Não me apetece. Esta é a melhor forma de resumir a época 2008/2009 do Sporting. Não me apetece fazer um balanço de mais um “primeiro lugar dos últimos”. Quatro anos sempre em segundo. Quem quiser contentar-se com taças e Champions, está à vontade… No primeiro ano, depois da catástrofe Peseiro, é positivo. No segundo ano, é aceitável. No terceiro ano, já daria motivo para mudar tudo. No quarto, com a melhor equipa deste ciclo, é inaceitável. É mau. E indesculpável. Porquê?
– o Sporting só ganhou um jogo contra uma equipa igual ou melhor.
– o losango eternizou-se, sem alternativa.
– os jogadores com mais potencial não evoluíram, alguns regrediram.
– fomos historicamente humilhados na Europa por decisões puramente técnicas.
– fizemos apenas uma meia-hora entusiasmante em toda a época.
– fomos objectivamente prejudicados pela arbitragem, numa atitude corporativista do apito motivada pelos comportamentos do treinador do Sporting.
– não temos jogadas estudadas nos lances de bola parada.
– Abel, Ronny, Veloso, Romagnoli e Tiuí ainda fazem parte do plantel e são escolhidos (uns mais que outros) para jogar a titulares do Sporting.
Estas são as razões de mais um segundo lugar. E são razões para acabar com o ciclo, embora já tarde… Aparentemente, não é isso que vai acontecer. No ano passado, por esta altura, eu acreditava – a medo – que o Paulo Bento ia aprender com os erros e saber evoluir. Depois desta época, deixo cair o benefício da dúvida. Para 2009/2010, espero mais do mesmo, talvez com uma (importante) maior dose de bom senso na pessoa que dirige o clube, que pode minimizar alguns erros deste ano. Mas, se o FC Porto voltar a fazer a mesma gestão para dentro (plantel, organização) e para fora (pressões, mecenato), duvido muito que consigamos mais que um segundo lugar. Outra vez.
Dito isto, há momentos e personagens de 2008/2009 para recordar:
Liedson: eu tenho a mania que as camisolas do Sporting que compro têm de ser especiais. Com nomes especiais nas costas. Tenho uma do Sá Pinto. Com o escudo na manga. Tive momentos de dúvida (sobretudo na última época em que jogou), mas agora tenho a certeza que é uma boa camisola, que poderei mostrar com orgulho aos meus netos. Tenho outra do Moutinho. Estava convicto quando a comprei. Português (um critério importante), feito no Sporting, capitão precoce, jogador com potencial fabuloso. Hoje, tenho momentos de dúvida. E desde aquele maldito dia no Algarve, nunca mais a usei. Arrependi-me de não ter uma do Acosta. Depois desta época, não tenho dúvidas: assim que o nome dele estiver no papel, eu meto-me no Metro, saio no Campo Grande, entro na Loja e peço “uma camisola, se faz favor. O nome? Liedson, minha senhora, um dos melhores jogadores da história do nosso clube”.
Vukcevic: depois de tantos meses encostado contra a parede com orelhas de burro, aquelas semanas do regresso foram das mais entusiasmantes da época. Então quando jogou na frente, voltou a mostrar que é o jogador com mais potencial do plantel. O Vuk é, para o Sporting, o que o Hulk é para o Porto. O brasileiro teve um treinador que o ajudou a crescer, psicologica e tacticamente. O Vuk teve o Paulo Bento. Se ficar muitos anos no Sporting, será um ídolo tão grande como o Balakov ou o Sá Pinto. Já é o meu ídolo. Porque tem técnica, garra, golo e é louco. E tem uma capacidade inata de gerar empatia leonina. Priceless…
“Lembras-te daquela segunda parte contra os lampiões?”: quando se falar desta época, a única coisa (positiva) que ficará para a história serão esses absolutamente fabulosos 45 minutos. Muito pouco… mas bom.
Golo do Liedson contra os lampiões: o momento futebolístico do ano em Alvalade.
Primeiros oitavos de final na Champions: alguém acha mesmo que valeu a pena?
Mais uma fornada: Adrien, Patrício, Carriço, Pereirinha… nasceu o futuro do Sporting. Mas que futuro? Um Sporting estagnado, corporizado por Moutinho, Veloso e Djaló? Ou um Sporting feliz, em que estes jogadores, daqui a 12 meses, valham, futebolisticamente, o dobro do que valem agora? Eis o Grande Dilema…