Acosta, Jardel, Liedson. São estes os nomes das três últimas referências do ataque leonino.
Acosta esteve quase a ser internado num lar, por uma larga franja de adeptos. Era velho, marreco, acabado. E, vá lá saber-se porquê, muito boa gente nem nunca tinha ouvido falar dele. Fruto da sua personalidade e, obviamente, da sua qualidade, acabou por convencer tudo e todos e tornar-se num dos nomes mais queridos ao nível do universo verde e branco. O Matador, assim foi apelidado, fica intimamente ligado à conquista do título que nos fazia desesperar e por ter mostrado como é que se dava um corretivo ao patético Paulinho Santos. Características? Era um avançado completo, com a vantagem de ser extremamente experiente, nomeadamente na forma como ia ao choque com os defesas.
Jardel dispensava apresentações. A bola até podia bater-lhe no cu que ia direitinha para o fundo da baliza. Uma das mais impressionantes máquinas de fazer golos que alguma vez vi jogar, chegou com o campeonato a decorrer e com uns bons quilos a mais. Mas depressa começou a fazer o que sabia: marcar, marcar, marcar. E voltámos a ser campeões.
Liedson, o desconhecido que viria a tornar-se num símbolo do Sporting. Capaz de disfarçar as limitações dos plantéis que iam sendo construídos e, porque não dizê-lo, as limitações dos treinadores que o orientavam, o Levezinho defendia a camisola verde e branca como poucos, sendo capaz de conciliar o trabalho em função da equipa com a capacidade de resolver jogos (já para não falar do facto de ser a besta negra dos vizinhos lampiões). Curioso que, ainda hoje, exista quem afirme que Liedson era pouco inteligente a jogar, que fazia mau balneário e que a equipa não evoluiu porque ele limitava as opções dos treinadores.
Chegamos, assim, a Wolfswinkel, o motivo deste post. O tal que já ultrapassou o registo de Liedson na primeira época ao serviço do Sporting. O tal que, para muitos, não serve para ser avançado do Sporting.
A análise não é nova. Ao fim de 45 minutos com a camisola verde e branca, já muitos afirmavam que os 5 milhões de euros dados pelo Homem de Gelo holandês (aka Sr. Chocolate Branco, para o amigo americano) tinham sido dinheiro deitado à rua. E que o puto era um barrete (como é que alguém pode ser um barrete quando o Postiga era titular?).
Para mim, Wolfswinkel é tudo menos um barrete. Estando longe de ser um avançado feito (basta ver o trabalho que tem estado a ser feito para aumentar-lhe a massa muscular), é verdade, mas a cada jogo mostra pormenores de avançado puro (tanto na movimentação como na forma como remata com ambos os pés). Falha muitos golos? Sim, falha, mas acredito que determinados falhanços (como aquela bola em que fica isolado, frente a Artur, depois de um mau atraso) desaparecerão dentro de um ou dois anos. Até porque, e é outro pormenor em que terá que crescer, saberá melhor dosear o esforço na missão de ser o primeiro homem a pressionar os defesas (e, não me lixem, mas o “tartaruga” chega ao fim de todos os jogos de língua de fora), algo a que se viu ainda mais obrigado no modelo tático de Sá Pinto.
Posto isto, eu sou da opinião que Ricky van Wolfswinkel é um avançado à altura do Sporting. Saibamos nós ter capacidade de perceber que o problema não é o holandês. O problema é a falta de alternativas a um jovem com enorme potencial, mas em fase de crescimento e consolidação.