a ser titular. No fundo, não fazia sentido ter um guarda-redes que em vez de nos valer pontos fazia com que os perdêssemos.
Este ano voltaste a começar a época a titular, defendeste um penalti contra o FCporto, para a Supertaça, mas os jogos que se seguiram continuaram a mostrar um guarda-redes inseguro, incapaz de transmitir confiança a adeptos e colegas de equipa. Até que… até que, sem explicação aparente, aproveitaste a viagem à Ucrânia para fazeres uma exibição segura, confiante e personalizada, com claro peso na vitória final. Seguiu-se outro bom jogo em Paços de Ferreira, em Vila do Conde, uma fotografia menos bonita contra o Leixões e uma grande exibição contra a Naval.
De um momento para o outro já não tremes nem fazes cara de puto assustado. Já não bates constantemente com as palmas das mãos nas pernas e repetes “foda-se…”, enquanto abanas a cabeça. Agora sais aos cruzamentos e seguras todas as bolas, terminado esse movimento de cabeça levantada, estilo altivo, quase em bicos dos pés como fazia o saudoso e elegante Vítor Damas. Revelas uma surpreendente frieza que, como já aqui disse o Douglas, te faz parecer um guarda-redes italiano. Uma personalidade e confiança que, a manterem-se e como escreveu o mesmo Douglas há dois dias, te levarão a ser o número um da nossa selecção.
Da minha parte, deixo-te um pedido de desculpas pela impaciência com que encarei as dores do teu crescimento e aquilo que considerava teimosia do Paulo Bento. E quero dar-te os parabéns pelo teu primeiro ano como titular da nossa baliza. Se continuares assim, espero que por lá fiques muitos e bons anos!