O Corno Manso

“Depois de ontem [anteontem], na Figueira da Foz, teres sido mal-educado com um sócio com o dobro dos teus anos de associado, somente porque ele não votou em ti e o assume, deixa-me que te diga, José Eduardo: És inapto para a função, és mimado, és ressabiado e és o maior erro de casting do dirigismo desportivo europeu! Graças a Deus que estás de passagem”, escreveu Paulo Pereira Cristóvão na sua conta do facebook.

Desconheço a veracidade da história. Não adivinho se Bettencourt está apenas de passagem. E não tenho em posse dados estatísticos que permitam afirmar que existe na europa mais algum dirigente desportivo com tamanha inaptidão. Mas uma coisa salta à vista: Trabalha-se mal para os lados de Alvalade. E a coisa não é de agora.

Último Exemplo: O Pinheiro. Como dizia e bem o Cintra, nem um pinheiro nem um cepo para a malta rir. Concordo com a ideia. Não há dinheiro para trazer alguém que acrescente qualidade, o melhor é mesmo ficarem sossegadinhos. Mas será assim tão difícil, mesmo sabendo o contexto (poucos recursos, fraco poder apelativo para jogar num clube perdedor e campeonato sem expressão), contratar um avançado de jeito?

Passaram 7 anos desde que o Liedson aterrou em Lisboa. Corria o ano de 2003 quando pela última vez o Sporting acertou em cheio na contratação de um avançado. 7 anos. 7 anos em que tentámos de tudo para dar o devido apoio ao nosso 31. João Pinto ; Marius Niculae ; Elpídio Silva, Sá Pinto, Douala, Silvestre Varela,  Pinilla, Deivid, Carlos Bueno, Alecssandro, Purovic, Djaló, Derlei, Rodrigo Tiuí, Hélder Postiga, Saleiro, Pongolle, Mota e Koke. Nomes e mais nomes durante anos a fio. Uns melhores outros piores. Missão: Encontrar o parceiro ideal para o Liedson. Não foi possível. E 7 anos depois, partimos para a nova época com um Liedson 7 anos mais velho e alguns problemas evidentes na bagagem. Falta de velocidade e explosão e até um faro goleador que hoje estará um pouco mais entupido.

O que faz a direcção do Sporting? Gasta o que tem e o que não tem num avançado no mercado de Janeiro e dispensa-o no início da época seguinte. O pessoal aguarda impaciente o capítulo seguinte. Atiram-se nomes em barda para a imprensa e espera-se pelo santo dia 31 de Agosto. É agora, terão pensado muitos. É desta que vamos mesmo contratar um gajo decente que as meta lá dentro. Foca-se o discurso erradamente na altura do jogador quando até podia ser um pigmeu que marcasse 25 golos por época e se complementasse com o Liedson, e no final de tudo, tanto fumo dá em coisa nenhuma. Ou como diria José Nicolau de Melo, a monhanha pariu um rato. Começamos mais uma época exclusivamente dependentes de um jogador cada vez mais na curva descendente da carreira e não se tem um gesto de cortesia para com alguém que já deu tanto ao clube. Ainda não é desta que o Liedson vai ter o casamento perfeito. Prefere o Sporting depositar todas as fichas nos “mood swings” do Djaló, na prometida e patética ressurreição futebolística do Postiga e na crença imbecil que o Carlos Saleiro é que é.

7 anos. 7 anos e alguns presidentes e directores desportivos depois. Não conseguimos amealhar dinheiro suficiente, nem sequer vender a banha da cobra a alguém por esse mundo fora falando da maravilha que é jogar no Sporting. Continuamos a achar que os campeonatos se ganham com 1 único avançado que rende 15 golos por época. Santa ingenuidade.

Realmente, não sei se é predicado exclusivo do JEB ser inapto para a função, mimado, ressabiado e o maior erro de casting do dirigismo desportivo europeu como disse Paulo Pereira Cristóvão. Apenas sei que nem Pinheiro Bravo nem Manso. É apenas um Corno. Um Corno Manso!