Só falta acertares na baliza, Ânderson

Durante meses, levei na cabeça por defender que, bem fisica e mentalmente, Ânderson Polga é o melhor central que temos no plantel e por repugnar-me perante a tese de que o Tonel é gajo para tirar-lhe o lugar, independentemente da teoria do melhor jogo aéreo.

É verdade que, e admiti-o aqui, Polga devia ter ido para o banco antes de chegar ao ponto em que, tanto para a equipa como para ele, a situação se tornava insustentável. Também é verdade que, actualmente, Carriço caminha a passos largos para assumir-se como patrão da defesa verde e branca e, quem sabe, vir a formar dupla com Pedro Mendes ou Nuno Reis, dois outros centrais de efectiva qualidade made in Alcochete.

Depois do derby de sábado, mantenho plenamente a minha teoria: atendendo ao nosso plantel, Polga tem lugar, sem espinhas, na equipa. Os amigos do Tonel vão gritar que o homem teve uma falha, no único remate (uma bufa) com o pé que Cardozo fez à baliza. Os amigos dos amigos do Tonel vão dizer que o gajo não consegue marcar golos.

Eu vou recordar a serenidade e os três cortes provindenciais, feitos nos últimos 20 minutos, e acreditar que o melhor Polga está de volta. A jogar assim, neste plantel, não há central que o ponha a Mexer.

IT’S ALIVE!

Sporting – 0, lampioes – 0

Nível de endorfinas: Moderado. Provou-se que os piores receios eram efeitos daquelas lendas propagadas pelas vozes do oculto. O Benfica não joga assim tanto e já está a pagar o preço do ar com que encheu o balão. A equipa do Sporting voltou! Está viva! Tivessem os jogadores do Sporting jogado assim desde o início da época… A chicotada de bom senso prolongou-se no derby e não fosse o milagreiro joaquim e já estávamos a oito pontos.

Momento do jogo: Super defesa do joaquim a remate do Veloso. Era o golo dos três pontos.

Prémio Zé Piqueno: Falta do Veloso sobre o Zé Maria. É assim que se param os contra-ataques: à porrada! Maricas…

Prémio El Dieguito: O cabrito do Liedson ao SideShow Bob esteve ao nível do melhor do levezinho nos derbys. Se ao menos estivesse o moreira na baliza…

Prémio Gladstone: Aquele passe do Pedro Silva a cortar o meio-campo directamente para os pés do queniano do Benfica… o único grande erro da equipa em todo o jogo.

Visão Zeman: O bom senso táctico traduz-se no duplo pivot, na recuperação do único verdadeiro trinco da equipa, o Adrien, na entrega da batuta do jogo ao Moutinho (grande capitão!) e na aproximação do Vuk às zonas de decisão. Agora, é preciso mais rotina de jogo, especialmente do Liedson a jogar sozinho na frente, sobretudo na fuga ao fora-de-jogo. As substituições não foram felizes, mais por culpa dos jogadores que entraram que dos que saíram. O monstro levantou-se e já caminha. Agora é começar a correr!

Vivó Sporting… até morrer!: Sobrevivemos ao coma bentiano… as notícias da apatia leonina são manifestamente exageradas! Ainda nem sequer recomeçámos a ganhar e o orgulho verde-e-branco já está de volta! Isto já só acaba no Marquês! SPORTING!

E pode ser de boca calada?

Virou-se um ciclo. Disse-o Bettencourt. Disse-o João Moutinho. Disse-o Caneira. Só faltou dizê-lo Jorge Cadete, o tal que o jornal Record insiste em tentar fazer regressar ao nosso clube.

Virou-se um ciclo, dizia eu. Depois das choramingadelas e das conferências de imprensa tresloucadas, a saída de Paulo Bento é um facto consumado e enterrado, selado com uma entrevista onde o ex-treinador leonino mostrou exactamente aquilo que é: uma das pessoas mais teimosas que alguma vez vi (“jogámos em vários sistemas para além do losango, mas ninguém deu por isso”… pois, os treinadores adversários é que eram muito inteligentes e sabiam sempre antecipar as nuances tácticas que ias utilizar) e, também, uma das pessoas mais directas e frontais que alguma vez tive oportunidade de “conhecer”.

Fruto desta frontalidade, Paulo Bento aproveitou para dar uma machadada na subserviência leonina aos rivais nortenhos, dizendo que ele defendeu que o Sporting devia ter-se insurgido contra a nomeação de Duarte Gomes para o Dragão mas, estando contra, acatou a ordem directiva para não levantar ondas antes do jogo (e, imagino, deve ter tido que beber um balde de água para fazer descer o sapo que foi ouvir o presidente afirmar que confiava em quem nomeava).

Fruto, também, desta frontalidade, Paulo Bento apontou o dedo aos doutores, os chamados notáveis: “[…] esses doutores que gostam de estar de forma permanente na comunicação social, alguns deles com responsabilidades no clube, não tiveram comportamentos próprios de acordo com certos valores e não foram solidários, especialmente nestes quatro meses.”

Rogério Alves enfiou a carapuça até aos olhos e atacou pelo lado mais fácil: acusando Paulo Bento de, em termos classificativos, ter deixado o Sporting numa situação miserável. A ele se seguiram outros doutores, incomodados pois então, chegando a acusar Paulo Bento de falta de solidariedade. Até aqueles palermas que se denominam Associação de Adeptos Sportinguistas, emitiram um comunicado onde aproveitam para cuspir o resto de azia que a presença de Paulo Bento lhes deixou.

Vocês sabem a minha opinião sobre Paulo Bento: grande profissional, treinador limitado. E, neste caso, custa-me que se aproveite para cruxificar o homem por ter dito algo que é uma grande verdade: no Sporting existem demasiados papagaios, demasiados doutores, notáveis ou o caralho que lhes queiram chamar a opinar, a minar, a desestabilizar, a irritar, a procurar protagonismo.

Um tem uma coluna num jornal. Outro falta a compromissos do Sporting para ir ganhar uns milhares de euros num programa de debate semanal. Outros são apenas adeptos, mas chegam mais depressa aos jornais do que chegaria o Pedro Barbosa a sprintar. E é desta verdadeira corja que o Sporting não precisa.

Se o Presidente quer mudar algo e acabar com aqueles Sportinguistas que afrontam o Sporting, então que aproveite o início deste novo ciclo para mandar calar esta gente (nem que seja com um cala-te pá, cala-te!), estabelecendo uma regra simples: se são membros da estrutura directiva do Sporting, não têm nada que andar a opinar na praça pública. Não querem? Então fiquem com a coluna no jornal e com o programa semanal, que destes sportinguistas de merda, estou eu farto!

Alvalade espera por nós

Hoje, dia 25, é o último dia de venda de bilhetes para o derby, exclusiva para sócios do Sporting. Dei uma espreitadela à blogosfera lampiã e fiquei a saber duas coisas:
– primeiro, que há alguns lampiões que têm estado a comprar bilhetes directamente às nossas claques. Sim, as nossas claques têm direito a bilhetes e depois podem vendê-los. Supostamente, essa venda seria feita a sócios da claque, algo que, parece, não está a acontecer;
– segundo, há dezenas de lampiões a dizerem que quinta-feira, dia 26, vão a Alvalade comprar bilhete e que, no dia do jogo, se juntam à claque para poderem ficar no sector destinado à mesma. Pode parecer estranho, dado os bilhetes estarem informatizados, mas a verdade é que, no sábado, ninguém vai fazê-los passar o bilhete no torniquete. À polícia, importa é colocá-los lá dentro;

Por tudo isto, caros leões, e numa altura em que faltam vender cerca de 10 mil ingressos, o meu apelo é só um: comprem bilhete! Alvalade espera por nós!

Tinha que ser…

Em semana de derby, e como já aconteceu com Figo, com Duscher, com Quaresma e com tantos outros, o jornal A Bola, que ontem dava o mesmo destaque à eliminação do Benfica da Taça de Portugal e à vitória do mesmo Benfica no futsal, noticia que o Génova está interessado em Miguel Veloso.

A táctica é antiga: apontar ao jogador do Sporting com melhor rendimento. A forma como o fazem, é cada vez mais patética, senão vejamos o final da bela notícia: “Fabrizio Preziosi não coloca de lado a hipótese de o Génova avançar para o jogador, caso entenda que tem necessidade de reforçar o plantel. […] Só não esclareceu se pode ser já em Janeiro.”

Portanto, Miguel, não se sabe se o Génova sentirá necessidade de reforçar a equipa e muito menos quando decidirá fazê-lo. Vá, Miguel, vê se ignoras esta pseudo-notícia.

O que vales tu, Vukcevic?

Não posso deixar de assinalar, a súbita discussão que, parece-me, se instalou sobre as capacidades de Simon Vukcevic.

Na entrevista que deu sábado, ao Record, e da qual continuarei a falar pontualmente, Paulo Bento analisou desta forma o montenegrino: “Vukcevic tem uma característica extraordinária: espontaneidade em zonas de finalização. É um jogador que tem cheiro pelo golo. Agora é também um jogador que gerou um esforço tremendo da equipa técnica para o fazer crescer, quer em acções colectivas, quer em acções individuais. […] Ou seja, à parte de outros problemas que vivemos com ele durante este trajeto, é um jogador que em termos tácticos cresceu pouco. E isso porque em muitos momentos não quis crescer mais. Pensava que a qualidade individual lhe chegava. Agora há jogadores que são mais difíceis, não só pela sua irreverência, como também pelo gosto que não têm de aprender. Para aprender é mais fácil gostar-se de futebol e uma das coisas que ele disse numa entrevista é que não gostava de ver futebol… Mas é, de facto, um jogador que tem um ambiente extraordinário em Alvalade, que tem realmente essa espontaneidade, mas não é um grande jogador. Só será um grande jogador quando se conseguir integrar melhor na manobra colectiva.”

Confesso que esta foi uma das passagens da entrevista que mais me irritaram e, ao mesmo tempo, me fizeram voltar a suspirar de alívio por termos posto fim ao ciclo Bento. Esta análise ao Vukcevic é a teimosia de Paulo Bento em todo o seu explendor, sublinhando e voltando a sublinhar que os jogadores só são bons quando se tornam verdadeiros soldadinhos formatados a uma táctica e capazes de ignorar que o futebol é um prazer, um jogo de emoções, para poderem jogar de forma mecanizada em duas ou três posições (depois admiram-se que nenhum dos putos tenham realmente evoluído).
E, pior, é uma teoria que começo a ouvir da boca de outros sportinguistas.

Portanto, temos um jogador que “tem uma característica extraordinária: espontaneidade em zonas de finalização”. Temos um jogador que “tem cheiro pelo golo”. E o que fazemos com ele? Pedimos-lhe para ser médio esquerdo, para se preocupar com as subidas do lateral direito adversário e para não aparecer demasiadas vezes perto da baliza.

Depois, este jogador que é o melhor do plantel a rematar e que só fica atrás do Liedson em termos de finalização, começa a ver a sua qualidade questionada porque, longe do local onde devia jogar, perde protagonismo, como que se apaga, desgastando-se em correrias estúpidas e, pior, nem tendo oportunidade de fazê-lo no flanco contrário onde, dada a sua capacidade de flectir para dentro protegendo a bola como poucos o fazem, teria incontáveis mais oportunidades de fazer uso do seu pontapé.

Falta a cereja no topo do bolo. “Ah, e tal, o gajo nem gosta de ver futebol”. E o que importa isso, quando é um dos que mais gosta de jogar e, se me permitem, quando é um dos poucos que temos no plantel capaz de fazê-lo de forma a fazer-nos vibrar nas bancadas?