Choques mantinais

A invenção do jornal A Bola de que Patrício pode sair a partir de 7 milhões (quando a cláusula vai subir, em caso de renovação, para perto de 30).
As imagens das supostas novas camisolas. Odeio! A gola preta e aqueles botões de merda meio nipónicos, depois de termos conseguido a camisola mais fixe dos últimos anos, dão-me a certeza de que vou poupar dinheiro. Ah, e parece que o maldito azul da TMN vai continuar. Só pode ser gozo…

Vai ficar tudo na mesma, não vai?

«A zanga com o F.C. Porto? Não adiantava esclarecer. Era uma briga que eu estava a ter com um dos maiores dirigentes e uma pessoa que influenciava a seleção: o presidente do F.C. Porto. Ele tinha influência nas escolhas da seleção. Toda a gente sabe que tinha. Ele pode opinar sobre um ou outro jogador, ele pode numa conversa muito interessante com o presidente da Federação sugerir a ideia de jogar aqui ou jogar lá. Senti muita destas influências e por isso tive esta rixa.»

As afirmações pertencem a Luís Felipe Scolari e foram proferidas durante uma entrevista à RTP. Ora, num momento em que o dito canal faz verdadeiro serviço público, é triste ter a certeza que tão graves afirmações de pouco ou nada vão valer.
Particularmente, o mínimo seria o Sporting chegar-se à frente sublinhando que as declarações de Felipão apenas confirmam as desconfianças sobre a não ida de Moutinho ao Mundial, a que se seguiu a birra e a ida para norte. A nível geral, o mínimo seria as capas dos jornais de amanhã fazerem manchete desta pouca vergonha, dando início a uma investigação do tema.
Infelizmente, quase aposto que vamos ficar-nos pela simulação da tentativa de construir uma nova bancada (patéticos os prazos, face aos valores apresentados) e por capas onde se tentam valorizar jogadores (sempre dos mesmos clubes) a troco do lançamento de rumores de mercado ou de anedóticas viagens às origens.

… e os artistas (parte 1)

Esta é a primeira parte do terceiro capítulo da trilogia que faz um resumo da época 2011-12. Em DVD estão já «Nem o caneco nem o caralho» e «O solista…».

 
Não é fácil eleger o melhor jogador da época que há uma semana terminou. Não por falta de opções, antes porque não consigo decidir entre dois nomes. Assim sendo, o Prémio de Jogador do Ano vai para Rui Patrício e para Schaars.
Patrício deu continuidade ao que de muito bom tinha prometido no final de 2010-11, com a pequena grande diferença de ter conseguido manter o elevado nível ao longo de toda uma época. No fundo, confirmou todas as potencialidades que lhe eram apontadas, confirmou ser guarda-redes para o Sporting, fartou-se de resolver jogos e garantiu a titularidade na selecção nacional. E jamais esquecerei aqueles últimos cinco segundos em Etihad.
Schaars foi o homem que esteve sempre lá. Uma vezes perfeito. Quase sempre bem. Em quatro ou cinco ocasiões desgastado e pouco focado. Aliando a personalidade à capacidade de jogar e fazer jogar, foi algumas vezes acusado de ser lento. Respeito, mas não concordo, até porque, a partir do momento em que Rinaudo se lesionou, as suas funções em campo começaram a mudar, sendo notória a sua ausência em zonas mais próximas da baliza adversária. Aliás, naquela fase de dez jogos que nos fizeram acreditar, ainda com Domingos, fez enorme diferença a forma como surgia a finalizar ou a assistir colegas, revelando-se um verdadeiro médio todo-o-terreno.

Outros prémios:
Prémio A Falta que Tu nos Fazes: Rinaudo estaria, provavelmente, a disputar o prémio com Patrício e com Schaars. Aliás, ninguém sabe o que teria acontecido sem aquela estúpida lesão naquele estúpido jogo, na Roménia. Um tremendo jogador e um tremendo reforço para a próxima temporada.

Prémio Saíste Melhor do que a Encomenda: O nome de Ínsua não era um nome desconhecido. Mas, apesar de tudo o que de bom sobre ele se dizia, nunca pensei que fosse assim tão bom. Ao fim de quase uma década, conseguimos tapar o buraco que Rui Jorge deixou e que Tello disfarçou. E gosto tanto de Ínsua que cheguei a pensar comprar uma camisola 46.

Prémio O Preferido da Bancada: Diego Capel, claro, para muitos o melhor jogador do ano. Com espaço é um verdadeiro tormento para os adversários e as suas arrancadas entusiasmam até o mais anémico dos adeptos. Conseguiu, rapidamente, estabelecer uma enorme empatia com o universo verde e branco, ficando na memória as suas lágrimas aquando da queda dos adeptos e na chegada de Bilbao. E, por razões desportivas, fica-me na memória a sua relevância naquele turbilhão que justificava termos despachado os bascos logo em Alvalade.

Prémio Avançado Fura Redes: Wolfswinkel. Até porque não houve outro. Já nem discuto se marcou muito, se marcou pouco (aliás, já disse o que pensava sobre ele). Foi o único que marcou algo que se visse. E dava um jeitão haver mais alguém a alimentar a estatística de bolas que beijaram as redes adversárias.

Prémio Joga Bonito: Carrillo, um puto vindo do Peru que parece misturar as capacidades de Quaresma e Nani. Disse-o e repito-o: para mim, Carrillo jogava sempre. É único neste plantel, aliando à técnica a velocidade, a capacidade de remate e a inteligência para cortar para dentro e surgir, na área, a tentar cabecear como segundo ponta. Pode perder a bola duas vezes, mas sei que à terceira vai levantar-me da cadeira. Que para o ano seja Carrillo e mais dez.

Prémio A Formação Ainda é o que Era: André Martins. Que grande, grande jogador! (e, já agora, grande entrevista que hoje é publicada)

O solista…

Coincidindo com a anunciado episódio do meio desta trilogia sobre o balanço da época, foi noticiado prolongamento do contrato com Sá Pinto por mais um ano. Vale o que vale, até porque já vimos o actual presidente a fazer juras de amor na véspera de uma chicotada, mas obriga-me a ir direito quase ao fim do post: independentemente de ser por mais um ano ou por mais dois, concordo com a continuidade de Sá Pinto. Ou, se preferirem, considero que seria um erro estarmos a começar novamente do zero e que ele justifica a oportunidade de começar uma época e tentar levar a nau verde e branca às conquistas.

Voltemos, então, ao início. Afirmei, e continuo a ser dessa opinião, que Sá Pinto serviu, inicialmente, como um escudo para o fracasso da escolha Domingos e para os maus resultados que começavam a incomodar em demasia. Nome querido à maioria dos Sportinguistas, Leão de corpo e alma, figura próxima das claques, Ricardo Sá Pinto acalmou as hostes que pediam sangue e agarrou numa equipa completamente escaqueirada física e animicamente.
Ora essa terá sido, precisamente, a primeira grande vitória de Sá Pinto: conseguir motivar as tropas e tirá-las do espartilho que esmagava a motivação e a crença. Numa entrevista recente ao jornal Sporting, o velho Manel Fernandes afirmava que o seu treinador preferido havia sido Malcom Allison, pela capacidade que tinha de fazer com que os 30 jogadores que compunham o plantel gostassem todos dele. Não sei se todos gostarão de Sá Pinto, mas a verdade é que deixou uma marca nos juniores que acabaram por sagrar-se campeões e tem merecido os mais rasgados elogios e juras de solidariedade por parte dos jogadores.

E foi essa solidariedade a imagem de marca da equipa, principalmente no trajecto feito na Liga Europa. Foi essa mesma solidariedade que faltou na final da Taça e que motivou a que o treinador, pela primeira vez, se tenha mostrado desgostoso e desiludido com os homens que comanda, contrariando um discurso positivo em que, mesmo nos jogos sem brilho, elogiava os que tinham estado em campo. Aliás, esse será o grande mistério destes primeiros meses de Sá Pinto como treinador do Sporting: a imagem de pouca motivação e pouca vontade no jogo mais importante do ano. Só ele e os jogadores poderão explicá-las.

Do maior mistério para os maiores desafios: contrariar o futebol autocarro que muitas equipas apresentam e conseguir ganhar fora cerca de 90% das vezes que se ganha em casa.
Se Alvalade se tornou, como é obrigatório para alguém que quer ser campeão, a casa onde finalmente mandamos, as deslocações foram praticamente todas ausentes de vitórias. Existirá, provavelmente, mais do que uma única justificação, mas um dos factores é, sem margem para dúvidas, a ausência de um futebol que consiga provocar desequilíbrios. É inegável que o Sporting pratica um futebol previsível, onde os extremos e as subidas dos laterais têm papel preponderante. Mas falta dinamismo no meio. Falta, por exemplo, ver os médios surgirem junto à área adversária a criarem superioridade, a rematarem, a marcarem. No fundo, falta a Sá Pinto conseguir aliar a boa organização atingida, capaz de bloquear adversários como City, Benfica ou Porto, à envolvência atacante que os adeptos do Sporting exigem. A envolvência que surgiu em alguns momentos, como a primeira parte em Manchester, o jogo contra o Guimarães, o jogo contra o Benfica, o jogo contra o Braga. Tudo jogos em que o adversário também procurou atacar. A excepção terá sido a segunda parte frente ao Bilbao, em Alvalade, onde a fúria leonina quase partiu os alicerces da estrutura defensiva adversária.

Assim, e como a vantagem de uma aprendizagem à força que lhe dá um conhecimento sobre as capacidades (ou falta delas) dos jogadores, Ricardo Sá Pinto partirá para 2012-13 com o desafio de mostrar que percebeu que, para atingir o sucesso, é preciso algo mais do que apertar com eles. E que, para jogar à Sporting, é preciso mais do que manifestar essa vontade em apelativas conferências de imprensa.

Espero que não passe de uma invenção

Considerei digna a conferência de imprensa para confirmar a não renovação com Polga.
Irrita-me termos vendido o João Pereira por metade da cláusula, mas consigo entender o valor quando penso que o Valência marcará presença na Champions e que acharia um disparate o Sporting dar 4,2 milhões para contratar outro João Pereira.
Agora, nem sei o que dizer quando leio esta merda:«O defesa Edgar Ié e o médio Agostinho Cá, ambos de 18 anos, recentemente campeões nacionais de juniores pelo Sporting, estão a caminho do Inter Milão. Segundo A BOLA apurou, a provável transferência dos jogadores para o colosso de Milão renderá uma verba a rondar os 800 mil euros no imediato, mas o montante global da operação poderá ascender aos três milhões de euros, mediante o cumprimento de determinados objetivos por parte dos dois atletas».
Espero, muito sinceramente, e apesar de bater certo com o que se noticiava aqui, que não passe de uma invenção…