E porque já não há os realmente feios, a batata quente sobra para Carriço e para Pereirinha. Começo por este último.
Confessei a minha surpresa pela passagem de Arias para a equipa B (excelentes as palavras de Oceano sobre o colombiano) mas, hoje, sou perfeitamente capaz de perceber a aposta em Pereirinha. Mais do que dar um ano de competição total a Arias, está a dar-se, pela primeira vez, a oportunidade a Pereirinha de tentar justificar o seu lugar no Sporting jogando na posição que melhor parece assentar-lhe. Sim, como médio ala ou como extremo é extremamente irritante. O tal puto que gosta da mesma miúda desde a quarta classe, mas que é incapaz de dizer-lhe e vai vendo os outros passar por ela. Mas, sejamos sinceros: quantas vezes defendemos que Pereirinha devia ser defesa direito? Ou, se preferirem, em que posição fez Bruno Pereirinha os melhores jogos com a camisola do Sporting? Penso que bastará recuar ao jogo em que, fruto de lesões e castigos, Paulo Bento o lançou aí para marcar Quaresma, então no Porto. Pereirinha saiu claramente vencedor do duelo e a maioria de nós esperou que a aposta tivesse continuidade. Parece-me, por isso, justo, que o pequeno Pereira vá a exame final, disputando o lugar com Cedric.
Carriço é outro (talvez o maior) dos alvos. Promovido à equipa principal com a legenda de “este é o futuro capitão de equipa e futuro patrão da defesa do Sporting”, dando continuidade ao que vinha acontecendo nas camadas jovens, foi dando mostras de não ser assim um central tão bom como se esperava. Pouco rápido para a sua altura, com dificuldade em ler e lidar com bolas colocadas nas suas costas, teve ainda contra si o pesadelos das bolas paradas que atirou alguns Sportinguistas para a cama de um hospital.
Entretanto, na época anterior, a lesão de Rinaudo fez com que acabasse por ser testado na posição 6, onde veio dar solidez e estabilidade a um meio-campo que sentia falta de um pilar entre as duas primeiras linhas (partindo do princípio de que uma equipa de forma de trás para a frente). Ficou claramente demonstrado que Carriço é melhor trinco do que defesa central, tanto que sempre pensei que, nesta nova época, fosse ele o reserva natural de Rinaudo. A chegada de Gelson veio baralhar as contas e deixar o pobre Daniel mais fragilizado aos olhos dos adeptos. O futuro patrão da defesa é, agora, o elo mais fraco, tanto da dita defesa como do meio-campo. E, pasme-se, o futuro capitão do Sporting, símbolo da formação e do espírito leonino, passou a “era o que faltava estares no plantel só por seres Sportinguista” (eu gostava de saber quantos destes artistas aplaudiram a continuidade do mediano Tiago que, durante anos, mais não fez do que ser o redes que lá estava para passar a mística).
No fundo, é fodido conviver com a ideia de que uma equipa só se faz de craques. Como o Postiga, estão a ver, que era aplaudido pelas suas estúpidas correrias e um cartão de visita onde se lia «tenho escola de avançado». Tem cuidado, Wilson Eduardo, o teu nome vem já a seguir (sim, aqueles que batiam canholas quando estavas no Olhanense, já estão a afiar as facas).