Alma(ty) de leão

O Sporting qualificou-se para a final da Taça UEFA em futsal ao vencer o Kalrat Almaty, no Cazaquistão, por 3-2.
Agora, no domingo, é concretizar as palavras do grande João Benedito: «Apresentámo-nos nesta final-four com um objectivo, não só para o futsal, mas para o clube. Existem apenas dois clubes na Europa, Sporting e Barcelona, que têm quatro troféus conquistados em quatro modalidades e como tal queremos fazer história e ser o único clube com cinco títulos europeus em cinco modalidades diferentes».

O treinador

«Neste momento, há que tentar conquistar o terceiro lugar, com o devido respeito pelo Braga. Ao mesmo tempo, há que ir pensando no futuro. O novo treinador ainda não está decidido e, por isso, não faz sentido estar a fazer contratações. Um jogador pode ser muito bom em 4x4x2 mas se o técnico optar por um 4x3x3. O que não podemos é continuar a ficar a 30 pontos do campeão […] Há muito valor no plantel e com o grupo reforçado com quatro ou cinco jogadores de qualidade, o Sporting pode e deve ombrear com Benfica e FC Porto, que já têm equipas feitas. E depois é preciso acertar nas contratações: comprar jogadores para não serem convocados não pode acontecer. Por isso é que para já têm existido conversações. Mas tudo depende do treinador», Manuel Fernandes in Record.

Eu espero que estas palavras não passem de uma manobra de diversão, mas que não posso deixar de sentir-me preocupado perante a possibilidade de ainda não termos definido quem é o treinador na próxima época, ai isso não posso.

Exageros?

Sempre defendi que considerava um dos problemas do Sporting a ausência de referências. E já nem falo na ausência de referências dentro de campo. Refiro-me, isso sim, a referências fora dele, a pessoas que, integrando a estrutura, soubessem transmitir os valores e sentimentos associados ao que representa ser e/ou jogar no Sporting.

Vem isto a propósito da verdadeira revolução que, de acordo com o jornal O Jogo, vai ganhando forma em Alvalade e na Academia. Beto a treinar os iniciados, Sá Pinto a treinar os juvenis, Vidigal a treinar os juniores. Depois temos Nélson como treinador de guarda-redes e Manuel Fernandes como director técnico de avançados.

Ora bem, confesso que nem sabia que Vidigal e Beto, para além dos anos como jogadores, tinham preparação para serem treinadores. Espero, muito sinceramente, que Nélson seja muito melhor como treinador do que como guarda-redes (pelo menos, que saiba passar tudo o que aprendeu com Schmeichel e com Silvano de Lucia). E, a confirmar-se a vinda de Domingos, como encarará um ex-avançado ter um técnico especializado para o sector atacante (se não for pedir muito, podem trazer o André Cruz para ensinar os defesas, o Douglas e o Balakov para trabalhar os médios?)?
Já agora, o que é que vão fazer ao Oceano e ao Lima? Um deles vai para os infantis? E o outro? (e eu gostava muito que arranjassem um lugarzinho para o Rui Jorge, de todos estes nomes aquele que me parece mais bem preparado para fazer, realmente, a diferença).

No meio de tudo isto, parece-me bastante acertado entregar o cargo de director da Academia ao José Couceiro.

Problema(s) resolvidos?

«Nos termos e para efeitos do cumprimento da obrigação de informação que decorre do disposto no artigo 248º, nº1 al. a) do Código dos Valores Mobiliários, a Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD vem informar que foi nesta data renovado o contrato de trabalho desportivo com o jogador Marat Izmailov, o qual passará a vigorar até 30 de Junho de 2015, tendo sido fixada uma cláusula de rescisão de trinta milhões de euros.»

Portanto, confirma-se que esta maçã não está podre e vamos acreditar que o joelho está curado. Se assim for, seja muito bem-vindo, caro Marat. É um prazer tê-lo como primeiro reforço para a próxima época.

Que seja o início de algo

«Cerca de 400 adeptos marcaram presença no treino, desta segunda-feira, do Sporting, em Alvalade. […] Esta sessão serviu igualmente para reforçar os laços com os adeptos e conviver com a família sportinguista. Estiveram presentes muitas crianças que no final do treino tiveram a oportunidade de conviver com os jogadores e pedir o obrigatório autógrafo», in A Bola.

És um merdinha, mesmo baixinho, joão moutinho, joão moutinho

Caro João,
quem diria que, passado quase um ano da tua saída do Sporting, estaria a escrever-te. E o que me leva a escrever-te, perguntarás tu.
É coisa pouca, garanto-te. E fácil de resumir.

Desde que foste lançado na primeira equipa do Sporting, habituei-me a ler e a ouvir dizer que, em campo, compensavas em entrega e em carácter o facto de seres meia leca. Passei, também eu, a apreciar essas qualidades, enquanto te assumia como um dos símbolos do meu clube.
Saíste, da forma que saíste, e, ainda assim, tive imensa dificuldade em apontar-te o dedo.
Felizmente, no domingo, tiveste uma atitude que me ajudou a dissipar dúvidas: a forma como festejaste o segundo golo do Porto, correndo histericamente pelo campo como se tivesses conseguido vingar a tua honra, fez-te descer mais baixo do que uma maçã podre esborrachada no asfalto.
Não porque não tenhas direito a festejar os golos da tua nova equipa, antes porque revelaste uma pequenez de espírito que te torna incapaz de respeitar o clube e os adeptos que te ajudaram a crescer. Pouco (em todos os sentidos), está visto.

Na tua cabeça até podia pairar a figura do Bettencourt, do Costinha ou de quem tu quiseres, mas, para todos os efeitos, aquele teu histerismo foi um soco no Sportinguismo. Um soco cobarde, diria mesmo, depois de ter-te visto bem encolhidinho em Alvalade, na primeira volta e, agora, todo pimpão junto aos teus novos amigos.
Aproveito, assim, para dar-te os parabéns. Não por uma conquista desportiva, mas por teres conseguido entrar para a lista de pilas pequenas e caracter ainda mais curto, onde cabem outros artistas como o Palmilhas Martins ou o Pai da Mariana.

Ao que isto já chegou

Isto parece uma brincadeira de mau gosto mas, infelizmente, é mesmo verdade: então tem que ser um lampião, ainda por cima do mais rasteiro, a vir denunciar uma certa conversa entre o médico do Porto e o árbitro, ontem, durante o jogo com o Sporting? Pior, e ao que parece, uma conversa que terá cheirado a esturro ao nosso treinador?
O que vale é que tudo se resolve com um convite para lanchar, não é?

O clássico lá de cima, visto cá de baixo

Positivo
– Rui Patrício. É certo que voltará a comprometer, mas quando esse dia chegar já poderemos limitar-nos a dizer “acontece”. Temos, finalmente, guarda-redes à dimensão do Sporting que desejamos;
– Matías. Se eu fosse o futuro treinador do Sporting, na próxima época seria Matías e mais dez;
– André Santos. Há melhores jogadores para a sua posição? Há. Mas este é daqueles que ajudam a fazer um plantel campeão, porque dá garantias quando for chamado (e sabe o que é o Sporting);
– Izmailov. Pensar que podemos tê-lo de volta é uma enorme notícia. E recusar estender a mão ao Moutinho é de leão;

Negativo
– Postiga e Evaldo. Não sei qual dos dois me irrita mais. E não consigo deixar de visualizar a cara de parvo do Evaldo, encolhendo-se à espera que o Falcão saltasse, no primeiro golo;
– O pânico constante em que viveu a nossa defesa, os laterais a permitirem cruzamentos atrás de cruzamentos, os centrais aos papéis. E por muito que tivesse a tentar encarnar o espírito bombeiro, não se admite que um gajo com a envergadura do Torsi mostre séria dificuldades de posicionamento face aos cruzamentos para a área;
– A insistência em colocar Valdés junto à linha. Ainda não chega? (inacreditável a forma como é comido no lance do segundo golo)
– O apagão Zapater;
– O zero que somos em soluções atacantes. Aquela cabeça do Yannick, na pequena área, que termina na bancada, diz tudo (e tudo junto mostra bem o que o Liedson foi sendo capaz de disfarçar);
– A arbitragem. Era esperado mas, ainda assim, não sou capaz de espantar-me com a desfaçatez com que tudo isto é feito. E, bem vistas as coisas, como é que há-de haver vergonha na cara se os nossos presidentes, com maior ou menor afinação, continuam a aceitar lanchinhos e risota antes de se sentarem ao lado de um dos rostos da corrupção, a assistir ao jogo?

Quanto vale uma vitória?

O terceiro lugar, dirão uns.
Ter mais tempo para preparar a próxima época, dirão outros.
Não deixar o FCPorto ser campeão sem derrotas, defenderão alguns.
Uma vitória num clássico vale sempre mais do que as outras, atirarão uns quantos.

Respeito, digo eu (e muitos outros, espero). Fazermo-nos repeitar é o primeiro passo para o que quer que seja. E tanto que nós precisamos de dar um primeiro passo, na tentativa de trazer de volta o Sporting.
És a nossa fé, força Sporting allez!

Os craques e as massas

É certo e sabido que, quando as coisas correm bem, até os cepos são levados em ombros. Mas há estados de alma e ligações à bancada que apenas os craques conseguem proporcionar.
O exemplo abaixo vale por todas as palavras que poderia aqui escrever. E que, no fundo, se resumem num “tenho saudades de ver com a camisola do Sporting, jogadores que me façam sentir assim”.