Vale o que vale

E, claro, é sempre diferente falar de bolsos cheios. Ainda assim, sabe sempre bem ouvir uma coisa destas: «O Sporting merece todo o meu respeito. É um clube com uns adeptos fantásticos e que não deviam estar a passar por este momento. Um grande Sporting faz falta e há milhões à espera que ele volte», Domingos.

Diz-me o que pensas, dir-te-ei quem és

Domingos falou, pela primeira vez, sobre o Sporting. E, em termos gerais, teve uma postura correcta. Agradeceu aos adeptos, disse respeitar a opção tomada pela direcção e manteve a coerência de discurso ao afirmar que precisava de tempo. Mas meteu os pés pelas mãos ao afirmar que acha que não falhou nada.

Ora, e sendo muito sincero, faz-me confusão que alguém, depois de ser eliminado da forma patética como fomos eliminados da Taça da Liga, pense que não falhou nada. Acho grave (para o seu futuro profissional, claro) que, mais a frio, Domingos também considere que o discurso adoptado, apontando consecutivamente o dedo aos jogadores, também tenha sido o ideal. E, depois, o «pormaior» de, em três meses, ter-se revelado incapaz de suprimir a ausência de Rinaudo.

Ora esta, parece-me, é uma das primeiras grandes vitórias de Sá Pinto. Não faz dele um iluminado, longe disso, até porque eu e muitos de vós já há muito tempo que apontávamos o recuou de Elias e de Schaars como a melhor solução para a equipa na ausência do argentino. Pior, sem Rinaudo, Domingos mostrou não ter um plano B, uma ideia, algo que transformasse o futebol do Sporting em algo ligado e pensado (aliás, um dia ainda gostava de poder perguntar-lhe porque razão levámos uma pré-época a preparar uma equipa com dois avançados e, em competição a sério, nunca mostrou ter esse esquema táctico bem ensaiado).

Hoje, pese as más entradas em Setúbal e em Barcelos, só alguém com opinião formatada poderá afirmar que o Sporting é uma equipa sem princípios de jogo. Se ainda está tudo assente em bases pouco sólidas? Claro que está. Claro que Sá Pinto ainda tem um longo caminho a percorrer na sua formação como treinador. Claro que a aposta na posse de bola ainda emperra quando apanhamos equipas que só pensam em defender. Mas percebe-se que os jogadores percebem o que o treinador quer. E, mais importante, que tentam fazê-lo.

Não sei onde esta aventura (continuo a encarar assim a aposta em Sá Pinto, optando pelo Sportinguismo em detrimento de um nome com créditos firmados) nos levará. Não sei se Sá Pinto será o nosso Guardiola, ou apenas mais um a ser engolido numa nova decisão de fuga para a frente. Sei que, depois de ter ouvido falar Domingos, cujo despedimento considerei bastante questionável, dei comigo a pensar que isso pode ter sido o melhor que nos aconteceu. Ao comparar os jogos que o Sporting fez frente ao City, com os que fez frente à Lazio, Domingos passa-me a imagem de alguém incapaz de assumir os seus erros e demasiado focado na ideia «eu sou mesmo bom». A mesma ideia que fez Villas Boas passar de iluminado a puto arrogante e borrado.

Pagar na mesma moeda?

Para nós, adeptos, fez confusão a forma como, de semana para semana, Domingos ia atribuindo as culpas dos maus resultados aos jogadores. E, pese a forma como nunca chegou a espirrar nada cá para fora, é de acreditar que nem todos estivessem ao lado do treinador.
Não deixa de ser curioso que, agora, com Sá Pinto ao comando, comecemos a ouvir frases como a de João Pereira, dizendo que no tempo de Paciência a bola parecia que tinha picos (sim, depois veio dizer que não tinha nada a ver com o treinador), a de Carriço («Sá Pinto é da casa e, como eu, sente o clube. No fundo trouxe muita motivação, ambição, o grupo está unido e demos as mãos pelo mesmo objetivo») ou a de Marcelo («Com o Sá Pinto todos têm de correr, todos têm de marcar»).
Eu cá não sou de intrigas, mas parece-me que há aqui uma tentiva de deixar bem claro que, afinal, a culpa não era só de quem entrava em campo.

 

As linhas com que nos cosemos

«O treinador principal Ricardo Sá Pinto, terá como adjuntos, Tiago Moutinho, Jorge Castelo, Nelson Pereira, Sérgio Vieira e Hugo Porfírio».
O elenco é digno de um filme para ser exibido no King, não é?

Ah, é verdade. Entretanto esqueci-me de confidenciar-vos uma coisa: o meu sonho passou a ser ser contratado pelo Godinho Lopes e assinar por dez anos. Depois ser despedido e continuar a receber todos os meses, até outro alguém querer contratar os meus serviços.

Agora, a frio

Domingos
Culpado ou inocente? Um misto. Domingos tem a responsabilidade que nunca quis admitir: não foi capaz de colocar o Sporting a jogar o futebol que se pedia. Teve uma boa fase, é verdade, que não se sabe até onde duraria caso Rinaudo não se lesionasse, mas a verdade é que quando os problemas aumentaram não foi capaz de dar resposta adequada, perdendo-se em experiências disparatadas e assumindo-se prisioneiro de um único sistema de jogo. Não pode dizer que não teve recursos, pois o não lhe falta matéria prima para trabalhar. A seu favor, jogam as lesões (embora também seja grave que se confirme o historial de lesões que o tinha perseguido em Braga), bem como o arranque condicionado pelas arbitragens e pela obrigação de fazer jogar dois ou três nomes que se pretendia vender, mas a verdade é que deixa o Sporting numa posição patética, com uma eliminação patética na Taça da Ligfa e com uma equipa incapaz de mostrar ideias e fio de jogo.
Resumidamente, continuo a achar que Domingos é bom treinador. Talvez se tenha espantado com a própria grandeza e exigência do Sporting, ainda por cima com a necessidade de começar a reconstruir, mas acredito que faria melhor para o ano. A grande dúvida, é em que estado estaríamos no final desta época?

Godinho Lopes
Sai desta novela com a sua imagem de fantoche reforçada. É um boneco, no meio de tudo isto, comandado via iPad. A sua opinião vale menos que uma canhola mal batida, como se comprovou de domingo para segunda. Pior, mostra que não tem tomates e um carácter questionável. Dar sangue ao povo, apresentando um nome popular, só para salvar a própria pele, é lamentável.

O Sporting
Não sei o que pensam os que votaram a favor de uma lista sem projecto e sem ideias, mas este momento comprova tudo isto: o de fuga para a frente de um grupo de pessoas que, efectivamente, não mostram ter um rumo definido. Ao fim de sete meses assumem que podem fazer a máquina funcionar sem uma das peças apresentada como fundamental e capaz de recolocar o clube no caminho das vitórias?!? Voltámos à estaca zero (se é que alguma vez chegámos a sair dela) e voltámos a dar aos jornais a possibilidade de escreverem o que bem lhes apeteceu.

Duque e Freitas
Freitas já nem foi à Polónia, não é? Bem, é capaz de estar a ajudar o Domingos a desarrumar o cacifo… A verdade é que a saída do treinador é um rotundo falhanço desta dupla, ainda por cima quando um deles já tinha trabalhado com o treinador e sabia ao que ia ao sugeri-lo para liderar a nossa equipa.

A cretinisse
Dar a entender que Domingos andava a encontrar-se com dirigentes do Porto é das formas mais vergonhosas de alimentar a bipolaridade dos adeptos que alguma vez vi.

Sá Pinto
Uma tremenda incógnita, a quem colocaram uma batata recheada de problemas, e a escaldar, nas mãos. Em relação a todos os anteriores técnicos leoninos tem a seu favor o facto de ser mesmo Sportinguista, de conhecer o clube e os adeptos, de sentir o Sporting. Se isso chegará, não sei. Mas sei que voltamos a dar um tiro no escuro e que receio a incapacidade que o Sá já mostrou em controlar-se perante certas situações (parece-me fundamental saber o nome da pessoa que o acompanhará. Gostaria de ver Rui Jorge de volta a Alvalade, mas Manuel Fernandes, que tem sabe-se lá que função, poderia não ser má ideia. Ah, e não tendo nada contra o Nelson, gostava muito que mantivessem o Vital como treinador de guarda-redes).
Como disse anteriormente, resta-me desejar-lhe a maior sorte do mundo e esperar que se transforme num Guardiola verde e branco.

Um homem só?

A pergunta que dá título ao post tem vindo a ganhar forma na minha cabeça e explica, também, o porquê do meu questionar matinal. Basicamente o que tenho sentido é que, com o aumentar das dificuldades, Domingos tem sido obrigado a falar de demasiados aspectos do dia-a-dia leonino. Ele fala das lesões, ele fala dos árbitros, ele fala de quem joga, fala de quem não joga, fala de lesões, fala do que se escreve sobre o Sporting, fala de tudo e de mais alguma coisa. Desgastando-se, parece-me, ainda para mais numa altura em que vários adeptos começam a apontar-lhe o dedo. Daí que repita a pergunta: onde está Luís Duque? Não é a ele que compete dar a cara na defesa do grupo, principalmente quando os assuntos envolvem arbitragem ou comunicação social?

Perante a ausência de outras vozes, Domingos surge-me como um homem sozinho na defesa de um barco pirata, carregado de boa gente e de gente com valor, com alguns dos seus melhores espadachins aleijados ou sem ritmo de combate, obrigado a viajar com alguns rapazes que podem render alguma coisa no mercado de escravos, e bombardeado de todos os lados por uma monarquia de bastidores languinhentos que, a todo o custo, procura manter a distribuição do poder por dois condados.
Neste cenário, Domingos parece desorientado e incapaz de encontrar a estratégia que o retire da linha de fogo, transmitindo às gentes que aguardam, em desespero, o momento de poderem festejar conquistas, uma mensagem cada vez menos auspiciosa. Tanto que, há já quem diga que a solução é voltar atrás e procurar novo capitão (já para não falar da facilidade com que um Rodriguez passa de “este gajo e o Moisés é que deviam ser os nossos centrais”, para “este gajo nunca devia ter sido contratado).

Eu não concordo que seja essa a solução. Já o tinha dito e repito. Despedir Domingos é deitar por terra um trabalho que ainda não vai a meio. É pedir um novo Carvalhal (o tal que agora muitos defendem, o tal que nos fez levar cinco e quatro de Porto e Benfica) e desbaratar seis meses de trabalho. É um trabalho que está a desiludir-nos? Sim, está, principalmente depois de ter-nos permitido criar tamanhas ilusões. Mas, porra, será que estas ilusões não poderão vir a efetivar-se com este mesmo capitão e esta mesma tripulação (mesmo que retocada)?
No fundo, apenas quero deixar-vos a minha posição: esta merda está a doer. É angustiante. Mas eu quero dar uma oportunidade a este grupo (treinador e jogadores) que me fez voltar a acreditar e a ter prazer em ir ao estádio.

Sunday(s) Bloody Sunday(s)

Quem acompanha o que aqui vou escrevendo, sabe que não votei em Godinho Lopes e também sabe que nunca morri de amores por Domingos. Não que questione as suas competências enquanto treinador, antes não engraço com a figura em si. Não seria, portanto, de estranhar, que assumisse o fim da minha tão mal tratada tolerância. Mas sinto, precisamente, o contrário: em minha opinião, seria um profundo disparate despedir Domingos. Aliás, fazê-lo, seria estar a dar de bandeja ao corrupto mor aquilo que fuga de Villas Boas não lhe deu tempo de conseguir.

E podemos seguir por aqui. Causa-me espanto, sinceramente, que no calor da azia vários Sportinguistas queiram vestir o papel de Mel Gibson e tentar convencer uma Julia Roberts imaginária de que o homem veio para o Sporting a mando do dito corrupto. Que é um tripeiro infiltrado, no fundo. Peço desculpa, mas como não sou a risonha Julia a minha resposta a essa teoria é um incrédulo “foda-se…”.
Não fará mais sentido pensar que o Domingos aceitou um desafio que, e sejamos sinceros, muito boa gente recusaria? Sim, treinar o Sporting é o maior desafio que pode colocar-se a um treinador a nível nacional. E, assim sendo, é também o maior risco que um treinador pode correr, nomeadamente se falarmos de um treinador novo que depressa pode ver ser colocado em causa tudo o que já tenha mostrado de bom. Mas treinar o Sporting é, também, a proposta com mais adrenalina. Porque tem que começar-se de novo, reconstruindo, sobre o arame, um puzzle com uma história tão brilhante e, ao mesmo tempo, tão complicada de ser-lhe dada continuidade.

É verdade que o que se passou em Olhão mostrou um Domingos desnorteado e a meter os pés pelas mãos. Mas seria de uma tremenda desonestidade dizer que o homem não tem mãos para este Leão de competição, quando, arrancando de trás (por motivos que nos deixaram revoltados mas que, agora, parecem já esquecidos) fez dez voltas em tão grande estilo que nos fez a todos acreditar que era possível vencer esta prova de resistência. Sim, é verdade que esse sonho se esfumou no futuro imediato, mas há outras corridas a conquistar. A primeira das quais, tão importante como levantar qualquer caneco, passa por não deixar quebrar o elo que voltou a criar-se entre equipa e adeptos. Muito sinceramente, eu acredito que Domingos será capaz de não mandar pela janela essa enorme conquista. Resta saber se ele e se os jogadores que ele comanda, também acreditam.

Idade da inocência

Mais a frio, depois da deprimente noite de quinta-feira, a primeira coisa que me apetece dizer é que deu um jeitão a louca ansiedade do Bojinov. Porquê? Porque, parece-me, mais grave do que o gesto do gajo (já lá vou) foi não sermos capazes de ganhar a um Moreirense que jogava sem seis ou sete titulares. Isto é o mais preocupante e é relativamente a isto que eu gostaria de ver explicações. Ou, se preferirem, como é que se expliqua que, num reveillon, passemos de 1 para 11 pontos do primeiro lugar?!? Que a equipa passe da pressão alta, mandona, colhões a encher os calções e a jogar como pedimos, como se viu na Luz, para esta equipa onde até a alma que já nos evitou dissabores maiores (Paços de Ferreira e jogo em casa com o Nacional para a Taça, por exemplo) parece eclipsar-se?!?
Ah, já sei, Rinaudo. Sim, tudo parece ter começado a tremer com a lesão de Fito, mas não passou tempo suficiente para termos alguém que permita aos dois outros médios jogar mais descansados, aos centrais não terem o peso de agarrar na bola, ao laterais terem a oportunidade de subir logo na construção? De cada vez que penso nisto surge-me no pensamento o exemplo do Milan e de Andrea Pirlo. Não podiam Elias, Schaars ou André Martins terem sido, desde logo, a opção para a máquina funcionar no primeiro momento de construção? (e, sim, eu sei que depois ainda ficámos sem Matias).
Ah, já sei, a equipa emperrou em termos atacantes. Mas será que temos que jogar sempre em 4-3-3? Será que não podemos prescindir de um dos médios e actuar com dois avançados?!? Será que não se justifica existir um plano b táctico que vá para lá de colocar o Ogushi a ponta-de-lança, de inverter os alas ou o triângulo de meio-campo?

Ainda assim, a julgar por grande parte dos comentários, importa é apontar o dedo ao Bojinov. Falemos, então, do Bojinov.
O búlgaro tem sido tudo menos um exemplo de mau jogador de balneário. Sempre que fala pensa no grupo, festeja os golos, sofre no banco, manda o Caixinha para o caralho quando reduzimos, frente ao Nacional. Teve, na quinta-feira, um acto desesperado. Um acto de alguém que precisa de mostrar-se e de sentir-se útil. Fez mal e correu mal, o que justifica um castigo e que lhe retira quase toda a margem junto da maioria dos adeptos. Claro que a imprensa aproveita, como fez, ontem, O Jogo, e escreve que o rapaz era olhado de lado no balneário para, no mesmo texto, dizer que ele era dosmais chegados a Ogushi e Wofswinkel. Come e acredita quem quer, não é? Como grita e pede sangue quem quer, e haverá quem aplauda a sua saída, como se aplaudiu a de Deivid e a de Pinilla, para depois meterem as mãos nos bolsos, a cabeça em baixo e dizerem que foi uma vergonha terem deixado sair esses jogadores.  E, no meio de tudo isto, volto a bater na mesma tecla. Foi um erro de gestão tê-lo deixado de fora contra o Braga, numa clara machadada na motivação que ele poderia ter perante a oportunidade de agarrar o lugar. Se se for, tenho pena. Sobretudo, tenho pena que pouco se tenha feito no sentido de dar a Alvalade a oportunidade de ver um dos jogador que eu fazia questão de ver, ao domingo à tarde, com a camisola do Lecce, na Rai1.

Mas sabem do que é que eu tenho mesmo pena nestas alturas? De ter crescido como adepto. De ter deixado aquela idade da inocência onde acreditava que qualquer Peter Houtman ou qualquer Eskilsson podiam ser os melhores avançados da Europa, que o Rodolfo Rodriguez ia defender tudo, que centrais como Pedro Barny ou Miguel podiam dar conta do recado, que o Ali Hassan podia fazer a diferença e que o Valtinho tinha o remate mais forte do mundo, ou que o Amaral tinha tudo para ser um craque e que o João Luís II e o Edel podiam ser armas secretas para resolver a partir do banco.
Naquela altura, qualquer homem que vestisse a camisola do Sporting tinha que ser defendido até ao fim como fazendo parte da melhor equipa e do melhor clube do mundo. Com eles, acreditava que ia ganhar sempre e quem dissesse e escrevesse o contrário tinha mais era que ir pró caralho. Mas, hoje, parecemos absorvidos pela constante vontade de duvidar. Até de nós mesmos, enquanto adeptos.

A lógica, a falta dela e vai mas é lamber um servette

Ainda ontem defendi que, por uma questão de lógica e de justiça para com os restantes elementos do plantel, João Pereira devia reflectir sobre a muita merda que tem feito, vendo o próximo jogo do banco. Ao olhar para a convocatória, vejo Arias e Pereirinha de fora o que, parece-me, implica que João Pereira venha a ser titular frente ao Moreirense. Estou totalmente em desacordo, tal como discordo da ausência de Rubio nessa mesma convocatória. E, a confirmar-se a titularidade de Ribas, começo a não perceber a compra de Bojinov. Se o treinador acha que ele rende mais nas alas, onde as opções são várias e melhores, se o treinador se mostra pouco interessado em ter um plano de jogo que inclua dois avançados, então que raio está o búlgaro a fazer no plantel?!?

Para equilibrar a balança, Domingos teve, hoje, uma excelente prestação na conferência de imprensa que antecipou o jogo de amanhã, onde nem perdeu a ocasião para afrontar as duvidosas declarações do Godinho (estas, sim, e depois da rábula dos imagens, ficaram aquém do exigido) e onde só faltou perguntar ao Luís Duque se ele acha mesmo que o Sporting não é um clube grande ou se o disparate que disse resultou de ainda estar a arrotar o jantar, numa combinação sonora que lhe toldou o pensamento (até me admiro como é que tamanha barbaridade não ganhou outras proporções na nossa bela imprensa desportiva).
Não vou estar a transcrever tudo, que, quem quiser, pode espreitar aqui e aqui, mas destacaria dois momentos:
– primeiro, a história: «No final do último jogo, houve dois jogadores do Sp. Braga que no acesso aos balneários me disseram: toma! Sabem qual foi a minha reacção? Positiva! A minha reacção, se calhar, na mentalidade de outras pessoas, seria: Hugo Viana, no Valencia não jogava, fui busca-lo, consegui levantar-lhe a carreira e hoje é um jogador diferente. Fogo, faz-me isto!… O Mossoró, era suplente utilizado com o Jesus, comigo fez um grande campeonato, teve uma grave lesão, fui visitá-lo ao hospital…, que ingratidão! Mas eu não penso assim. Penso que formei dois campeões e que aquilo é a minha imagem. E sabem o que quero? De hoje para amanhã quero ouvir o mesmo do Onyewu, do Van Wolfswinkel, quando eles estiverem adaptados a este campeonato, mas para melhor ainda, porque é assim que trabalho. Não fico chateado porque é esse tipo de jogador que quero, é isso que procuro no Sporting».
– depois, uma espécie de resposta ao reaparecimento de Costinha, em versão abutre. «[…] Dá-me a sensação que muita gente que por aqui passou fala de forma ressabiada e quem por aqui queria passar fala de forma injustiçada […] Estou aqui há seis meses mas quando sair do Sporting não vou dizer mal, tal como não disse em Leiria, Coimbra e Braga. Para este clube ser diferente temos de mudar muita coisa, para sermos grandes temos de mudar muita coisa, porque eu quero ganhar e quero dar alegrias aos adeptos»

Aliás, esta é uma carapuça que assenta que nem uma luva às centenas que se assumem como grandes Sportinguistas. Recordo-me de uma entrevista do Costinha, onde o gajo defendia que um dos maiores problemas do Sporting era o facto de haver tanta gente a opinar e sempre pronta a criticar de forma pouco construtiva. Ora, o que este palerma deste ministro (porra, acho que nunca uma alcunha foi tão bem dada) veio, ontem, fazer, foi precisamente contribuir para esse ambiente que, segundo ele, só serve para impedir o clube de ser cada vez maior.
Para ele, para os fadistas e demais artistas, quero mais é que vão lamber um enorme servette de duas bolas. Uma verde e outra branca. Para ninguém colocar em causa o seu sportinguismo.

Pesos, medidas e recadinhos

Nunca considerei bom ver um treinador enviar recadinhos aos jogadores durante as conferências de imprensa. Isso foi, precisamente, o que aconteceu nas duas ou três últimas intervenções de Domingos após os jogos.
Sou da opinião que a liderança deve ser exercida de outra forma. Que as “rabecadas” devem ser dadas em conjunto. E as críticas feitas individualmente.
É claro que há gente que tem que fazer mais e melhor (ou não, no caso de não saber e de estar no Sporting por uma gentileza do destino). O próprio Domingos poderá e deverá fazer mais e melhor. Mas creio que é dispensável alimentarmos as vozes envenenadas de vários meios de comunicação, para quem a desgraça do Sporting é motivo de destaque.

Ainda assim, e já que se repetiram os recadinhos, penso que um dos visados será claramente João Pereira. Não vou bater no rapaz, até porque isso seria simples (não posso com ele, acho-o um buraco a defender e considero inaceitável que tenhamos que colocar-lhe a braçadeira de cada vez que o seu comportamento começa a fugir ao aceitável), mas estou curioso para ver o que Domingos vai fazer. É que, depois de ter deixado Polga de fora e de ter perdido uma excelente oportunidade de tentar recuperar Bojinov (é a minha opinião, conforme puderam ler aqui), não haverá grande margem de manobra para não deixar o tal do João a reflectir no banco de suplentes.
Caso contrário, corre-se o risco de passar para o balneário a ideia de que há dois pesos e duas medidas.