A morte lenta

“Acredito que podemos renascer como a fénix, mas temos de o fazer rapidamente”

“As coisas estão a correr muito abaixo do esperado, mas não devemos nem podemos esquecer os últimos anos, pois houve títulos desvalorizados e o segundo lugar foi ridicularizado. Obviamente não era a ambição nem a fasquia”

” A grande desilusão é a qualidade exibicional, mas os próprios jogadores dizem que não tem nada a ver com o treinador”.

“Há auto-exigência de um grupo brioso, unido, que está incondicionalmente com o treinador, e um grupo desejado pelo Paulo Bento”

“O Paulo Bento faz, claramente, parte da solução, embora todos reconheçamos que a cada dia que passa… Se sentisse que ele era parte do problema”

“Consigo separar amizade de competência e trabalho”

“Não tenho certeza nenhuma de que, com outro, as coisas vão melhorar”

“Os jogadores sentiram que as pessoas exigiam e não tinham alternativa senão ganhar, mas os outros tiveram possibilidade de investir mais e também têm ambições”

“Acho que colocaram o patamar num nível que se calhar não era sustentável”

“A exigência condiciona a ‘performance'”

“O apoio dos adeptos ao Paulo Bento é inequívoco e se alguma vez sentisse que o Paulo bento era parte do problema, tomava outra decisão”

“Para fazer um grande investimento, só pegando em receitas das próximas épocas e jogar tudo num ano. Eu não assumo essa responsabilidade”

“Esta contenção leva-nos, muitas vezes, a investir em segundas e terceiras opções nas contratações”

“Não estamos à espera de nenhum milagre. Sabíamos que tínhamos um conjunto de debilidades este ano. Quando assumi a presidência do clube, tentei aproximar mais as pessoas, galvanizar mais as pessoas”

“Os sportinguistas estão cansados de não ganhar e, hoje em dia, a bitola é mais exigente. Sentimos que, logo no primeiro jogo, os jogadores já tinham a cabeça debaixo de água”

“O bom início de época do Benfica também influencia. A onda foi bem criada, e os resultados deprimem o sportinguista e animam o benfiquista”

FOI PARA brindar-nos com estas alarvidades, elas sim deprimentes, que José Eduardo Bettencourt, presidente do Sporting Clube de Portugal (engasgo-me a dizer coisas com SAD, peço desculpa), decidiu ir, ontem, ao canal TVi24. Ficámos todos a saber que o sr presidente continua a defender o treinador para lá do razoável, assente na estranha ideia de que, esse apoio ao líder do grupo, funciona como nota de estabilidade para a equipa e para o clube.

Está completamente errado, sr presidente.
Essa enganadora estabilidade apenas serve para aumentar a onda de descontentamento e o sofrimento daqueles que, perdoe-me dizê-lo, directa ou indirectamente acabam por pagar o seu ordenado (que é mais baixo que o do Abel, eu sei, mas que, ainda assim, deve ser um ordenado muito interessante). Pior, sr presidente, essa aposta na estabilidade em forma de casa de madeira à beira do lago assente em estacas comidas pelo bicho e apodrecidas pelo passar do tempo, passa a ideia de que, para si, pouco importa ganhar ou perder. E, acredite, a continuar assim, vamos perder tudo ou, se preferir, não vamos ganhar nada, nem uma daquelas Taças que servem de cavalo de batalha a quem se contenta com a mediania e chama mau sportinguista a quem diz que o Sporting tem é que ser campeão.

Duvido, sr presidente, que se o sr não tivesse proferido aquele maldito forever por altura da campanha eleitoral (mas que raio terá passado pela cabeça daqueles que deram esmagadora maioria a um projecto que tem como figura de proa um treinador sem mais para dar-nos?!?), por esta altura já tínhamos outro treinador. Seria o destino de qualquer um que estivesse a fazer o que tem feito Paulo Bento.

E o que é que está a fazer Paulo Bento? Também ele fecha os olhos aos sinais, claros, diria eu, de que este Bentanic há muito se afundou. Não deixar o leme, deixou de ser sinal de coragem. É, isso sim, um preocupante sinal de falta de ambição envolta na certeza de que, com a conivência do presidente, a solução é deixar tudo na mesma.

Eu não vou à bola com o Bento

tshirtDizem que domingo é dia dos sócios e que até há bilhetes a cinco euros. Por nós, podia ser de borla.
É isso. Depois do que se passou ontem, em Guimarães, e das palavras do JEB, hoje na Academia, resolvemos dizer BASTA!

Enquanto o Paulo Bento continuar a transformar o Sporting numa dor profunda para todos os que amam a camisola verde e branca com o leão ao peito, os membros que representam o núcleo duro do Cacifo não voltam a ocupar o seu lugar nas bancadas de Alvalade.

O que aqui deixamos, é um apelo a que todos os Sportinguistas façam o mesmo. Talvez as bancadas vazias consigam passar a mensagem que os assobios não têm sido capazes de passar: este não é o nosso Sporting!

Ajudem o Paulo Bento

“Como treinador assumo totais responsabilidades”… E então? O que é que isso quer dizer na prática? Como não disse, o treinador do Sporting provavelmente não sabe. Por isso, ajudemos o Paulo Bento. As hipóteses para o que ele queria dizer mas o seu cérebro não conseguiu formular, são:

a) “Amanhã de manhã, pego no meu saquinho lá na Academia, despeço-me do pessoal amigo e vou à minha vida… à espera que o Pinto da Costa me ligue para substituir o Domingos daqui a um ano”.
b) “Quando chegar ao balneário vou encher 150 flexões. E depois pego no meu saquinho lá na Academia, despeço-me do pessoal amigo e vou à minha vida”.
c) “Hoje não tomo banho antes de dormir. E depois pego no meu saquinho lá na Academia, despeço-me do pessoal amigo e vou à minha vida”.
d) “Vou ver todos os jogos do Benfica esta época, em repeat. E depois pego no meu saquinho lá na Academia, despeço-me do pessoal amigo e vou à minha vida”. 
e) “Admito que não treinamos bolas paradas, jogadas de futebol corrido, pressão alta, não consigo motivar os jogadores, temos demasiadas lesões, as contratações foram todas feitas com o meu aval e a meu pedido, o Caneira não foi eleito. E, por isto tudo, pego no meu saquinho lá na Academia, despeço-me do pessoal amigo e vou à minha vida”.
f) “Vou pedir desculpa aos sócios e adeptos pelo triste e lamentável espectáculo em que o meu trabalho de treinador profissional de futebol se transformou. E depois pego no meu saquinho lá na Academia, despeço-me do pessoal amigo e vou à minha vida”.

Ajudem o Paulo Bento a ir-se embora. Com dignidade. Com (já pouca) honra. À homem… porque a alternativa é ir-se embora à rato, aliás bem patente nas últimas afirmações: “não tenho culpa da relva, há mais gente que deve assumir as suas responsabilidades”… pois, quanto maior for a ferida, maior a infecção, maior o pedaço de dignidade que se terá de amputar…

Já chega?

bettencourt12

Ou ainda não? Afundamos mais um pouco? Até ao limite da insanidade? Ou o patamar da irrelevância não chega? Talvez quando tivermos 5000 doentes no estádio, talvez nessa altura o nosso presidente tome uma decisão… Talvez. Porque se há treinador para trazer o Sporting de volta à 1ª divisão é o Paulo Bento. Isso, seguramente. Agora, manter o Sporting com um nível de respeito próprio minimamente equivalente ao dos seus sócios e adeptos, isso já tenho dúvidas. Afinal de contas, esta época o Sporting ainda não foi superior a ninguém, colectivamente. Logo… é afundar… até à Liga Vitalis. Só é preciso lesionarem-se o Liedson, o Moutinho e o Carriço… é a esta distância que estamos da descida…

Sinceramente, não consigo compreender como alguém que tem esta decisão nas mãos – uma decisão tão óbvia que dói – consegue dormir… nem digo dormir descansado… digo dormir!… e isto vale tanto para o presidente como para o treinador…

O Bloco de Notas do Gabriel Alves: jornada 8

É um estádio bonito, novo… arejado
Vit. Guimarães – Sporting
27 de Outubro 2009, 20h15, Estádio D. Afonso Henriques

Uma humidade relativa, muito superior a 100%
Jogar numa relva verdinha e sem buracos deve ser fantástico, não deve?

A selecção do Mali tem um futebol com perfume selvagem e com um odor realmente fresco…
O Guimarães está na merda, em penúltimo, e outro resultado não podia esperar-se depois de terem contratado o Nelinho das calças acima do umbigo. No último jogo, para a Taça, ganharam ao Feirense (3-1) e jogaram num 4-2-3-1 que facilmente passa a 4-3-3.

Este homem é um Mister
Penso já aqui tê-lo dito, mas vou repetir: considero o Paulo Sérgio um dos melhores treinadores cá do burgo, com considerável margem de progressão e com uma postura porreira. Parece-me uma aposta acertada do Guimarães.

Ele é excelente nestes lances porque a bola está morta e passa a estar viva
Desmarets é o melhor jogador do Guimarães e, confesso, não percebo como para as bandas de Alvalade se pensou em contratar o Peixoto quando, no clube rival, joga este rapaz. Enfim, perspectivas… ah, e depois há um tal de Nuno Assis que, com toda a certeza, vai tentar voltar a mostrar que foi um talento da cantera leonina mal aproveitado (na cabeça dele, claro).

 A vantagem de ter duas pernas!
Vocês acreditam que o João Alves já equipou de leão ao peito e, imagine-se, até marcou um golo em balão, depois de ter escorregado? Flávio Meireles é um trauliteiro de primeira e o centro da defesa vimaranenses tem sido um verdadeiro canavial.

E agora entram as danças sevilhanas da Catalunha
Paulo, tu dizes que “nada pode aumentar a pressão que já temos”, mas acredita que não ganhar em Guimarães vai tornar tudo muito mais insuportável. Entretanto, disseste também “Acredito que podemos chegar ao topo a começar já neste jogo”. Assim sendo, resta-me deixar de ser racional e acreditar também! Força Sporting!!!

Vamos jogar no Totobola
Vit de Guimarães- Sporting   2

O Machadês – Lição nº1

“Um vintém é um vintém, um cretino é um cretino. Podem pintá-lo de amarelo, azul ou vermelho, como quiserem. Há coisas que não mudam, são valores absolutos.”

O Manuel Machado ganhou a minha preferência na corrida ao banco do Sporting. Qual Spalletti, qual Laudrup, qual quê. O que eu quero é um Académico que se expresse nestes termos acerca de um rival.

Onde é que eu já vi isto?

“”[…] o pior jogador do clássico: Fábio Rochemback. A atuação de Rochemback merece um parágrafo exclusivo. Chegou ao Olímpico como grande reforço a meio do campeonato, não conseguiu jogar bem uma única vez e, ontem, foi nada menos do que bisonho. Rochemback passou o jogo a receber a bola na zona intermédia e a levantá-la para a área do Inter, com um dos seguintes resultados: na mão do guarda-redes, na cabeça do defesa-central ou para fora. Não conseguiu marcar, não conseguiu passar, não conseguiu chutar, não conseguiu driblar. E ainda assim foi mantido em campo o tempo inteiro. Em vez de tirar Rochemback, Autuori, por algum motivo, subtraiu da equipa o melhor jogador da primeira parte: Douglas Costa”, David Coimbra, editor executivo de desporto do jornal Zero Hora, na análise ao derbi entre o Internacional e o Grêmio.

p.s. – se a ideia passa mesmo por comprar mais um médio, dava para fazer um esforço e trazer o Rúben Micael para Alvalade?

O ladrão, a falta de vergonha e as estranhas prioridades

Lucílio Baptista voltou a fazer das suas, estando directamente ligado à perda de pontos do Braga. E, como não podia deixar de ser, o principal beneficiado poderá ser o clube a quem o dito senhor resolveu entregar uma Taça da Liga. No seguimento desta coincidência que, por certo, não passará disso mesmo, o jornal A Bola volta a ultrapassar todos os limites da falta de vergonha, brindando-nos com uma capa que é um autêntico nojo.

Ainda assim, e é essa a principal razão deste post, o pasquim lampião noticiou, no fim-de-semana, que “Com o aproximar do mês de Janeiro, a SAD continua a fazer a normal pesquisa de mercado à procura de jogadores que possam constituir uma mais-valia para o plantel de Paulo Bento e o sul-americano, mais especificamente o argentino, é um dos que tem sido privilegiado nas últimas observações. As lacunas no plantel sportinguista estão identificadas, provavelmente nem todas poderão ser colmatadas como gostariam os responsáveis pelo futebol profissional, mas a prioridade passa por encontrar mais uma solução para o meio campo […]”

A pergunta imediata é: reforçar o meio campo?!? Então… e a defesa? Melhores laterais? Um central capaz de varrer o jogo aéreo? Ok… o meio-campo. Mas o quê? Mais um médio interior que consiga jogar à direita e à esquerda e que, se for preciso, faça bem posições centrais? Ou vamos, definitivamente, comprar jogadores para as alas que ajudem a enterrar o maldito losango?

A pergunta seguinte é: porquê a Argentina? Ou, se preferirem, e esta é uma pergunta com a qual já “parti a cabeça” a outros amigos cacifeiros, porque não África? Continua a fazer-me confusão este virar de costas a um continente onde não faltam talentos capazes de conciliar técnica e força, e para o qual apenas os franceses parecem estar de olhos abertos. Sim, há muito bons jogadores na Argentina mas, salvo raras excepções, demoram uma eternidade a adaptar-se ao nosso futebol.

O Campeonato do Mundo de sub-20 foi, aliás, belo exemplo do poderio do continente africano, com destaque para o Gana, que depois de uma prova exemplar de futebol de ataque, aguentou o Brasil na final e venceu nos penaltis. Será que os enviados do Sporting ao referido mundial, anotaram no bloquinho, por exemplo, o nome do defesa direito ganês, Samuel Inkoom? Do médio Ibrahim Ayew? Ou do avançado Adiyiah?
Claro que há mais talentos africanos, como Tresor Mputu (Congo), Ahmed Saad (Líbia) ou Kermit Erasmus (África do Sul) , entre tantos outros. Será assim tão complicado descobri-los antes dos chamados tubarões?

E, mesmo que não se queira aponta a lança a África, será que o bloquinho dos nossos espiões apontou, por exemplo, o nome do defesa-central brasileiro Rafael Toloi? Ou, mesmo que não tenham tido o trabalho de ir até ao Egipto, será que já olharam para um defesa-central do Rio Ave, chamado Fábio Faria, com óptimo jogo aéreo e com apenas 20 anos, o que lhe dá enorme margem de progressão?

Ok, pronto, vamos lá à Argentina. Só vos peço para não trazerem outro Romagnoli. Ah, e se não for ser muito exigente, que não deixem escapar o Rabiu Ibrahim…

Mão-de-obra

Disse-me um Sportinguista, depois de afirmar que não se importa de jogar mal e ganhar: “os lampiões é que se fartam de marcar golos. Também, com aqueles jogadores todos que compraram…”.
Eu respondi: “vai pró caralho, meu. Tu achas que nós, com um treinador que saiba o que significa jogar ao ataque, não temos jogadores para dar 3, 4 ou 5 a várias equipas?”

Faço-vos a mesma pergunta e até acrescento: eu não trocava o Veloso, o Moutinho, o Vukcevic, o Matías, o Izmailov e o Liedson, pelo García, o Ramires, o Di Maria, o Aimar, o Saviola e o Cardozo.