Sporting-3 (Carriço, Moutinho, Vuk), Olhão- 2 (Tripeiro 1, Tripeiro 2)
Nível de endorfinas: Aos turbilhões, como qualquer jogo do Sporting este ano. O Bento continua a ser o maior inimigo do Paulo. A equipa entra na expectativa do que o adversário faz, tironopé nº1. A equipa continua a jogar com o central em pior forma do hemisfério norte, quando no banco tem uma alternativa moderadamente decente, tironopé nº 2. E a equipa joga com o pior avançado do planeta, quando tem o segundo melhor finalizador da equipa a jogar a médio esquerdo, a trinta metros da baliza, tironopé nº3. Recuperada a desvantagem com base na gana e, vamos ser honestos, no puro medo da multidão enfurecida das bancadas, entra na 2ª parte sem acelerar, com pavor de cometer erros, tironopé nº4. Volta a meter o trinco a defesa esquerdo, desequilibrando outra vez a equipa, porque o trinco não quer e não sabe ser defesa esquerdo, tironopé nº5. Mantém a extremo direito o único avançado que pode apostar em jogar nas costas dos centrais, onde não tem espaço para correr, tironopé nº6.
E chega-se ao tironopé mais grave e danoso para a equipa, o clube, a história da instituição e o sistema nervoso central de todos nós: Bento continua a pôr o Postiga a titular… Não tenho dados científicos para explicar melhor, mas o Postiga seca o Liedson. Provavelmente porque dá sempre linhas de passe, desaproveitando-as todas. Já nem desenvolvo o facto evidente de o tripeiro não conseguir marcar golos – não sabe, não tem jeito, o que é admirável para um avançado -, mas importa-me o facto estatisticamente evidente de o Liedson não ter bolas de golo quando o Postiga está em campo. Só este ano, Liedson com outro qualquer em três jogos, cinco golos. Com o Postiga, zero golos em três jogos. Só neste jogo, Postiga em campo, zero oportunidades para o luso-brasuca. Postiga fora, dois remates perigosos. Uma tendência que já vem do passado, sendo o exemplo perfeito a dupla que Derlei fazia com o Levezinho.
Enfim, Bento, facilita-nos a vida, a nós e ao Paulo, e mete o Vuk no ataque… com o tempo, o Liedson há-de aprender a gostar do montenegrino (repete-se aqui o apelo que se tem feito, aqui, desde que o Vuk está no Sporting… uma causa obviamente perdida).
Momento do jogo: Admito a parcialidade, mas ver o Vuk a festejar um golo decisivo em Alvalade tem de ser o momento alto de qualquer jogo, do dia, da semana e, pelo andar da carruagem, o momento do mês.
Prémio El Dieguito: O golo. Do Vuk. Não sei se o Postiga viu, mas é assim que um futebolista profissional marca um golo. Quando sabe e tem jeito.
Prémio Zé Piqueno: Agora que o Roca e o Ninja já não jogam, este galardão perdeu brilho.
Prémio Gladstone: Abel. Não tanto pelo jogo, razoável para os seus medíocres parâmetros, mas pelo espectacular momento em que agradeceu um passe antes de receber a bola, perdendo com isso o timing certo para centrar… um regalo.
Visão Zeman: A táctica deste Sporting resume-se, no mal, aos tirosnospés. No bem, destaque para a insistência em deixar o Vuk no campo, agora que ele é um jogador banal na esquerda, cumprindo tactica e mentalmente, mas perdendo o lustro que o faz único. E para a exibição do Moutinho, que voltou a encher o campo, como nos bons velhos tempos. Só falta definir melhor os lances de desequilíbrio… coisa que talvez já não venha a acontecer.
Vivó Sporting… até morrer!: Não me lembro, desde que o Bento tomou conta do Paulo, de festejar tantos golos no início da época, contra adversários fracos, como se fosse o jogo do título. Este paradigma de golos-nos-últimos-dez-minutos-para-ganhar está a tornar-se um arriscado hábito. E, como ainda estamos em Setembro, há-de rebentar mais cedo que tarde na cara de alguém…
Dito isto, nós somos verdadeiramente únicos. Não deve haver muitos estádios no mundo que oscile tanto durante um só jogo entre o apoio feroz e incondicional, o desprezo trocista e a raiva descontrolada. SPORTING! A sofrer até ao Marquês!