Eu continuo lixado. Fodido, mesmo. Não tanto por ter perdido com o Benfica, mas por ter perdido com este Benfica que já nada tem a ver com a equipa que começou a perder gás depois da boa exibição de Marselha. Por outras palavras, penso que perdemos uma excelente oportunidade de voltar a ganhar na Luz só que, infelizmente, e tal como Peseiro havia feito ao deixar Pinilla no banco e colocar Douala a ponta-de-lança, Carvalhal mostrou que o tamanho dos seus tomates deve ser equivalente ao do seu pescoço e armou uma táctica “a la Marítimo”, deixando Saleiro no banco e colocando João Pereira a médio direito (até tinha aceite que tivesses colocado o Postiga, oh Carvalhal).
A pressão alta, ao longo de toda a primeira parte, foi, também ela, um disparate pela forma como foi ensaiada. Então a ideia é pressionar os dois centrais e o trinco adversário, e apresentamo-nos com um único avançado, pedindo ao médio mais ofensivo, Moutinho, para correr meio-campo vezes sem conta, só para poder tentar roubar a bola ao balerma com cabelo à sideshow bob? Rebentou o avançado, rebentou o médio. E, depois, aquela teoria de que o 4-2-3-1 libertaria o João Pereira e o Yannick nas alas, não passou disso mesmo: teoria.
Acima de tudo, vi dois putos mais preocupados em fechar e criar superioridade a meio-campo, do que dois extremos a quem foi dito “só acabas com as cavalgadas quando tivermos enfiado duas batatas a estes filhos da puta e tiveres obrigado o lateral a fazer faltas suficientes para ir para a rua!” (sendo esta última parte bastante complicada, eu sei).
No fundo, este jogo deu-me a certeza de que o Carvalhal, apesar de alguns momentos engraçados, não poderia continuar como treinador do Sporting. Se até num jogo sem pressão (até o Guimarães fez o favor de empatar em casa, foda-se), o homem se mostra incapaz de deixar de pensar pequenino, então obrigadinho e vai lá tratar da tua vidinha.
Mas, mais importante do que um jogo que me deixou, como tantos outros nos últimos, fodido da vida, é a necessidade de olhar para trás e constatar o seguinte: nos últimos três anos, esta é a segunda vez que vamos ficar a 20 ou mais pontos do primeiro lugar. Isto admite-se?
De aceitar, de uma vez por todas, que a correctíssima aposta na nossa formação será sempre inglória se não for sustentada pela contratação de jogadores que façam a diferença (sim, já temos Pedro Mendes, mas precisamos de, pelo menos, mais três desse calibre).
De planear uma época com o devido tempo e, de preferência, marcando mais de quatro joguinhos de preparação.
De, de uma vez por todas, passar a considerar que ir à Champions e ganhar uma Taça é merda para as ambições do Sporting.
De perceber que o Sporting não é um centro de formação de treinadores.
De aceitar esta época como um buraco negro ao qual não queremos voltar. E começar do zero.
p.s. – parece que Vukcevic não fará parte do Sporting 10/11. Não sei se fará parte de uma estratégia de “limpeza de balneário”, mas sei que lamento que os treinadores que o apanharam no Sporting, não tenham sido capazes de transformar a sua personalidade e forma muito própria de ver o futebol, numa mais valia para o grupo. Pior, um deles viu, do banco, o homem render na posição onde sempre quis e onde sempre devia jogar. Mas preferiu ignorar. Boa sorte, Simon.