Futurologia optimista (sim, nós também sabemos fazer capas ridículas)

Contra tudo e contra todos, Paulo Bento transforma grupo moribundo de jogadores em extraordinária equipa com o sensual perfume fresco do futebol sentido em todo o seu esplendor.

 Sporting extermina adversários, vence Primeira Liga e surpreende o mundo do futebol. Em declarações após o jogo em que confirmou o título de campeão nacional, Paulo Bento afirmou:
“Fomos fortes, isto é…se queremos, conseguimos e quando assim é, ganhamos. Estamos de parabéns, porque chegar em primeiro é sempre muito melhor do que ficar em segundo”.

Maio de 2010

Dedicatória da Semana

Ao Sporting porque sim. Ao Sporting por ter ido buscar o Rochemback.

A um clubezeco qualquer por levar o Tiuí um dia destes. Aos pontinhos de avanço.

Ao feliz sorteio da Champions. A esta vitória perfeita em Braga, por todos os motivos e mais alguns. Aos que venderam o Moutinho 37 vezes. Aos que voltaram a vender o Moutinho. A todos os que despacharam o Veloso e o Vukcevic e o Pereirinha e que já arranjaram um dono à pressa para o Yannick.  Às dezenas de primeiras páginas falsas que encharcaram mais este Verão. Aos que nos puseram a começar a meio da tabela. À nossa magnífica televisão: a pública por transmitir um jogo inteiro da Liga sem mostrar o tempo decorrido, com toda uma dinâmica de um Catarro sempre persistente.  À noticiosa privada que no programa “O Dia Seguinte” resolveu pôr o comentador portista em directo da sala-de-jantar da prima Deolinda. Às roulottes que servem bifanas com cebola apuradinha e imperiais com gás. A um escarro chamado João Pereira – agradecimento muito especial para ele.

O nosso grande bem-hajam.

 

 

 

Prémio “por-que-é-que-as-pessoas-não-se-calam-mesmo-após-terem-feito-merda-da-grossa?” da semana

Luís Ramos, árbitro auxiliar do jogo Sporting-Trofense:

“(…) São questões para resolver internamente e que não vale a pena trazer para o domínio público.”

E LOGO DEPOIS:
“’Os amigos e a família têm-me ajudado a recompor deste momento. Têm sido eles o meu porto de abrigo. Já fui treinar, já libertei o stress’, disse o árbitro, admitindo que só na televisão percebeu que se tinha equivocado.”

 

In CM

 

Com tomates

 

 

Há por aí nas paragens de autocarro um novo anúncio a uma marca de ketchup.

Mostra uma embalagem de ketchup transparente com tomates lá dentro.

E diz “feito com 8 a 11 tomates”. Simples. A Calvé informa que tem um ketchup feito com tomates. E reparem, eu consegui registar logo à primeira que se trata de um anúncio da Calvé.

E não da Heinz.

Este ano, eu queria que o Paulo Bento fizesse o mesmo.

Eu queria que o Paulo Bento fosse mais Calvé e, por exemplo, menos Super Bock.

A Super Bock anda sucessivamente, há algumas temporadas, a fazer as mais rebuscadas analogias com cerveja e garrafas e rótulos e barris e caricas. Poupem-me. Eu só queria que me mostrassem que a Super Bock é uma cerveja que se bebe bem. Pensem nisso. Paulo, pensa nisso. O pessoal quer mais ketchup e menos bejeca. E tu, desta vez – tu sabes que sim – tens mesmo uma equipa com tomates. Bora lá, caneco.

A Normalidade

Para mim, hoje é aquele dia em que o Paulo Bento devia ter vergonha na cara e desaparecer. Só que eu acho que ele já não tem vergonha na cara. E como a direcção não tem nada, ficamos assim.

Para mim, já chega de o Paulo ganhar experiência no Sporting. Sim, porque é com estas derrotas que o rapaz aprende. E é com estes resultados que adquire aquela maturidade tão importante quando daqui a uns tempos estiver noutro clube onde haja uma cultura de exigência.

O Paulo, com uma frieza desconcertante – mais uma vez – veio afirmar no final do jogo que hoje não conseguiu passar para a equipa aquilo que era necessário. Epá, se não fosse ele a dizer isto, nós não tínhamos notado.  Mas essa frieza, essa descontracção, compreendem-se. Afinal, a Taça de Portugal, esse grande objectivo da época, continua de pé. O resto é calendário.

E além do mais, nós temos que compreender que a equipa hoje esteve cansada.

A equipa hoje esteve cansada pela meia hora de quarta-feira em que jogou em ritmo acelerado.

Para mim, é triste confirmar que o que aconteceu na quarta-feira foi apenas meia hora que correu bem demais. E que isso nem de motivação serviu.

Vergonha de  Sporting.

 

P.S.: Como as coisas vão de vento em popa, sugiro que de imediato:

Dediquem o tempo necessário a renegociar contrato com o Abel, essa grande mais valia.

Renovem com o Izmailov, esse exemplo de regularidade e investimento de futuro.

Continuem a apostar no Pipi e a dar-lhe a importância que ele merece na equipa.

Gabriel, O Sofredor

Esta noite, a meio de uma bela zappada, parei no Porto Canal. Porra, ainda bem. Estava a dar o “A Bola É Redonda”, um programa de análise desportiva em directo. Este programa é bom. E eu digo que é bom pelo seguinte: em primeiro lugar, é bom porque a gente demora algum tempo até perceber onde está o apresentador e isso já de si,  de certa forma, introduz alguma carga de surpresa. É bom também e principalmente porque os comentadores odeiam-se. Isto então, é bastante bom. Os comentadores (dois representantes de cada um dos três grandes) de certo modo, odeiam-se e isso já de si é bastante positivo para o telespectador. Mas este programa é mesmo, mesmo bom porque para além de tudo o mais, tem lá, bem inserido em teritório inimigo, onde até o cenário é azulado, o comentador Gabriel. Porra mais uma vez: o senhor Gabriel é um leão de berdade. Usa gravata verde (presumo que sempre) e tem um ar cansado, com umas olheiras até ao queixo, como se andasse a fazer directas há um ano, a tentar perceber o que se passa com o nosso clube. Adora dissertar e pica-se com extrema facilidade.  O senhor Gabriel já nem é um cromo. Nem estou a ver bem onde é que o foram desencantar. Mas achei-lhe um piadão. E gostava de o ver cá em baixo, atrás do banco, em alguns dos nossos jogos. Bestido de berde e vranco.

Lado B, precisa-se

O que mais me incomoda hoje no meu clube é a total banalização do fracasso.Isso, infelizmente, já ninguém nos tira. Perdemos, mas paciência. Levamos para encher mas pronto, a mais não somos obrigados. Isto tem que acabar. Porque os putos que agora são putos e que começam a ir à bola, não estão para ouvir conversinhas destas. Os putos querem ganhar. É por isso que temos que rebentar com o clássico “agora, há que levantar a cabeça e pensar no próximo jogo”. Durante esta época, quase sempre que saímos de casa, regressámos a tentar levantar a cabeça.  Neste aspecto, parece que o Paulo Bento ainda é jogador demais para ser treinador. Ainda não mudou a cassete do nós-fazemos-o-que-podemos-mas-é-assim-a-vida.Acho que já chega de “demos o nosso melhor, mas o adversário foi superior, não concretizámos, estivemos mal na transição ofensiva” e coisas que tais. Quando esse adversário tanto pode ser o Porto ou o Manchester como a merda do Leiria ou do Bolton (já agora, como é que estes gajos não mamaram 4 ou 5?). Eu até concordo que isto tudo pode ser discurso para moralizar a equipa, mas cá para fora não faz sentido. Esse discurso faz sentido quando a equipa joga bem e perde ou empata mal. Esse blá, blá, blá caíu-me bem em Coimbra, por exemplo. Se não me engano, no jogo de Coimbra a equipa estava de rastos porque vinha de mais um daqueles resultados sádicos. Em Coimbra, deixou-se empatar mesmo no fim mas teve a atitude mínima requerida. Aí, gostei. A cassete amainou-me o cabeção.Em quase todos os outros jogos, o discurso caíu-me estupidamente mal. Por ser tão enjoativo.

O campeonato está cada vez mais competitivo? Os jogadores estão em sobre-esforço físico? Poupem-me.

O amanhã é uma coisa que existe e há contas a fazer.

 

Nunca como hoje vi uma equipa do Sporting tão fragilizada e tão frágil cá para fora. Nós este ano somos um incentivo especial para os Cajudas e os Jesus e os Carvalhais e os Pachecos da vida. Servimos de aposta.

Eu quando perco por ter jogado mal, fico com uns tremendos cornos. Tão grandes, tão grandes que nem me apetece abrir a boca. Quanto mais abri-la para desculpar o indesculpável.Por ainda sermos grandes, somos também os gajos mais enfadonhos e previsíveis da miséria de campeonato que temos. Pelo menos no discurso, podíamos variar um bocadinho.

Não vai a bem, vai a mal



Ainda a propósito do emocionante e bem conseguido jogo de sábado à noite, fico-me pelos penalties, esse horrível monstro que tanto nos atormenta. Também.

Tenho cá para mim que não há penalties defendidos por guarda-redes. penalties falhados por jogadores. Nós, este ano, temos estado tristemente coladinhos a esta última afirmação.  Um penalty é simplesmente uma questão de a+b=c.  Exemplo 1: Uma bola (a) bem colocada num dos ângulos superiores da baliza (b) é totalmente impossível de defender (c). Exemplo 2: Uma bola rasteira (a), atirada a um dos ângulos inferiores de uma baliza, bem juntinha a qualquer um dos postes (b), é muito difícil de defender (c).  Nada mais simples: a dado momento, a encontra-se com b e isso dá c. Chamemos-lhe fecundação, para que não pareça muito aritmético.Eu gastei imenso tempo para chegar a esta conclusão do a+b=c. Lá na academia ainda não devem ter conseguido, porque estas coisas demoram a analisar e as equipas técnicas especializadíssimas têm muito mais que fazer do que perder minutos preciosos com pormenores parvos. Penalties, who the fuck cares? Queremos portanto chegar a c e fecundá-los bem. Proponho uma terceira alternativa. É uma solução de recurso, talvez desesperada até,  mas não estamos cá em fase de rodriguinhos:

Façamos uma adaptação aos penalties do chamado estilo Ronny de bater livres directos, tão insistentemente adoptado pelo treinador e que tantas alegrias nos tem dado.

Temos que ser pioneiros mais uma vez e introduzir algo que faça escola.Aqui, não há barreira. Bola na marca, oito passos para trás (dez, se o guarda-redes for reconhecidamente bom – e essas coisas também se descobrem), sprint desgovernado, peitinho do pé bem colocado e toma lá. Vai rede, vai tudo. E se o guarda-redes ficar parado no meio da baliza, vai também. Temos que ser efectivos e consequentes. Afinal, um penalty é uma demonstração de força. E este ano, isso é coisa que nos tem faltado um bocadito. Parece-me. Além do mais, não há nada como surpreender um adversário desprevenido. E nós, de uma vez por todas, temos que começar por algum lado. 

 

Nota: em homenagem ao nosso presidente, decidi escrever penalty e não grande penalidade ou penálti ou penalte.