É incontornável. E eu tinha prometido fazê-lo. A próxima produção do Cacifo estreia daqui a algumas horas.
Entretanto, se vos apetecer, procurem saber um pouco mais sobre o filme que inspira o título acima e que, tal como o central brasileiro, tem tudo para não cimentar a unanimidade ao nível das opiniões.
Até logo!
02h15
Polga, Polga, Polga, Polga… Brinca brincando, está há nove anos de verde e branca vestida. Tempo suficiente para já tê-lo visto ser o melhor em campo, tempo suficiente para já tê-lo visto ser um pesadelo. Quase não o vi marcar golos, tarefa secundária de um defesa central, mas um pormenor que pode fazer a diferença. Fez três épocas realmente boas, com destaque para aquela em que, ao lado de Caneira e sob o comando de Paulo Bento, quase nos levou ao título. As restantes épocas, esta incluída, têm sido pautadas por algumas exibições muito boas, uma maioria de exibições medianas e a sina de ser quase sempre ele a estar ligado a lances que nos deixam à beira de retalhar os pulsos.
Eu já gostei muito de Polga. Defendi, e mantenho a opinião quando olho para trás, que já foi o melhor central a jogar em Portugal. E, quando olho de trás para a frente, o que vejo é um Polga como uma espécie de espelho do Sporting.
Chegou para integrar uma equipa competitiva e, de ano para ano, foi-se tornando referência no balneário de equipas cada vez mais limitadas em termos de opções e em termos de contratações dignas de representar o Sporting. Basta atentar, por exemplo, nos parceiros que lhe foram sendo dados. Se Quiroga muito prometeu e Beto conseguia disfarçar limitações com entrega e amor à camisola, o que se seguiu, com a excepção Enakarhire, foi um verdadeiro cortejo de Halloween: Hugo, Miguel Garcia, Santamaria, Gladstone, Paulo Renato, Marián Had, Mexer, Nuno André Coelho… E, com toda a sinceridade, nem Caneira, nem Tonel, nem Torsiglieri (um gajo daquele tamanho que era constantemente comido em cruzamentos para a área), são jogadores para serem titulares do Sporting. Tal como veio a provar-se que o lugar de Carriço é à frente da defesa e não como parte dela.
Não deixa, igualmente, de ser curioso, que este ano, integrado num plantel onde voltou a haver investimento e onde se conseguiu criar a base para uma equipa realmente competitiva, o central brasileiro tenha voltado a ser falado por bons motivos. Não deixa, igualmente, de ser curioso, que todos (leia-se, todos, incluindo Paulo Bento e Sá Pinto que foram colegas de Polga como jogadores) os treinadores do Sporting ao longo destes nove anos, tenham visto nele um titular praticamente indiscutível. Então, talvez o maior problema não seja Polga. Antes a medonha gestão desportiva que tem sido feita, com destaque para o abandono a que foi, ao longo de anos, votado o reforço (decente) da defesa e do ataque.
Mas afinal, foda-se, o que é que achas que devemos fazer com o Polga?, perguntarão vocês já fartos da conversa. Não me chocaria minimamente ter Polga como quarta ou quinta opção, com salário bastante reduzido. Mas acho que o tempo de Polga no Sporting, terminou. Não sou é, capaz, de resumir a sua passagem pelo Sporting como “esse gajo era uma merda”, quando o vi entrar em campo rodeado de reais merdas. Ou fruto da pouca exigência, que é por muitos usada como argumento quando querem atacar os poucos que ainda defendem Polga, quando me fartei de ouvir dizer que nós precisávamos era da defesa do Braga. A tal de onde apenas nos faltou contratar Moisés (ah, espera, ele esteve no Sporting mas falsificou papéis, não foi? E onde é que ele anda agora?), e que hoje nos brinda com um matreco à esquerda, um louco à direita que já milhares querem ver pelas costas, e um peruano que, condizendo com a alcunha, entrou mudo e ameaça sair calado.
E garanto-vos que, se tudo correr bem, será com prazer que verei Polga levantar a Taça, na tribuna do Jamor. Porque, para mim, é um jogador que, na hora da despedida, merecerá o meu «obrigado e boa sorte».