Dissemos adeus à oitava jornada

Podem falar do empate na Trofa. Da derrota em casa, com o Braga. Ou, se quiserem ser líricos, do empate em Coimbra.

Para mim, e completando o balanço da época feito pelo Douglas no post anterior (e com o qual concordo em quase tudo), a confirmação de que não seríamos campeões deu-se à oitava jornada, quando perdemos em casa com o Leixões. Não agarrámos a liderança e, pior, foi um balde de água fria para aquela que, muito provavelmente, foi a melhor assistência da época, em Alvalade.

2º LUGAR FOREVER

Não me apetece. Esta é a melhor forma de resumir a época 2008/2009 do Sporting. Não me apetece fazer um balanço de mais um “primeiro lugar dos últimos”. Quatro anos sempre em segundo. Quem quiser contentar-se com taças e Champions, está à vontade… No primeiro ano, depois da catástrofe Peseiro, é positivo. No segundo ano, é aceitável. No terceiro ano, já daria motivo para mudar tudo. No quarto, com a melhor equipa deste ciclo, é inaceitável. É mau. E indesculpável. Porquê?

– o Sporting só ganhou um jogo contra uma equipa igual ou melhor.
– o losango eternizou-se, sem alternativa.
– os jogadores com mais potencial não evoluíram, alguns regrediram.
– fomos historicamente humilhados na Europa por decisões puramente técnicas.
– fizemos apenas uma meia-hora entusiasmante em toda a época.
– fomos objectivamente prejudicados pela arbitragem, numa atitude corporativista do apito motivada pelos comportamentos do treinador do Sporting.
– não temos jogadas estudadas nos lances de bola parada.
– Abel, Ronny, Veloso, Romagnoli e Tiuí ainda fazem parte do plantel e são escolhidos (uns mais que outros) para jogar a titulares do Sporting.

Estas são as razões de mais um segundo lugar. E são razões para acabar com o ciclo, embora já tarde… Aparentemente, não é isso que vai acontecer. No ano passado, por esta altura, eu acreditava – a medo – que o Paulo Bento ia aprender com os erros e saber evoluir. Depois desta época, deixo cair o benefício da dúvida. Para 2009/2010, espero mais do mesmo, talvez com uma (importante) maior dose de bom senso na pessoa que dirige o clube, que pode minimizar alguns erros deste ano. Mas, se o FC Porto voltar a fazer a mesma gestão para dentro (plantel, organização) e para fora (pressões, mecenato), duvido muito que consigamos mais que um segundo lugar. Outra vez.

Dito isto, há momentos e personagens de 2008/2009 para recordar:

Liedson: eu tenho a mania que as camisolas do Sporting que compro têm de ser especiais. Com nomes especiais nas costas. Tenho uma do Sá Pinto. Com o escudo na manga. Tive momentos de dúvida (sobretudo na última época em que jogou), mas agora tenho a certeza que é uma boa camisola, que poderei mostrar com orgulho aos meus netos. Tenho outra do Moutinho. Estava convicto quando a comprei. Português (um critério importante), feito no Sporting, capitão precoce, jogador com potencial fabuloso. Hoje, tenho momentos de dúvida. E desde aquele maldito dia no Algarve, nunca mais a usei. Arrependi-me de não ter uma do Acosta. Depois desta época, não tenho dúvidas: assim que o nome dele estiver no papel, eu meto-me no Metro, saio no Campo Grande, entro na Loja e peço “uma camisola, se faz favor. O nome? Liedson, minha senhora, um dos melhores jogadores da história do nosso clube”.

Vukcevic: depois de tantos meses encostado contra a parede com orelhas de burro, aquelas semanas do regresso foram das mais entusiasmantes da época. Então quando jogou na frente, voltou a mostrar que é o jogador com mais potencial do plantel. O Vuk é, para o Sporting, o que o Hulk é para o Porto. O brasileiro teve um treinador que o ajudou a crescer, psicologica e tacticamente. O Vuk teve o Paulo Bento. Se ficar muitos anos no Sporting, será um ídolo tão grande como o Balakov ou o Sá Pinto. Já é o meu ídolo. Porque tem técnica, garra, golo e é louco. E tem uma capacidade inata de gerar empatia leonina. Priceless…

“Lembras-te daquela segunda parte contra os lampiões?”: quando se falar desta época, a única coisa (positiva) que ficará para a história serão esses absolutamente fabulosos 45 minutos. Muito pouco… mas bom.

Golo do Liedson contra os lampiões: o momento futebolístico do ano em Alvalade.

Primeiros oitavos de final na Champions: alguém acha mesmo que valeu a pena?

Mais uma fornada: Adrien, Patrício, Carriço, Pereirinha… nasceu o futuro do Sporting. Mas que futuro? Um Sporting estagnado, corporizado por Moutinho, Veloso e Djaló? Ou um Sporting feliz, em que estes jogadores, daqui a 12 meses, valham, futebolisticamente, o dobro do que valem agora? Eis o Grande Dilema…

Frases

José Eduardo Bettencourt, o mais forte candidato à presidência do Sporting, deixou bem claras as suas ideias: “Paulo Bento forever!”

Eu, que até gosto do José Eduardo Bettencourt, aproveito para deixar bem claras as minhas: estou farto de ficar em segundo! (só para enumerar um dos pormenores bentianos que me enfastiam)

O tripeiro Domingos já começou a passar a mensagem às tropas

“É um jogo importante na luta pelo campeonato e queremos ganhá-lo, porque influenciar as contas do título ficaria na história da Académica”,
Luiz Nunes, defesa central da Académica.

(e o tripeiro Domingos também deve ter dito ao Luiz Nunes que, se ajudar a vencer o Sporting, para o ano vai jogar de azul e branco. Só não lhe disse é que é no Vizela, ou merda do género)

Não há um dirigente do Sporting capaz de insurgir-se contra esta merda?

O árbitro disse-me: “remata, estás isolado, porque eu dei a lei da vantagem.” Eu rematei fraco, porque pensava estar em fora-de-jogo, mas é incrível porque numa grande penalidade não pode haver lei da vantagem“,
Lito, jogador da Académica, sobre a espectacular defesa de Raul Meireles ou, se preferirem, sobre um dos três penaltis não assinalados mais vergonhosos da época 08/09.

Não é querer falar mal, mas confesso que isto faz-me alguma confusão

Já há uns tempos que ando para escrever sobre a verdadeira “brigada do reumático” em que se tornou a nossa equipa.
Tirando a lesão do Grimi, que aconteceu como  aconteceu (apesar de todos sabermos que o gajo tem pernas de esferovite), a verdade é que chegamos a esta altura da época com a equipa presa por arames sendo que, nalguns dos casos, os arames rebentaram (Vuk) ou estão prestes a rebentar (Izma).

O Liedson joga em esforço.
O Polga em esforço joga.
O Caneira joga em esforço e quando a época terminar vai ser operado. 
O Yannick não joga, mas ainda assim está carregadinho de mialgias.
O Izma joga em esforço (desde a época passada).
O Rui Patrício apresenta mialgias.
O Pedro Silva está tocado.
O Derlei, tocado está. Ou melhor, cumpre plano específico.
O Vuk foi operado ao ombro. O tal ombro que já estava lesionado, à espera de uma bordoada mais forte para ceder de vez, num misto de atracção pelo risco e estupidez que podia ter sido evitada com uma operação no final da época passada.
O Rochemback rasgou a coxa e só volta daqui a 15 dias.

Eu confesso que gostava que alguém me explicasse isto. Se é uma época mal planeada, se é a componente física dos treinos que não presta, se é um departamento médico que mete água a torto e a direito? Claro que ninguém vai explicar nada ou, no máximo, vão usar a frase preferida do Fernando Santos: “futebol é isto”.