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Esta é a sensação primeira à saída do jogo de apresentação. F5. Sportinguismo refrescado, uma surpreendente sensação de ruptura com o passado recente. F5. Cinco pontos, todos sobre futebol, o novo futebol do leão.
1- Fora-de-jogo
2- Bolas paradas
3- Duplo pivot
4 – Artistas
5 – Liedson
Fora-de-jogo – A filosofia da defesa assenta toda na subida dos quatro jogadores, para “empurrar” o meio campo na pressão e, mais importante, para forçar o fora-de-jogo alheio. Risco alto, a exigir máxima coordenação da defesa. Nos primeiros 15 minutos, foi o caos, com dois defesas centrais – Tonel e Torsiglieri – fortes na marcação mas lentos e pouco coordenados. Depois, mudou a táctica e começou-se a sacar fora-de-jogos, foram quase uma dezena em meia-hora. Na segunda parte, a equipa defendeu toda e a defesa foi poupada (e o adversário ajudou).
Bolas paradas – Há trabalho. Ofensiva e defensivamente. Temos finalmente alguém a marcar livres e cantos com critério e colocação, há livres directos estudados e, mais relevante, a defender houve poucos buracos na primeira parte e só alguns na segunda. Com o tempo, a tendência é melhorar. Pior que nas últimas épocas é impossível.
Duplo pivot – O treinador usou três tácticas, mudando-as a cada meia-hora. Nos primeiros 30 minutos, um 4-1-2-3, com Pedro Mendes (capitão) sozinho atrás. Não resultou, porque abria demasiados buracos a defender (Maniche e Veloso sem ninguém para marcar, ficavam muito subidos). E a atacar, o meio campo não dava linhas de passe. Paulo Sérgio mexeu e mexeu bem. Tirou Veloso (patrão a falar com os companheiros, mas completamente fora da equipa) e meteu Matias, recuando Maniche para o duplo pivot com o Mendes. A equipa melhorou instantaneamente, a defender de forma mais agressiva e coordenada e, a atacar, com dois “registas” alternados a alimentar, com futebol directo, os três artistas. Imagem que vale mil palavras: Maniche e Mendes saíram abraçados ao intervalo, a corrigir posicionamentos: são eles os novos líderes futebolísticos da equipa. Haja saúde…
Artistas – Vuk, Matias e Valdes. Durante os últimos 15 minutos da primeira parte e os primeiros cinco da segunda, o Sporting jogou à bola. Com Maniche a dar uma dimensão nova ao futebol da equipa, a procurar jogar rápido e nos espaços vazios. E a procurar os artistas: Matigol, Vuk e Valdes, três jogadores que correm com a bola e ultrapassam adversários com facilidade. Valdes foi o melhor, mas também sem “bagagem negativa” com os adeptos. Matigol a distribuir mas ainda sem finalização. E Vuk, um renovado Vuk, pressionante, mais colectivo, sempre em diálogo com o treinador e na direita, como quer. Esta é a melhor versão do Sporting 2010-2011. É a luz ao fundo do túnel. Tem tudo para dar certo, com alternativas como Izmailov (???) e Salomão (está ali um Nani, se ele quiser e o deixarem). Tudo isto é muito giro, mas há um pormaior: Liedson
Liedson – É o herói incontestado de Alvalade. Está sozinho no coração dos adeptos. Basta entrar no relvado em direcção do banco para ser aplaudido e celebrado. Pode ser um problema. No estádio percebeu-se que não gostou de entrar a cinco minutos do fim e “obrigou” o preparador físico a confortá-lo quando Paulo Sérgio lhe disse que entraria daí a dois minutos. Mas, depois, entrou e viu-se logo. A equipa cresceu imediatamente. Mas já em 4-4-2, que tinha sido introduzido aos 60 minutos, com a saída do Matias e a entrada do Postiga e do Salomão. A grande incógnita deste Sporting é o entendimento geral entre Paulo Sérgio e o “cabeça de cartaz” da equipa. Se o treinador convencer o Liedson a jogar sozinho (precisa de trabalhar porque não sabe fazê-lo), a equipa ganha dimensão. Se for “forçado” a jogar no 4-4-2, a ladeira fica mais íngreme.
Fez-me bem ir a Alvalade. As primeiras impressões assustavam (estádio tenso, anti-clímax na apresentação, habitual ambiente de festa artificial) mas, com o tempo, a coisa foi-se compondo. A equipa ajudou. Há um novo Sporting. Ainda sobram “maçãs podres”, o Veloso, o Djaló e o Patrício parecem estar a mais. Involuntariamente, mas são os rostos de um passado que está a ser rapidamente enterrado. Polga sobrevive, Liedson é Liedson e o Vuk pode voltar a ser o Vuk. Falta outro médio centro, outro “artista” e um gajo que marque golos (o Pongole parece mais fresco, mas não rematou…). E um guarda-redes, se a Juve Leo continuar a assobiar o Patrício (outra sintonia com a direcção?).
“O Maniche, o Maniche. Que se foda o Moutinho, nós ficámos com o Maniche”. É o novo cântico da época. Um exagero emocional e claramente em sintonia com a direcção, mas ficou-me na cabeça. Como símbolo do novo Sporting, assente na rodagem de jogadores experientes em detrimento das bandeiras de jovens-velhos. F5. Refresh, o novo Sporting vem já a seguir, para o bem ou para o… costume.