O Bloco de Notas do Gabriel Alves – Liga ZonSagres, jornada 9

Paulo, disseste que precisamos de uma vitória para embalar e, quer-me parecer, este pode ser o jogo ideal, com o extra de o Braga ter perdido.
Não sei se as notícias que dão como certa a utilização do Vuk a 10/falso avançado são verdadeiras, mas seria muito interessante ver esse sistema de jogo.
Mas, mais interessante mesmo, será sair de Leiria com os três pontos e, se possível, com a sensação de, à semelhança da semana passada, os Sportinguistas estão, aos poucos e voltar às bancadas e a apoiar até ao fim. E, ao que parece, até o tempo vai ajudar.

Pormaiores

O Sporting foi galardoado, esta quinta-feira, na sessão comemorativa do 101º aniversário do Comité Olímpico de Portugal (COP) com o Troféu Olímpico, prémio que distingue o contributo para o fomento e desenvolvimento desportivo em modalidades olímpicas. O prémio, instituído de quatro em quatro anos, distinguiu o Sporting por ser o clube português com o maior número de atletas em Jogos Olímpicos, num total de 109 em 17 presenças“.

a notícia não é nova, mas nem nos ficaria bem não assinalar este momento. A grandeza de um clube também se vê, e muito, nestes… pormaiores.

À mesa com os lampiões

É verdade que já foi no sábado, mas só agora tive tempo (e uma ponta de vontade, confesso) para ler a entrevista que José Edurado Bettencourt deu ao jornal A Bola. Grande parte da entrevista é mais do mesmo, sem chama nem capacidade de empolgar o adepto (pelo menos este adepto) mas, ainda assim, vale a pena comentar algumas passagens.

Admite que os adeptos possam não ter visto em si aquilo que desejariam como imagem do poder?
Acho que têm razão, porque sempre muito humildemente disse que podia não ter perfil para isto. Mas também sabia que isso não era decisivo, porque no passado houve uns com mais e outros com menos perfil e isso não fez diferença nenhuma.
Não concordo minimamente, sr Presidente. A capacidade de liderar passa para o balneário e passa para as bancadas. Pense nisso.

[…] sinto que há um futebol (em Portugal) que tem 95 por cento de pessoas extraordinárias. Depois acho que há uma componente de país pequeno terrível, muito baixa. Há cinco por cento de mafiosos! […]
E já reparou, sr Presidente, que uma das maiores críticas que lhe fazem é, precisamente, a proximidade que insiste em manter para com esses mafiosos?!?

O Sporting não beneficia do ódio enorme entre as lideranças de Benfica e FC Porto?
Temos tentado contribuir para o sucesso da indústria do futebol. Temos divergências e já engoli sapos. Mas para mim o backstage não é importante, a imagem que deve passar para a opinião pública é a das coisas boas.
Engolir sapos significa continuar a sentar-se ao lado do gajo que gozou consigo, com a cor da sua cabeleira e chamou “anormal” ao Paulinho?!? Mas olhe que ninguém o obriga. Aliás, aos olhos dos adeptos, só teria a ganhar em afastar-se dessa gentalha.

[…] quando percebi que ninguém queria o lugar – porque aquilo a que assisti foi a desculpas esfarrapadas – era preciso alguém que assegurasse a parte do bater no fundo para depois vir um verdadeiro Messias.
É uma frase bonita, é sim senhor, e, provavelmente, a parte de muitos falarem mas nenhum avançar será a maior verdade de toda a entrevista. E, para mim, isso é o que mais me atormenta: sentimos que estamos no fundo, sentimos que o capitão do submarino não tem estaleca para trazê-lo à tona mas, cá fora, não vemos ninguém com vontade e capacidade de mergulhar e alterar o rumo dos acontecimentos.  

Não é utópico querer ganhar quando os concorrentes directos têm orçamentos três vezes superiores?
É o que as pessoas exigem.
Insistimos: não é utopia?
Utilizei uma expressão quando isso me foi perguntado na apresentação de Paulo Sérgio: temos obrigação de andar lá em cima. Claramente, temos de ficar 15 pontos à frente do Sp. Braga. Indiscutivelmente. Ainda para cima acho que não estamos no topo da tabela por um conjunto de circunstâncias e coisas estúpidas.
Sim, a nossa política de contratações, incluindo a do treinador, foi estúpida. Muito, mesmo. E, só por curiosidade: acha que vamos ficar 15 pontos à frente do Braga?

Não faço rigorosamente mais nada que não seja o Sporting. (O Sporting ocupa) em média mais de doze horas.
E então, foda-se. Acha que ganha pouco?

Há uma coisa que quer queiram quer não, acontece no Sporting: As pessoas gostam de mim.
Pois…

O Sporting tinha de passar pela fusão da tecnocracia com a emoção, com os valores do Sporting, com a cultura Sporting.
Onde está a emoção? Na apresentação de sócios que, passadas duas semanas, deixam de pagar quotas (ou vão para o Benfica, como o Marco Fortes)? Nos vídeos promocionais das gameboxes (sim, gostei)? Quem é que transmite a cultura do Sporting? O sr? O Costinha? O Carriço, que ainda é um puto? O Mil Homens, lampião confesso? Não há um único elemento capaz de fazê-lo. Já nem falo do Manuel Fernandes, mas Carlos Xavier, Oceano, Venâncio, Mário Jorge e tantos outros, não podiam fazer parte da nossa estrutura para o futebol (não era preciso todos claro)? O Acosta, o André Cruz, o Douglas, o Marco Aurélio, entre outros, não podiam ser uma extensão do Sporting por esse mundo fora? O Ivkovic não podia ser nosso treinador de guarda-redes? Até o Balakov, meu caro, até o Balakov não faria pior do que quem o sr tem escolhido para treinar a nossa equipa. E com muito mais cultura de Sporting, digo eu.

Negócios na Bruma

Há quem diga que, se for mesmo verdade que o City dá oito milhões pelo Bruma, devíamos despachá-lo. Quase aposto, com infinitamente maior probabilidade de acertar do que se jogar no euromilhões, que muitos dos que querem “despachá-lo”, são aquele que, hoje, dizem que fomos uma merda por termos vendido o Ronaldo ao Man United por 15 milhões de euros.

Se me perguntarem o que penso desta nova novela, sou da opinião que não devemos deixar sair Bruma. Nem por 1,5 nem por dois, nem por oito milhões. Devemos esgotar todas as possibilidades para fazê-lo assinar o contrato profissional e, com calma, continuar a deixá-lo crescer.
Penso, também, que situações como esta (aconteceu o mesmo com o Ronaldo, antes de vir para o Sporting, mas conseguimos que a D. Dolores nos abrisse a porta de casa e assinasse um papelinho que nos deixava o seu Cristiano ao nosso cuidado), são uma autêntica vergonha.
No fundo, mete-me nojo ver os “senhores da bola” a assobiarem para o lado quando temos clubes a oferecer prémios de assinatura a empresários, bem como casas, carros e novos trabalhos aos familiares de um miúdo com 15 anos.

p.s. – já que falei em Man United, nunca percebi para que serviu aquela merda daquele acordo com os ingleses, aquando da venda do Ronaldo. Que me lembre, nem uma porra de um jogador saído da formação dos reds chegou a Alvalade, quanto mais um gajo emprestado/vendido, da equipa principal. Ainda assim, se eu fizesse parte da direcção do Sporting, por certo rumaria a Inglaterra para tentar trazer por empréstimo o tal do Anderson que já jogou no Porto e que, diz-se, poderá ser emprestado ao Panathinaikos, já em Janeiro.

Então e porque é que continuamos a esperar 60 minutos para começar a tentar resolver o jogo?

Vendo as coisas de uma forma clara, e sem estar com demagogias, o que tem acontecido na Liga Europa, é que temos marcado cedo, e quando fazemos um golo cedo, tudo se torna mais fácil. Quando as equipas do nosso campeonato jogam com o Sporting, fazem-no com um bloco muito denso, sempre à espera do nosso erro. Logicamente que, com essas equipas, quanto mais depressa conseguirmos fazer um golo, melhor para a equipa com mais posse de bola, melhor para a equipa que arrisca mais“, Abel, in Jornal Sporting

O que é que isto significa?

Muito sinceramente, não sei o que pensar depois do jogo de ontem.
O meu lado mais racional faz-me pensar que, uma vez mais, fomos incapazes de entrar no jogo para decidi-lo o mais rapidamente possível.
Que andámos a dormir durante mais de uma hora.
Que, durante essa mesma hora, fomos incapazes de criar uma jogada de ataque com merecesse essa designação, transformando a maior posse de bola em lances previsíveis, sem mudanças de velocidade, sem idas à linha final, sem diagonais capazes de abanar o sistem adversário.
Que continuamos a insistir em certos jogadores e que as nossas contratações estão a ser aquilo que eu esperava delas (não me apetece individualizar agora, fica para outro post).
Que o Paulo Sérgio capaz, claramente, de ganhar um balneário, pode não ser capaz de dar-nos o futebol que queremos e que precisamos para pintar o país de verde e branco.

O meu lado de Sportinguista doente faz-me pensar que foi uma vitória de leão, em que os jogadores, dez, diga-se, foram capazes de acreditar até ao fim.
Em que vencemos os postes.
Em que vencemos a barra.
Em que vencemos as lesões.
Em que voltámos a ter quase trinta mil nas bancadas, a apoiar de princípio ao fim.
Em que vi uma equipa inteira, de punhos cerrados, a festejar o golo de um como o golo de todos.
Que o Pedro Mendes vai regressar e isto vai melhorar de forma inacreditável. E que, depois, acaba-se o caso Izmailov e o russo dá-nos um 2011 de sonho.
Que somos a equipa que nesta Liga mais domina, mais remata à baliza, mais volume de futebol ofensivo consegue criar. E que só faltam golos para embalarmos para uma série de vitórias que nos façam escalar na tabela.

Mas, actualmente, ser do Sporting é mesmo isto, não é? Andar alegremente angustiado, querendo acreditar em feitos enormes, sem saber o que se seguirá a cada festejo.