Mais um mistério leonino

As lesões musculares. Umas atrás das outras.
De quem é a culpa? Do planeamento da preparação física? Do departamento médico? Dos jogadores?
Já agora, no caso do Pedro Mendes, e se a culpa for mesmo do… desgaste, agradecia que chegassem a um acordo que anulasse o último ano de contrato. Não estou para voltar a aturar isto durante a próxima época.

Olha lá, oh Paulo Sérgio

O que é preciso para tu deixares de colocar o Maniche a titular?
Para perceberes que a equipa não funciona com três médios de características idênticas?
Para assumires que o André Santos é o médio fisicamente mais disponível, logo, tem que jogar? (já para não dizer que tem sido o mais regular ao longo da época)
Para meteres na cabeça que isto é o Sporting Clube de Portugal e que jogar com dois médios de contenção (Mendes e Santos) é o máximo que os adeptos toleram?
Para te deixares de merdas e estabilizares a táctica num 4-2-3-1, onde a figura central do 3 seja sempre o Matías ou o Valdés?

No fundo, custa assim tanto dares uma imagem um bocadinho melhor da tua pessoa enquanto treinador de futebol?

Tótó, ranheta e facada

A imprensa desportiva. Esse fantástico ilhéu de irracionalidade, falta de critério, amadorismo e bílis. No passado, era uma companhia diária. Agora, é uma companhia sanitária. Nos sanitários. Os jornais desportivos – Bola e Record, porque o Jogo não é nada, na verdade – continuam a ser reis no cubículo mágico, onde os fracos fazem força e os fortes lêem qualquer coisa. E é lá que, nestes dias tristes de nevoeiro no mundo leonino, eu ainda vou para encontrar os bonecos que me ajudem a deitar cá para fora as coisas que já não pertencem cá dentro.

Não há alcunhas no plantel do Sporting. É o ponto mais relevante da entrevista (?) que os nossos melhores médios deram à Bola.

(a propósito do parêntesis acima, a ocasião para a entrevista aos nossos homens foi um evento promocional da Puma. Será que os senhores da Bola recebem “por fora” para promover isto… ou nem percebem que são instrumentalizados de forma violentamente vergonhosa…. percebem, claro que percebem. Eu é que não percebo como o alegado jornalismo deste pasquim ainda permite ser publicado sob essa designação…. Tirem-lhes a carteira profissional, digo eu!).

Bom, mas não há alcunhas no plantel do Sporting. Pela reacção do Pedro Mendes à pergunta, dá a impressão que nunca houve… hummm… acho estranho. Quem já viveu num balneário durante um ano inteiro (às vezes, basta a pré-época) sabe que as alcunhas são a coisa mais espontânea que pode haver a seguir às toalhas molhadas a estalar nas nádegas. “Ó zarolho, ó monga, ó mangalho, ó marreco, ó qualquermerda”. No futebol, então, o potencial de “Maradonas, Ronaldos, Messis, Zé Tós, Tó Marrecos, Pelés” é ilimitado. É instintivo.

Para mim, das duas, uma: ou o Costinha voltou a fazer das suas (e nesse caso, claro que há alcunhas, especialmente criativas para o Salazar da Costa, também conhecido como o Parvalhão)… ou o plantel não ri. O que é mais grave. Porque um plantel que não ri dele próprio, não se dá bem, não resolve as feridas e… não ganha. Basta lembrar as alcunhas que havia na época de 2000, de acordo com o que se foi percebendo em entrevistas de jogadores da altura.

Assim, o Cacifo resolve. E lança-se nessa recompensadora missão de criar alcunhas para os nossos heróis. Eu deixo três, para serem usadas à vez pelo Evaldo, o Postiga e o Maniche, os três jogadores que eu gostava de ver fora dali, os meus bodes respiratórios: os meus Tótó,  Ranheta e Facada.

PS: O Polga comprou uma nova casa na Expo, uma moradia, diz o CM (outra companhia sanitária de eleição). Porque pretende viver muitos anos em Lisboa. Tremam!

Começar de novo?

Pedro Mendes e André Santos fazem, hoje, capa de um dos desportivos, deixando uma mensagem de esperança e de confiança a todos os Sportinguistas dizendo, inclusivamente, que ainda acreditam no título.

Peço imensa desculpa por não acreditar minimamente nessa conquista, mas sou capaz de concordar que, efectivamente, há ainda muito ponto para ganhar. Começando por amanhã, claro, naquele que deveria ser o ponto de partida para uma segunda volta de acordo com o que ambicionamos para o nosso clube. Aliás, o Sporting que eu imagino ganharia os próximos quatro jogos (Paços, Marítimo, Naval e Olhanense) e receberia o Benfica embalado por 12 pontos conquistados.
Resta saber se somos capazes.

Areia para os olhos

Já tinha dito, na antevisão ao jogo com a Naval, que achava muito estranha a não convocatória de Pedro Mendes, ainda para mais quando o treinador dizia que não estava em condições de fazerpoupanças e que ia com os melhores a jogo.

Ora, passados dois ou três dias, eis que o cheiro a esturro saia da cozinha e chega ao nariz de todos os que conseguiram fechar os olhos a tempo de evitar o punhado de areia. Afinal, o rapaz não joga porque está a treinar de forma individualizada, gerindo o esforço e precavendo lesões que parecem espreitar a cada tufo de relva.

Vindo de quem vem, dá que pensar

Para ser honesto e independentemente das guerras que possa haver entre a, b ou c, não é agradável para um jogador de futebol, neste caso do Sporting, estar a jogar, estar a vencer e ouvir assobios constantes, sejam eles dirigidos à direcção ou a quem quer que seja. Deveria haver outro caminho para as pessoas demonstrarem as suas ideias ou a sua insatisfação. No último jogo em casa, contra o Lille, a vitória era importante para nós e, ao vencermos por 1-0, ouvimos assobios, isso não foi agradável, mas temos de nos abstrair e fazer o nosso trabalho. Nada mais podemos fazer“, Pedro Mendes, em entrevista ao jornal O Jogo.

O sistema

4-4-2
Foi desta forma que Paulo Sérgio pensou o Sporting 2010/11.
Sem 10. Com dois “médios elásticos”, Pedro Mendes e Maniche. E dois avançados.
Quando se pergunta o porquê do Sporting europeu ser diferente do Sporting para consumo interno, e para lá do facto de os adversários europeus não se fecharem lá atrás esperando um erro nosso para marcar e de nós só à quinta-feira parecermos perceber que o jogo começa ao apito inicial, esta história do sistema pode ajudar a perceber algumas das diferenças.
Poderá resultar, de quando em vez, de outra forma, mas é assim que sabemos jogar. Com dois médios centro, num falso lado a lado, e dois alas capazes de acelerar o jogo, de desequilibrar, procurando os dois avançados.
Por outras palavras, insistir em Valdés (ou outro do género) junto à linha, será sempre meio-caminho andando para a equipa emperrar. Aliás, se foi para ocupar essa posição que o compraram, estamos perante um erro de casting. Mas isso daria outro post…

F5

(carregar na tecla refresh)

Esta é a sensação primeira à saída do jogo de apresentação. F5. Sportinguismo refrescado, uma surpreendente sensação de ruptura com o passado recente. F5. Cinco pontos, todos sobre futebol, o novo futebol do leão.

1- Fora-de-jogo
2- Bolas paradas
3- Duplo pivot
4 – Artistas
5 – Liedson

Fora-de-jogo – A filosofia da defesa assenta toda na subida dos quatro jogadores, para “empurrar” o meio campo na pressão e, mais importante, para forçar o fora-de-jogo alheio. Risco alto, a exigir máxima coordenação da defesa. Nos primeiros 15 minutos, foi o caos, com dois defesas centrais – Tonel e Torsiglieri – fortes na marcação mas lentos e pouco coordenados. Depois, mudou a táctica e começou-se a sacar fora-de-jogos, foram quase uma dezena em meia-hora. Na segunda parte, a equipa defendeu toda e a defesa foi poupada (e o adversário ajudou).

Bolas paradas – Há trabalho. Ofensiva e defensivamente. Temos finalmente alguém a marcar livres e cantos com critério e colocação, há livres directos estudados e, mais relevante, a defender houve poucos buracos na primeira parte e só alguns na segunda. Com o tempo, a tendência é melhorar. Pior que nas últimas épocas é impossível.

Duplo pivot – O treinador usou três tácticas, mudando-as a cada meia-hora. Nos primeiros 30 minutos, um 4-1-2-3, com Pedro Mendes (capitão) sozinho atrás. Não resultou, porque abria demasiados buracos a defender (Maniche e Veloso sem ninguém para marcar, ficavam muito subidos). E a atacar, o meio campo não dava linhas de passe. Paulo Sérgio mexeu e mexeu bem. Tirou Veloso (patrão a falar com os companheiros, mas completamente fora da equipa) e meteu Matias, recuando Maniche para o duplo pivot com o Mendes. A equipa melhorou instantaneamente, a defender de forma mais agressiva e coordenada e, a atacar, com dois “registas” alternados a alimentar, com futebol directo, os três artistas. Imagem que vale mil palavras: Maniche e Mendes saíram abraçados ao intervalo, a corrigir posicionamentos: são eles os novos líderes futebolísticos da equipa. Haja saúde…

Artistas – Vuk, Matias e Valdes. Durante os últimos 15 minutos da primeira parte e os primeiros cinco da segunda, o Sporting  jogou à bola. Com Maniche a dar uma dimensão nova ao futebol da equipa, a procurar jogar rápido e nos espaços vazios. E a procurar os artistas: Matigol, Vuk e Valdes, três jogadores que correm com a bola e ultrapassam adversários com facilidade. Valdes foi o melhor, mas também sem “bagagem negativa” com os adeptos. Matigol a distribuir mas ainda sem finalização. E Vuk, um renovado Vuk, pressionante, mais colectivo, sempre em diálogo com o treinador e na direita, como quer. Esta é a melhor versão do Sporting 2010-2011. É a luz ao fundo do túnel. Tem tudo para dar certo, com alternativas como Izmailov (???) e Salomão (está ali um Nani, se ele quiser e o deixarem). Tudo isto é muito giro, mas há um pormaior: Liedson

Liedson – É o herói incontestado de Alvalade. Está sozinho no coração dos adeptos. Basta entrar no relvado em direcção do banco para ser aplaudido e celebrado. Pode ser um problema. No estádio percebeu-se que não gostou de entrar a cinco minutos do fim e “obrigou” o preparador físico a confortá-lo quando Paulo Sérgio lhe disse que entraria daí a dois minutos. Mas, depois, entrou e viu-se logo. A equipa cresceu imediatamente. Mas já em 4-4-2, que tinha sido introduzido aos 60 minutos, com a saída do Matias e a entrada do Postiga e do Salomão. A grande incógnita deste Sporting é o entendimento geral entre Paulo Sérgio e o “cabeça de cartaz” da equipa. Se o treinador convencer o Liedson a jogar sozinho (precisa de trabalhar porque não sabe fazê-lo), a equipa ganha dimensão. Se for “forçado” a jogar no 4-4-2, a ladeira fica mais íngreme.

Fez-me bem ir a Alvalade. As primeiras impressões assustavam (estádio tenso, anti-clímax na apresentação, habitual ambiente de festa artificial) mas, com o tempo, a coisa foi-se compondo. A equipa ajudou. Há um novo Sporting. Ainda sobram “maçãs podres”, o Veloso, o Djaló e o Patrício parecem estar a mais. Involuntariamente, mas são os rostos de um passado que está a ser rapidamente enterrado. Polga sobrevive, Liedson é Liedson e o Vuk pode voltar a ser o Vuk. Falta outro médio centro, outro “artista” e um gajo que marque golos (o Pongole parece mais fresco, mas não rematou…). E um guarda-redes, se a Juve Leo continuar a assobiar o Patrício (outra sintonia com a direcção?).

“O Maniche, o Maniche. Que se foda o Moutinho, nós ficámos com o Maniche”. É o novo cântico da época. Um exagero emocional e claramente em sintonia com a direcção, mas ficou-me na cabeça. Como símbolo do novo Sporting, assente na rodagem de jogadores experientes em detrimento das bandeiras de jovens-velhos. F5. Refresh, o novo Sporting vem já a seguir, para o bem ou para o… costume.