Todas as quartas, a voz dos cacifeiros salta da caixa de comentários para a primeira página, naquela que considero uma forma de enriquecer o blogue, de reforçar o Sportinguismo e de agradecer a todos os que, diariamente, ajudam a fazer do Cacifo aquilo que ele é ( quem quiser saber as regras, clique aqui).
O post desta semana é assinado por Luís Supico, um dos LS que por aqui deixam a sua opinião.
Mudanças de fundo
by Luís Supico
Acho que todos nós percebemos que o Sporting tem de mudar. Uns acham que está na altura de uma nova direcção (ou esta nem ter entrado sequer), outros novos jogadores, outros novos treinadores, o que quer que seja para melhorarmos de vez – eu acho que temos de mudar de mentalidade. E isso só começa com as modalidades.
Começo pelo princípio.
O Sporting é um clube eclético. A razão de ser para a sua nascença, a sua existência e expansão foi graças ao clube no seu todo e não ao futebol sozinho. Claro que o futebol ajudou e muito, mas a base não foi essa nem é esse o clube que conhecemos (pelo menos eu). Aguentámos durante anos e anos sem uma única vitória no futebol – todos os da minha geração de trintões – porque tinhamos um clube forte nas modalidades: Voleibol, Basquetebol, Andebol, Hóquei em patins, Ténis de mesa, Atletismo, Bilhar, é dizer uma modalidade que éramos bons em tudo; tudo isso dava-nos muitas alegrias e fazia-nos suportar o resto – que era o futebol, a merda de resultados e as bocas na escola no dia seguinte. Que saudades de ligar a televisão e ver sempre o Sporting na RTP2 a jogar uma modalidade qualquer, de ver e estar na Nave cheia que nem um ovo, acabar o jogo que estivesse lá dentro e passar para o estádio para ver o futebol… Tudo cheio de gente e tudo cheio de esperança sempre. Acreditem: aguentámos aquele tempo todo por causa das modalidades, ponto final. Mas este Sporting é diferente. Sem chama, sem interesse, sem abnegação nem vontade de sofrimento, sem carácter nem hombridade – falo dos Sportinguistas (eu inclusivé) e não do futebol e não vejo o meu Sporting a reerguer-se enquanto não formos de novo em Portugal o maior clube nas modalidades.
Dito isto, não basta só termos as modalidades para elas estarem lá, temos de ganhar nas modalidades. Sempre. Votei a favor da ideia do Roquete de acabar com as modalidades pelas mesmas razões que votaria de novo se fosse proposto, com os mesmos pressupostos: o objectivo era o de congelar as modalidades que estavam a dar prejuízo, manter as mais saudáveis e mais rentáveis, limpar as contas do futebol e, por inerência, do clube para, no prazo de 5 anos sermos campeões 2 a 3 vezes no futebol e voltarmos a ter as modalidades congeladas de volta, desde que não dessem prejuízo ou fosse mínimo. Fomos campeões no futebol 2 vezes dentro desses 5 anos mas com custos muitissimo superiores ao que estava planeado, não só financeiramente (que é sempre importante) mas acima de tudo, porque nos cinjimos aos problemas do futebol e só do futebol. O buraco financeiro que havia antes do Roquete aumentou exponencialmente e, como tal, deixou de haver hipótese de voltarmos a ter as modalidades de volta.
No que toca a mudança de mentalidade, começo por dizer que não gosto de comparações. Acho que dizermos que se os outros clubes têm nós também temos de ter é falta de ambição – devemos sempre ver o que se passa nos outros clubes para estarmos a par do que se passa à nossa volta, mas fazermos as coisas porque os outros fazem, vivermos centrados no que se passa ao lado é meio caminho andado para desaparecermos; devemos ser pro-activos acima de tudo e estar sempre um passo à frente dos outros clubes, pensando acima de tudo nas nossas virtudes e nas nossas forças e isso passa por voltarmos a ter um clube verdadeiramente eclético (bastantes mais modalidades que agora temos) e trabalharmos à séria para que sejam vencedoras. Acreditem: quando há uma dinâmica de vitória num clube, qualquer que seja a modalidade, faz com que o resto do clube se levante. Quanto mais modalidades (e modalidades vencedoras), maior seremos. Quem se lembra (como eu) dos anos 80 sabe do que falo: quando se falava em desporto em Portugal falava-se no Sporting e isso atrai muita gente, atrai mais patrocínios mais dinheiro, cria mais nome, o que faz com que mais pessoas queiram fazer parte deste clube, sejam jogadores, treinadores, sócios ou comuns adeptos. Custa tempo e dinheiro? Claro que sim. É difícil? Óbvio. Mas para sermos vencedores temos de ser ambiciosos (não megalómanos) e isso só funciona se voltarmos a ser o que sempre fomos: o maior e melhor clube de Portugal em modalidades.
Um abraço.