«Ser sportinguista é saber sofrer e há que ter esperança de que os resultados vão mudar para melhor», Tonel.
Tonel
Um exemplo
Foi um ar que se lhes deu
Não deixa saudades, foi um erro, um erro caro. Todos temos uma cruz, o Pongolle vai ser essa cruz se pensarmos o que podíamos ter feito com 6,5 milhões de euros (ou que luvas é que podíamos ter pago por um jogador decente). Paciência. Boa sorte, que marque uns golinhos para ajudar a amortizar a dor financeira. Boa notícia: libertámos um “slot”, à espera de um verdadeiro marcador de golos. Estamos ansiosamente à espera, ansiosos, muito ansiosos…
Tonel
É uma saída que poucos vêem com bons olhos. Jogador sério, homem que cria empatia, central que até marca golos. Na grande angular da vida do Sporting, não o considero um jogador especialmente qualificado para jogar no clube, não é um grande central, dá sempre a sua casinha, é um bocado duro de rins. Mas, fazendo “zoom” sobre os últimos anos do Sporting, é um jogador útil, que podia calmamente a fazer parte da equipa, a partir do banco. O problema é que, na revolução das hierarquias em curso dentro do balneário, devia ser um empecilho. Foi embora, sem glória. É pena.
Resolve tudo à cabeçada…
Tendo em conta a primeira convocatória, parece que Torsi e Tonel ficaram para trás na luta por um lugar ao lado de Carriço, no centro da defesa.
Se, no que toca ao argentino, parece-me normal a opção de deixá-lo ambientar-se, já no que toca a Tonel custa a engolir que, depois do que fez num passado recente, perca o lugar para Polga, em clara curva descendente da carreira.
Sou completamente insuspeito para fazer esta afirmação, até porque acho que o Tonel, pese a entrega à causa leonina e o forte jogo aéreo, não tem condições para ser mais do que um segunda linha de uma equipa como o Sporting (ou, pelo menos, do Sporting que eu desejo) mas, neste momento, Polga também não é garantia alguma de segurança e de mais valia no processo de crescimento de Daniel Carriço. No fundo, é a constatação de que, André Coelho e Torsi não são, para já, aquele central tarimbado e capaz de mandar em toda a defesa e que, perante isso, Paulo Sérgio alarga a sua teoria de que a equipa precisa de jogadores experientes ao último reduto (há zunzuns de que Tiago vai ser titular, na Dinamarca).
O que poderá fazer mais confusão, é o facto de Tonel nem sequer ser convocado ele que, pelo menos olhando para o que nos foi sendo dado a ver, será uma das vozes “mais leoninas” do balneário. Mas, e há sempre um mas, não será esse mais um indício de que entre Tonel e Polga, apenas o primeiro tem mercado que permita ao Sporting encaixar algum dinheiro?
F5
(carregar na tecla refresh)
Esta é a sensação primeira à saída do jogo de apresentação. F5. Sportinguismo refrescado, uma surpreendente sensação de ruptura com o passado recente. F5. Cinco pontos, todos sobre futebol, o novo futebol do leão.
1- Fora-de-jogo
2- Bolas paradas
3- Duplo pivot
4 – Artistas
5 – Liedson
Fora-de-jogo – A filosofia da defesa assenta toda na subida dos quatro jogadores, para “empurrar” o meio campo na pressão e, mais importante, para forçar o fora-de-jogo alheio. Risco alto, a exigir máxima coordenação da defesa. Nos primeiros 15 minutos, foi o caos, com dois defesas centrais – Tonel e Torsiglieri – fortes na marcação mas lentos e pouco coordenados. Depois, mudou a táctica e começou-se a sacar fora-de-jogos, foram quase uma dezena em meia-hora. Na segunda parte, a equipa defendeu toda e a defesa foi poupada (e o adversário ajudou).
Bolas paradas – Há trabalho. Ofensiva e defensivamente. Temos finalmente alguém a marcar livres e cantos com critério e colocação, há livres directos estudados e, mais relevante, a defender houve poucos buracos na primeira parte e só alguns na segunda. Com o tempo, a tendência é melhorar. Pior que nas últimas épocas é impossível.
Duplo pivot – O treinador usou três tácticas, mudando-as a cada meia-hora. Nos primeiros 30 minutos, um 4-1-2-3, com Pedro Mendes (capitão) sozinho atrás. Não resultou, porque abria demasiados buracos a defender (Maniche e Veloso sem ninguém para marcar, ficavam muito subidos). E a atacar, o meio campo não dava linhas de passe. Paulo Sérgio mexeu e mexeu bem. Tirou Veloso (patrão a falar com os companheiros, mas completamente fora da equipa) e meteu Matias, recuando Maniche para o duplo pivot com o Mendes. A equipa melhorou instantaneamente, a defender de forma mais agressiva e coordenada e, a atacar, com dois “registas” alternados a alimentar, com futebol directo, os três artistas. Imagem que vale mil palavras: Maniche e Mendes saíram abraçados ao intervalo, a corrigir posicionamentos: são eles os novos líderes futebolísticos da equipa. Haja saúde…
Artistas – Vuk, Matias e Valdes. Durante os últimos 15 minutos da primeira parte e os primeiros cinco da segunda, o Sporting jogou à bola. Com Maniche a dar uma dimensão nova ao futebol da equipa, a procurar jogar rápido e nos espaços vazios. E a procurar os artistas: Matigol, Vuk e Valdes, três jogadores que correm com a bola e ultrapassam adversários com facilidade. Valdes foi o melhor, mas também sem “bagagem negativa” com os adeptos. Matigol a distribuir mas ainda sem finalização. E Vuk, um renovado Vuk, pressionante, mais colectivo, sempre em diálogo com o treinador e na direita, como quer. Esta é a melhor versão do Sporting 2010-2011. É a luz ao fundo do túnel. Tem tudo para dar certo, com alternativas como Izmailov (???) e Salomão (está ali um Nani, se ele quiser e o deixarem). Tudo isto é muito giro, mas há um pormaior: Liedson
Liedson – É o herói incontestado de Alvalade. Está sozinho no coração dos adeptos. Basta entrar no relvado em direcção do banco para ser aplaudido e celebrado. Pode ser um problema. No estádio percebeu-se que não gostou de entrar a cinco minutos do fim e “obrigou” o preparador físico a confortá-lo quando Paulo Sérgio lhe disse que entraria daí a dois minutos. Mas, depois, entrou e viu-se logo. A equipa cresceu imediatamente. Mas já em 4-4-2, que tinha sido introduzido aos 60 minutos, com a saída do Matias e a entrada do Postiga e do Salomão. A grande incógnita deste Sporting é o entendimento geral entre Paulo Sérgio e o “cabeça de cartaz” da equipa. Se o treinador convencer o Liedson a jogar sozinho (precisa de trabalhar porque não sabe fazê-lo), a equipa ganha dimensão. Se for “forçado” a jogar no 4-4-2, a ladeira fica mais íngreme.
Fez-me bem ir a Alvalade. As primeiras impressões assustavam (estádio tenso, anti-clímax na apresentação, habitual ambiente de festa artificial) mas, com o tempo, a coisa foi-se compondo. A equipa ajudou. Há um novo Sporting. Ainda sobram “maçãs podres”, o Veloso, o Djaló e o Patrício parecem estar a mais. Involuntariamente, mas são os rostos de um passado que está a ser rapidamente enterrado. Polga sobrevive, Liedson é Liedson e o Vuk pode voltar a ser o Vuk. Falta outro médio centro, outro “artista” e um gajo que marque golos (o Pongole parece mais fresco, mas não rematou…). E um guarda-redes, se a Juve Leo continuar a assobiar o Patrício (outra sintonia com a direcção?).
“O Maniche, o Maniche. Que se foda o Moutinho, nós ficámos com o Maniche”. É o novo cântico da época. Um exagero emocional e claramente em sintonia com a direcção, mas ficou-me na cabeça. Como símbolo do novo Sporting, assente na rodagem de jogadores experientes em detrimento das bandeiras de jovens-velhos. F5. Refresh, o novo Sporting vem já a seguir, para o bem ou para o… costume.
Sr. Capitão
Se querem que vos diga, e pegando na ideia de que o Moutinho vai deixar de ser o capitão para passar a ser um dos capitães, a minha escolha ia para o Tonel. Sim, é verdade que o mais certo é não ser titular, e também não deixa de ser facto que precisa de moderar a linguagem em vários momentos do jogo, mas a sua presença em Almada, festejando a conquista europeia no andebol, só veio confirmar a ideia de que estamos perante alguém que soube aprender a sentir o clube como um verdadeiro Sportinguista.
p.s. – por tudo o que tem dado ao clube e pela forma como defende a camisola, também não custaria nada ver Liedson envergar a braçadeira.
Portanto, nós somos todos estúpidos e não percebemos nada desta merda
“É verdade que o Tonel fez um bom jogo frente ao Paços. Já não é verdade que o Polga tenha um rendimento que não seja positivo. Mas isso é a minha opinião“, Paulo Bento, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Olhanense.
Batata quente
O jornal O Jogo colocava, na sua edição de ontem, uma questão pertinente: como é que Paulo Bento vai gerir a questão do central que fará dupla com Daniel Carriço contra os holandeses?
Os anti-Polga facilmente dirão que o Tonel não pode sair da equipa. Sim, é verdade que a equipa ganha maior presença aérea em termos de lances de bola parada e, sim, também é verdade que o Carriço mostrou ser ainda mais patrão quando teve ao seu lado alguém para fazer o “trabalho sujo”. A isto, acrescento eu que até gosto do Polga, o Tonel tem sido um profissional exemplar e, creio, será um dos que contribui para o bom ambiente no balneário.
Por outro lado, e foi o próprio Paulo Bento quem o afirmou, Polga tem jogado lesionado há já bastante tempo. Isso não servirá de desculpa para a alternância entre más e fracas exibições, mas atesta o carácter do jogador que, a pedido do treinador, aceitar queimar-se aos olhos dos adeptos e correr o risco de agravar a lesão. Para além disso, foi o próprio Paulo Bento quem afirmou que Polga era o líder da nossa defesa, estatuto que, digo eu, obriga à titularidade.
No fundo, Paulo Bento tem uma batata quente nas mãos. Se tira Tonel vai estar a tirar um jogador que fez uma boa exibição e, moralmente, dá-lhe uma machadada. Se deixa Polga de fora, é como se estivesse a agradecer-lhe com um pontapé no cu todo o esforço que lhe pediu que fizesse.
A mim, cheira-me, Polga vai ser titular na Holanda e Tonel vai jogar na recepção ao Olhanense, mas esta batata vai deixar o três queimados.