E permitam-me começar por confessar-vos que não haveria melhor forma de regressar a Alvalade, do que assistindo a uma grande joga do Carrillo. Já o disse aqui por mais do que uma vez: para mim, era Carrillo e mais dez. Aliás, no final da época anterior, escrevi um post onde destacava alguns jogadores e, sobre a cobra, escrevi o seguinte: «Disse-o e repito-o: para mim, Carrillo jogava sempre. É único neste plantel, aliando à técnica a velocidade, a capacidade de remate e a inteligência para cortar para dentro e surgir, na área, a tentar cabecear como segundo ponta. Pode perder a bola duas vezes, mas sei que à terceira vai levantar-me da cadeira. Que para o ano seja Carrillo e mais dez».
Ora, podem imaginar a minha satisfação ao ver, precisamente, o puto mostrar todas essas qualidades. Se querem um gajo que dê safanões nos jogos, ele aqui está. E, meus amigos, o compasso de espera no primeiro golo, deixando o defesa assumir a posição marcando um homem invisível, para depois acelerar e metê-la lá dentro, foi delicioso!
Depois, não posso deixar de destacar o croata. Houve uma altura em que eu era fascinado pela selecção jugoslava e pelos jogadores desse país. Culpa de Ivkovic, claro, mas muito de um Estrela Vermelha onde brilhavam Mihajlovic, Prosinecki, Belodedic, Pancev e Savicevic (e ainda havia um tal de Katanec, na Sampdória). Lembro-me de inventar vários nomes para jogadores, terminados em ic, e de ser defensor das capacidades técnicas dos jogadores oriundos deste país (ou ex, se assim preferirem). Ora Pranjić trata a bola de forma deliciosa. Mais, tem uma calma do caraças quando está a ser pressionado junto à área. E se já me convenceu junto à linha gostava, muito, de poder vê-lo jogar como número 10.
A propósito de número 10, belos pormenores do Adrien, claramente mais maduro em relação ao jogador que saiu, por empréstimo, de Alvalade. E que enorme jogo do Elias, a tomar claramente conta das operações. Aliás, finalmente temos um meio-campo com soluções para as várias frentes onde teremos que jogar. Ah, e com um Gelson capaz de manter os índices de saudável agressividade a que nos habituou Rinaudo.
Mais atrás, arrisco dizer que Rojo é mesmo jogador e que será sempre dele um dos lugares do centro da defesa. Bom toque de bola, bom jogo aéreo, bom posicionamento. Com Ínsua, formará uma meia esquerda defensiva de enorme qualidade.
Uma palavra final para a questão do adversário escolhido. Ou dos adversários. Sinceramente, creio que esta escolha tem por objectivo preparar a equipa para a forma de jogar de maioria dos adversários no nosso campeonato. Equipa que se fecham, que povoam o meio-campo, acreditando que um qualquer lance poderá transformar o bom zero a zero num maravilhoso resultado. Equipas contra as quais mostrámos bastantes dificuldades. Ora, parece-me fazer sentido aproveitar a pré-época para trabalhar, precisamente, a forma de ultrapassar essas dificuldades. E, por aquilo que se viu no sábado, com boas movimentações ofensivas e várias oportunidades de golo, começam a surgir ideias de ultrapassar o futebol manhoso que nos espera.
p.s. – um luxo do caraças ver o Rinaudo com a braçadeira de capitão.